COMENTÁRIO SOBRE O TEXTO DA MESTRA RITA HELENA NEVES /**EU E O TEMPO**/ - Manoel Ferreira

EU E O TEMPO

Rita Helena Neves

Seria que ec-sistisse somente um Tempo - tempo das passagens, tempo das travessias, o tempo objetivo. A escritora Rita Helena mostra com excelência existem Tempos. Tempo da descoberta do mundo, tempo das brincadeiras, diversões, ilusões do tempo. Mas vai passando, vai passando. Transforma-se no tempo dos sonhos, das utopias da vida, das buscas do amor, da felicidade, da alegria. Tudo são volúpias, êxtases, o mundo é mágico. Este tempo vai passando, vai passando. Transforma-se em tempo de preocupações, de desejos de realizações, a vontade viva da conquista do Ser. Estas transformações parecem brincadeiras sem graça, não deixa a mínima chance, agarrado ao pé sem largar minutinho sequer. A escritora pede ao tempo tenha paciência, largar o pé dela, deixá-la viver, deixá-la degustar a vida, deixá-la livre para voar por todos os horizontes e uni-versos, sentir-se a si mesma. Quando chegar a hora dela - a hora de despedir-se da vida, do mundo -, que ele, o Tempo realize a sua missão. Enquanto não chega esta hora, ela quer liberdade, liberdade de ser, liberdade de viver, liberdade de conquistar os sonhos, as esperanças.

Seja o tempo objetividade, mas a escritora é pura subjetividade, e ela deseja mergulhar nesta subjetividade e aflorar o "ser" que lhe habita, sem o objetivo no seu encalço.

Manoel Ferreira Neto.

Eu e o Tempo.

Faz algum tempo que tenho tido a impressão de que o Tempo anda me perseguindo. O Tempo anda zombando de mim...

Houve um tempo em que o Tempo era meu amigo, companheiro dos meus sonhos e até dos meus mais puros ou loucos devaneios. O Tempo era bom demais comigo! Brincávamos juntos, sem medo um do outro. O Tempo, muitas vezes, até achava graça de me ver perdendo tempo com futilidades! E eu nem me importava com Ele. Éramos cúmplices!

Ultimamente, porém, Ele, o Tempo, tem sido duro comigo: implacável! A todo o tempo, o Tempo se faz presente em meus momentos, por mais passageiros que sejam os meus instantes de felicidade!

É como se o Tempo quisesse me lembrar, a todo o tempo, que, Ele, o Tempo, urge!

Ah! Tempo! Deixe-me viver em paz! Pare de me atormentar!

Deixe-me viver da esperança de que muitos sóis hão de brilhar, ainda, em minha vida....

Venha me lembrar da Sua soberania apenas quando chegar a minha hora.

Mas, espere a ordem de Deus!

Enquanto isso não acontece, vá para longe de mim, viver com o seu amigo, o Vento, que tudo leva embora, inclusive Você, ouviu Tempo¿!

Rita Helena Neves