GRAÇA FONTIS PINTORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA COMENTA O POEMA #PORÇÕES ALMÁTICAS DE MIM#
Manoel
Ferreira Neto agora sim, tudo explicado dá para entender sua insatisfação meu
querido... imagino até algo incorpóreo, quando você quer escrever algo
intuitivo e já concretado na mente e aparece o não pensado... estranho, mas o
importante é que ficou lindo amor! PARABÉNS 💋💋💋💋
Graça Fontis
Sim, a
insatisfação se fundamenta nestes termos da idealização da INTENÇÃO, e a obra
inda na sua composição não haver correspondido, e toda a labuta de dois dias
para alcançar a INTENÇÃO sine qua non me não fora possível.
Em verdade,
nos estudos acadêmicos universitários no que diz respeito à análise de uma obra
a primeira coisa a ser delineada é a INTENÇÃO do escritor, do poeta antes de
produzi-la, o que mesmo desejava, ansiava, aspirava produzir, logo após este
delineamento vem a Intenção da obra em si mesma. Poucas são as obras que
correspondem à Intenção do escritor, do poeta, apenas miríades dela se
apresentam, patenteiam-se, o que prevalece então é a Intenção da obra. Assim,
na análise e interpretação acadêmica universitária deve-se comungar as miríades
de Intenção do autor e as da obra para realizá-las.
De um modo
mais simples de explicar isto... Até um certo ponto da escrita a pena responde
à Intenção do escritor, do poeta, mas a partir daí ela toma a mão deles e o que
escreve a obra é a pena, escreve-a sozinha. Daí surge a dificuldade de
entendimento disto: como pode a pena escrever a obra, quem a escreve é o autor?
A questão da trans-cendência: as idéias, os pensamentos, a intuição, a
percepção, dons e talentos, a inconsciência vão além da realidade, da
contingência, entram na dimensão da metafísica, do inaudito, do incognoscível,
do ininteligível, tornando-se a obra ela mesma, torna-se a sua própria vida.
Aliás, isto explica com categoria o fato de nós os escritores e poetas sabermos
o mínimo do que criamos, das obras que produzimos.
Deveria ter
respeitado a mim próprio nesta obra: sei perfeitamente que quando projeto,
planejo um texto, nada projetado, planejado se realiza na obra pronta. Tenho de
escrever sem nada projetar, planejar, deixar a pena escrever por si só. Teimei
com esta realidade, o resultado foi a insatisfação, a Intenção se perdeu,
esfacelou-se, mas as intenções da obra mesma se tornaram mais pujantes e
contundentes, estão presentes em cada palavra, em cada vírgula e ponto. Serviu
de grande experiência para não mais querer ser acima da pena, da obra. Tenho de
assumir que sou apenas um objetozinho minúsculo diante delas, nada mesmo frente
aos poderes da Literatura e da Poesia, mesmo com os conhecimentos eruditos que
possuo. Assim, isto de fama, sucesso, renome é balela do escritor, do poeta: o
que deve colocar a melancia no pescoço e sair desfilando pelas ruas e avenidas
são a obra, a Literatura e não o mero escritor e poeta.
Mas relendo
algo realizei: realizei a Fenomenologia Subjetiva do Outono.
Beijos no
coração, minha Rainha.
Manoel
Ferreira Neto
#PORÇÕES
ALMÁTICAS DE MIM#
GRAÇA
FONTIS: PINTURA
Manoel
Ferreira Neto: POEMA
Caliente o
olhar à distância, os sentimentos íntimos florando na floração do espírito, de
êxtases e clímaces, de ex-tases do eterno, a eternidade não é intemporalidade
nem duração perpétua, porém a profundidade do tempo como manifestação
"histórica" da "existência", a-colhendo e re-colhendo,
sereno, o há-de ser da alma-verbo, eivada de regências, vislumbrando os
in-fin-itivos do uni-verso, con-templando o in-finito resplandecido de
constelações. De no ou-tono vindouro, no fundamento do ser a hora fulgura às
margens do in-verno, constrangendo as solércias do íntimo,
aconchegar
de carícias, toques do espírito gélido.
Verdade da
esperança: inverno aconchegante, outrora de ex-pectativas de olhares ternos,
suaves, ou-trora de indecisões, medos, tristezas, angústias, imaginações,
fantasias, quimeras, de sensibilidade, subjetividade, espiritualidade...
Sereno o
desejo de perspectivas lívidas no templo sem tempo de in-fin-itivas regências
do verbo de o in-verno a-conchegar no frio terno as carências. Música breve,
alfanje de sono e sonho ante a falange das nuvens de passar esquecidas,
espírito dos ventos suaves esplendendo orvalhos no solo ardente inda de verão,
esplende as primeiras luzes deste tempo, entre o ser e as coisas, porções
almáticas de mim jamais antes nem jamais mais aferidas em sua irreverência portenta.
Vem-me do espaço vazio, do silêncio eterno, da grande lua que vai subir no
horizonte. Vem-me do sangue envenenado pela interrogação que não ousa, desde a
primeira hora em que o primeiro homem se interrogou. A lua vai subir. Um
instante apenas, escuta.
Verdade da
alma que ausculta o pulsar do coração, pulsações serenas, tranquilas, fluxo de
ideais que floram as flores do eterno, exalando o perfume do há-de ser
inolvidável, presente
de passear
no quintal arborizado, sentindo-me pleno na estação do silêncio afogado, de na
madrugada, clima suave,
tecendo o
Ser de palavras-alegria breve...
Ou tons de
cortinas pardas, de céu neutro, basta olhar poucochito à distância flutuo sobre
o verde sombrio, não verde bosque, o verde além-do-verde, a cor é o existente,
o mais falácia. Os tons do ou-tono se apresentam no crepúsculo. À lareira de
chamas fictícias da entrega lúdica, da cáritas aguardando a regência do
ser-uno. Entoam melopeias, ingênuas. Metamorfoseio-me em felpa de alvura para
conduzir reverência à existência.
Perpétuas as
esperanças de no outono-inverno esplenderem livres o soneto, soneto-vento, a
versarem silêncios, soneto-neblina a ritmar a solidão, soneto-espetáculo do
mundo, feito de mar e metafísicos bosques; de sonhos abraçar aconchegante o
sentimento, a emoção, a sensação da plen-itude e entrega do amor, do afago, de
afeto, re-vestido da cáritas, esplendendo ao longo do silvestre as lâminas de
refulgentes cores do arco-íris, as miríades de inspiração da verdade na calda
do cometa que transpassa os portais do horizonte, as luzes fosforescentes da
poiésis, versejando o divino com as notas musicais do efêmero, versificando o
perene com o nada Infinito do Ser, além de todas do Amor-Eterno, impulso,
desejo, verdade in-versa que olha a última cintilância da Estrela Polar.
#RIODEJANEIRO#,
21 DE MARÇO DE 2019#
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