#ÁS PATAVINAS DA VETUSTEZ'# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA
"A
liberdade que é minha, sou quem a faz e constrói, artificia não passa pelo
decreto-lei arbitrário, pela emenda gratuita e ridícula dos
outros."(Manoel Ferreira Neto)
Conspícuas
letargias de situações re-versas de oblíquos pretéritos, in-versas de
circunstâncias obtusas, a preguiça insólita e irreverente de fazer qualquer
gesto com o corpo inteiro, parado, olhando as coisas e os objetos, a mudança de
estação, o outono acaba de despertar, amanhecer, a natureza, os pássaros, o
calor deixou sua lembrança de excesso, não precisava tanto, havia 97 anos que
não fazia esse calor de agora, e mesmo que feche os olhos a mente elenca outros
tempos e outras babugens das virtudes escusas, valores promíscuos, por um tempo
apenas a paradez do corpo, a mente desagrilhoada dos dogmas, preceitos,
mentiras, trafulhas e tramóias, que disparidade existe entre o vago de
hodiernamente e a patavina da vetustez?
Não seria de
certo modo e maneira censurável em nível do cinismo desmesurado dizer que a
patavina da vetustez traz o semblante triste, ensimesmado, a fisionomia
circunspecta e introspectiva nas evidências indecentes e viperinas, nas
aparências hipócritas e promíscuas, sobretudo e além de... das reverências.
Esqueceu-me o termo melhor se encaixaria, ou é simplesmente a preguiça de
espremer os miolos até que a palavra se mostre novamente e possa neste estilo e
linguagem reverberar a luz das intenções, aquela pitada caprichada de malagueta
para atiçar e instigar os instintos a devolverem-ma, careço dela para completar
a idéia e o pensamento, atrás deles patentear o para quê venho, eu que abomino
estar nas bancas e livrarias a vida particular, íntima, nos mínimos
"tim-tim" as explicações e justificativas as mais descabíveis, o dito
são apenas miríades do iceberg, um réprobo das falácias e das falésias querer a
todo custo romper as barreiras, fronteiras, atravessar abismos na ponte
movediça, bosques, florestas, matagais, rios, mares, pois que as coisas se
revelam plenamente se a heresia aos tempos se fizer continuamente, e a resposta
não é outra senão a de herege, oponho-me categoricamente, não radicalmente, às
opiniões formadas, estabelecidas, firmadas, desde quando se lhes formam,
estabelecem, firmam, desde quando se firma em cartório a heresia, o réprobo das
falácias e falésias, eis o para quê venho.
Inda se
intencionar rasgar o verbo acompanhado de todas as conjugações nos devidos
trinques do significado dos modos verbais, psicodélicos os frutos que geram, na
ruína, nos escombros do nosso tempo, vejo, in-vestigo se posso escolher o mais
importante deles, os pretéritos indicativos e subjuntivos, os gerúndios,
particípios, o que trazem no bojo, algibeiras, às patavinas os alforjes.
Evitarei assim o ridículo de chorar a perda de um alfinete numa casa que me
ardeu.
As cortinas
do leito fechadas, banhadas pelo sol que já vai alto, tenho medo de reavivar a
minha dor. Tantas coisas quero dizer, mas aqui fico, mudo! Emagreço, não pelo
vinho
Nem pela
tristeza do outono. Quando todas as vozes se calam, silenciam-se, a lua desce.
Minha amada
companheira de todos os momentos tem palmeiras, tem regatos, tem até cascata,
tem bosques, tem mar, tem praias, tem a cama onde sonamos os sonhos, e as aves
que nos bosques gorjeiam são como harpas, cítaras e flautas de prata. Não
permita a Vida que eu viva perdido noutros caminhos, sendas, veredas, sem gozar
das alegrias, contentamentos, prazeres, ex-tases e êxtases que se escondem em
seus carinhos, afagos, carícias, toques, entregas, sem me perder nas palmeiras
onde cantam os passarinhos, às patavinas a inverossimilhança, sabiá de palmeira
não canta, e para o poeta Gonçalves Dias, ou melhor, o seu sabiá de palmeira
canta, e re-versando as inversões, vis-à-vis, vice-versa, das
inverossimilhanças, se isto é arte perquiro irreverente e insolente, acredito
ser mais escutar a alegria dos pássaros. Não penso, que é sacrilégio. Herege
apenas, sacrílego de modo algum, a liberdade que é minha, sou quem a faz e
constrói, artificia não passa pelo decreto arbitrário, pela emenda gratuita e
ridícula dos outros, desconhecê-lo é sacrilégio.
#RIODEJANEIRO#,
20 DE MARÇO DE 2019#
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