#AFORISMO 866/ ALUMIAR O QUE SE ACHA NAS OBSCURIDADES E OPACIDADES?#- GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Dôo-me às quimeras gélidas!
Verbo-filosófico - a selvagem sabedoria da perene angústia da verdade e
hipocrisias, da solene náusea das cretinices e nesciedades fica prenhe em
solitários cupins, em ásperas pedras dá à luz o mais novo de seus rebentos, a
leoa sabedoria que ruge com delicadeza e ternura, e não há ginete que não
troteie à mercê da marcha cadenciada das regências e concordâncias da
perquirição e utopias do sublime.
Entra-me uma revoada de memória na alma. A imagem vem postar-se ante
mim, acompanhando-a eu em todas as perspectivas, em todas as suas visões, em
todos os seus ângulos, sem perder o ar de riso sublime, sem perder a fisionomia
de alegria solene, a face resplandecente de revelações mágicas do absoluto. Às
vezes, enquanto a contemplo, vejo-a inclinar-se, revelando alguns sonhos que,
porventura, desejara realizar e me tornassem diferente de quem sou, diferença
esta que, em princípio, sugere a de sentir dimensões da alma e do espírito que
alguns homens sentiram presentes em suas vidas, registraram-lhes, mas, ao longo
dos anos, outros homens também sentiram, mas não registraram, e, de repente,
surjo eu em cena quem também as sente, tendo o dom das palavras, revelo-as, mas
sendo sincero com a diferença existente entre mim e o verbo perfeccionante do
tempo.
Parvo crocitar tateia do mundo a realidade da língua. O som existe no
coaxar ab-surdo, no gralhar des-coordenado e in-forme, no cricrilar
altissonante e des-afinado. Toda a gralhada alheia passa por mim – a claridade
turba-se, certa im-potência atinge a pronúncia, labirinto de caminho
im-previsível.
Sinto-me em um oco imutável, sub-merso em um tanque gélido
in-subordinado de cerrações. Meu espírito sumido sob a maciça série de
in-diferença que resgata o tanque do bosque faz-me apregoar a devoção da
querença da bonita sereia que um dia essa ânimo viveu.
Entrego-me às sorrelfas de res-soar tanto no presente quanto no passado
o suspiro dos in-surrectos, proscritos, hereges.
Poesia da filosofia - e a coruja canta no silêncio da noite a
linguística das querenças do belo sublime, da suave beleza da sabedoria que
sacia a sede do pleno plen-ificado de outros uni-versos do verbo que à lareira
verseja as chamas dos idílios do silvestre porvir da floresta de místicos
mistérios do eterno.
Filosofia da poesia - no alvorecer, o canto dos pássaros saudando os
raios numinosos do sol, a natureza que diviniza o panorama de estesia simples e
inocente, a estética do sublime, que gerundia de éritos do tempo os abissais
sonhos de sabedoria e sapiência, a consciência-estética-ética, Ser e Verbos...
Na amplidão de longínquos pret-éritos presentes na memória, o prazer de
re-versos desejos, o clímax de in-versas vontades, a extasia de ad-versas
visões-do-espírito, de re-vezes às antemãos...
Poesia-pensante - a idiossincrasia do eterno esquecida no tempo, a flor
de cactus presenciada nos alvores de outro ser do verbo, que me alimente de
outros sub-juntivos e gerúndios do saber-verbo-uno, do verbo-uno-saber,
uno-saber-verbo das buscas e querências, a miríade de luz de minh´alma res-plende
de nonadas a luz das travessias, assim vou per-filando ou per-formando as
poeiras das estradas à luz do picadeiro de gargalhadas, os pós que cobrem os
móveis de casa velha, do palco de desejâncias da leveza do ser, da choupana de
dia-lécticas e contra-dicções, precisamente na porta de trás, de onde se
ad-mira a lua enamorada das estrelas.
Num compasso de des-lumbramento, igualmente, ad-vogo a luminosidade
argêntea re-flectindo sobre as linfas! Como gratular à claridade que nos legam
os coriscos para alumiar o que se acha nas obscuridades ou na opacidade? Como
ser fidedigno às linfas que nos extinguem a sofreguidão, percebendo, desde
entretantos e até entre tantas comoções, sensibilidades, padecimentos e mágoas,
exultações e enaltecimentos?
(#RIODEJANEIRO#, 14 DE JUNHO DE 2018)
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