**PERGUNTAS ANTES DE QUAISQUER PERGUNTAS** - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
O que é silêncio sem a solidão? O que é o verbo sem o infinitivo? O que
é o ser sem o tempo? O que é o não-ser sem o nada? O que é a vida sem o amor? O
que é o homem sem a luz? O que é o fim sem a esperança? O que é o arrebique sem
o ornamento? O que é o cafundó sem as pre-fundas? O que é o sentimento sem a
música que o ritma e sonoriza? O que é o amor sem o sonho do verbo? O que é o
olhar sem o horizonte a ser visto? O que sou sem você para me orientar nos
caminhos para o infinito? O que sou sem as letras que me literalizam,
trans-literalizam? O que é o alvorecer sem os primeiros raios de luz? O que é o
verso sem a poesia do amor? O que é a morte sem a vida? O que é o desejo sem o
prazer de senti-lo? O que é o sibilo do vento sem o olhar para o uni-verso do
som? O que é fumar sem con-templar a brasa e a cinza? O que é a razão do homem
sem a sensibilidade da mulher? O que é o útero da palavra sem a concepção do
verbo? O que é Ana Júlia Machado sem a sua espiritualidade que mostra ao mundo
a alma da vida? O que é Graça Fontis sem a imagem da eternidade dos sentimentos
e a alma dos desejos e sonhos, o espírito da entrega, o eu-plástico da verdade?
O que é a pintura sem a poesia? O que é a canção sem o ritmo? O que é a água
sem a sede?
Abro a porta da sala de estar e con-templo a manhã que está alvorecendo,
imagino-me passeando num campo de lírios e orquídeas.
(**RIO DE JANEIRO**, 30 DE ABRIL DE 2017)
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