#ARREBIQUES ABRINDO ESPAÇOS E CAMINHO# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA
Pós vazios
de quimeras, fantasias
faminto de
alma que se con-sinta
a re-colher
em si a face sensível,
a imagem de
luzes que não cegam.
Pós
devaneios, desvarios de verbos
A morte e o
silêncio da morte
são as
únicas coisas certas
e comuns a
todos,
no futuro
Pós
silêncios da alma em algazarra
paciência,
tranquilidade
e desdém
pelas
vaidades fortuitas
são-me tão
inerentes
quanto a
finesse na glória
e a
indulgência
para com as
miríades de vaidades
de todos os
vencidos
São tão
fortes as coisas!
A hora
intuída, o instante percebido,
esmigalham-se
em cinzas
na rua
O ar da
noite é o estritamente
mister
para
continuar, e continuo.
Todo tempo
só em ser-tempo é fim não começo.
O tempo
engendra a morte,
e a morte
gera os deuses e,
plenos de
esperança e medo,
oficiamos
rituais,
inventamos
palavras mágicas,
criamos
idéias esplendorosas,
fazemos
poemas,
ridículos
poemas que o vento mistura,
confunde e
dispersa no ar...
O gume de
minha navalha
está ficando
cego?
Não entendo
porque o que sinto
agora
é indizível,
inexprimível,
é uma
sensação
de por trás
do
pensamento.
O tempo é
uma invenção da morte:
não o
conhece a vida – a verdadeira –
em que basta
um instante de versos e estrofes
para nos dar
a eternidade inteira,
a infinitude
plena,
a
efemeridade do re-nascer
cheio de
outras ilusões e verdades.
Inteira,
sim,
porque essa
vida eterna somente por si mesma
é dividida,
dividida
entre as contingências e os ideais.
Evidência de
alegria final nos limites da condição,
nitidez de
posturas e gestos
que
re-nascem das cinzas
das utopias
de consciência e sabedoria.
O nada
inimaginável,
a impensável
destruição do absoluto que sei,
do efêmero
que desconheço,
quem sabe
conheça,
não o saiba,
simplesmente
re-presente o fogo,
as chamas do
verbo “ser”
nas
imanências dos desejos,
de minhas
mãos que se elevam aos céus
de todas as
paisagens e panoramas,
rogando a
plen-itude e subl-imidade do eterno
“enquanto
dure”,
tendo mais
bem sido,
se o
conhecer viesse primeiro
que o saber
de estrelas e paisagens
que fecundam
o espírito de outros amanhãs
e outras
noites,
de outras
madrugadas e alvoreceres,
que inundam
a alma de outras querências,
de águas
iluminadas pelos raios do sol
que nelas
incidem,
enquanto
seguem o seu itinerário,
abrindo
espaços e caminhos,
de outros
arrebiques do belo em barrocas
tardes de
chuva fininha ou de sol incandescente,
de outros
longes e longitudes a abrirem
plen-amente
as nuvens brancas dos
desejos,
azuis das esperanças,
amarelos das
utopias,
verdes da
fé,
o que não é
in-diferente e se me impõe como a única verdade
que de mim
irrompe,
o que me
afirma uma totalidade de ser,
o que me
coloca numa posição bem confortável
de
in-finitude e im-ortalidade,
o que me
define e é a própria realidade de ser sendo,
estar-sendo,
penso eu,
é
consciência de meus caminhos do campo
e é busca de
outros versos do sim e do não.
#RIODEJANEIRO#,
11 DE MARÇO DE 2019#
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