#AFORISMO 906/ O ONTEM DE AMANHÃ NÃO PODE SER OS PRETÉRITOS DO PORVIR# - GRAÇA FONTIS: FOTO/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
POST-SCRIPTUM
E com certeza! Lembra-me 28 de junho de 2016, quatro dias antes de
embarcar na Rodoviária de Curvelo, rumo ao Rio de Janeiro, viver com Graça
Fontis a nossa vida, escrevi este texto. E quando estava subindo o primeiro
degrau do ônibus, disse-me em voz baixa "O ontem de amanhã não pode ser os
pretéritos do porvir". E não mesmo. Hoje, véspera de segundo ano de nossas
vidas de amor e artes, sentimo-nos realizando juntos os nossos sonhos das Artes
e vida conjugal.(Manoel Ferreira Neto)
Reversos in-versos re-vestidos de imagens dúbias plen-ificadas de
pers-pectivas a trans-cenderem o efêmero e o eterno, vazio incidindo-se no
espelho retros-pectivo do pretérito, intros-pectivo do amanhã, o vir-a-ser.
Ad-versos re-versos re-performados de performances ambíguas
cristalidades de oportunidades a contingenciarem os projetos e o passageiro,
com a náusea nas retinas faiscando as imagens do porvir, refletindo o futuro e
suas dialéticas e nonsenses, suas contradições e travessias.
Sei lá não sei. Quiçá de imagens re-versas aos in-versos dúbios,
revestindo pers-pectivas nadificadas do efêmero e do eterno, o vazio
trans-elevasse o pretérito incidindo no espelho a intro-specção do vir-a-ser, o
verbo nada-do-ser a-nunciasse o ab-soluto da esperança, o divino da fé. Conjuntura
da vacuidade perpassando a alma, o seu eidos, sarapalhando sentimentos e
emoções, sapateando os ritmos e melodias das utopias e sonhos, todas as
dimensões sensíveis ao léu dos ventos, à mercê dispersa do genesis e
apocalipse, às sara-palhas do longínquo que se torna próximo, presente, o
próximo, presente tornando-se longínquo, esta dialéctica é eterna, o leitmotiv
da vida, dos sonhos e utopias.
Estou indo embora.
Indo embora de mãos entrelaçadas com você, coração, sem versos, sem
estrofes, sem palavras e prosas, com a mala de nossas esperanças todas na
felicidade plena. Uno-verso de nós. Verso-Uno de nós.
Nada simplesmente. Sinuosas trilhas oferecem outras experiências,
vivências, outros encontros, outras realizações, inter-ditos que des-velam segredos
e mistérios, o olhar se estende livre pelo in-finito, a falta do ser se mostra
nítida e o sonho da compl-etude se mostra aberto às dialécticas do tempo e do
ser, contra-dicções do verbo e do tempo, nonsenses do nada e o vento.
Mais difícil atingir a intenção-verdade que habita o ab-soluto na sua
iríada eidética do sublime e estético, o que é nadifica o ser, o que não é
efemeriza o tempo. Ventos assobiam no abismo, na in-audita avalanche de neve
percorrem os declives dos morros uivantes. Presença incólume, insofismável de
recursos e estratégias outras para o mergulho nos interstícios do absurdo que
reside na alma.
Estou indo embora.
Indo embora de mãos entrelaçadas com você, coração, sem versos, sem
estrofes, sem palavras e prosas, com a mala de nossas esperanças todas na
felicidade plena. Uno-verso de nós. Verso-Uno de nós.
Os prazeres do questionamento são ilimitados, o olhar de tudo o que
trans-cende incidido na contingência do instante retina o há-de-vir na borda
das luzes que iluminam os passos nas trevas enigmáticas até as travessias dos
in-auditos às verdades do silêncio que identifica o ser-solidão, o ser-só, o
resto é andar no meio, por entre os homens. O nós do ser: verdade e busca do
amor...
Ah, coração! Recomece a sentir os raios numinosos dos desejos no
alvorecer das manhãs de inverno, o frio sempre aquece sentimentos e emoções, a
força do amor liberta o verão de suas seguranças, tem poder de mover as
montanhas - quê friozinho gostoso, a vida aquecida sem a presença da lareira.
Solidão, silêncio são inspirações, são motivos para escrever os versos e
estrofes do sublime. Pulse o orvalho do inverno no seu íntimo, sinta o calor de
entregar-se ao frio das contingências, passeando nas alamedas de buscas,
vontades.
Letras in-versas, palavras re-versas são pedras de toque para mergulhos
profundos nos interstícios das verdades inauditas, mesmo que dores inomináveis
se presentifiquem, mas o arco-íris da vida se mostrará pleno, suas cores
brilharão cintilantes.
Trilhei, coração, sendas e veredas, estradas, nada me é agora das
vivências, e este frio habitando-me os recônditos da alma aquece o que há-de
vir, as esperanças que trouxe desde a eternidade em mim só agora sinto que é
tempo de realizá-las com perfeição, apesar das imperfeições.
Estou indo embora.
Indo embora de mãos entrelaçadas com você, coração, sem versos, sem
estrofes, sem palavras e prosas, com a mala de nossas esperanças todas na
felicidade plena. Uno-verso de nós. Verso-Uno de nós.
Se me questiona enfim estou amando, sou-me amor no verbo de mim, agora
vejo com transparência o horizonte além dos uni-versos, só posso res-ponder-lhe
que sim, o meu coração feito de sublimes inspirações está aberto àquela
eternidade das páginas brancas: "Vivi o para quê fui vocacionado".
Mas amar apenas não significa coisa alguma, nada diz, se não contemplar
o in-fin-itivo in-finito da entrega plena à busca da verdade do espírito, o
eterno de ser.
Ser e amor, almas gêmeas, um feito para o outro. Trilhei caminhos, fui
revoltado, fui rebelde, fui carente, levantei a bandeira dos orgulhos,
vaidades, poder, um calor sem precedentes, o ontem de amanhã não pode ser os
pretéritos do porvir, hoje o frio, o friozinho delicioso de um amor que aquece
o ser de meus verbos.
Estou indo embora.
Indo embora de mãos entrelaçadas com você, coração, sem versos, sem
estrofes, sem palavras e prosas, com a mala de nossas esperanças todas na
felicidade plena. Uno-verso de nós. Verso-Uno de nós.
O ontem de amanhã não pode ser os pretéritos do porvir.
(**RIO DE JANEIRO**, 28 DE JUNHO DE 2017)
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