#AFORISMO 703/DO CALOR DO SANGUE DA ARTE# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
O infinito ou o Absoluto espera-me ainda do mesmo modo, a Arte realiza a
presença deles no particular que os exprime, mas o Absoluto é meu e a Infinitude
é de mim, do "mim-mesmo" que é só sorrelfa da eternidade da alma. No
estrito domínio humano nada do que o excedia se perdeu e a Arte foi ainda o
substituto divino. Emoção única, tão indizível, nós compreendemos bem que o seu
excesso apelasse para um mais do que ela e irresistivelmente se desse um nome a
esse excesso. Frêmito estranho, ele revela o seu indício quando a obra não está
ainda aí a justificá-lo e uma vasta extensão dele re-entra assim no domínio
artístico. Porque a obra de arte é a corporização desse abalo original, a
encarnação dele em realidade sensível, é a verbalização dele em ser. Quando a
obra surge, o frêmito condensa-se nela própria e ela funciona assim como o
ponto de partida para a sua recuperação. Mas a emoção que está nela e nela se
concentrou é uma possibilidade realizada para outro arranque possível, porque a
emoção é o próprio apelo do homem, porque o sentimento é a própria evocação do
indivíduo, do calor do seu sangue. Eis porque, tocados do sopro humano, mil
realidades da vida podem reerguer-se ou aprofundar-se no que as habita. Ao
olhar divino do homem, uma simples pedra fala a voz da divindade. A um olhar
humilde e profundo, a vida inteira pode asceder à transfiguração.
(**RIO DE JANEIRO**, 22 DE ABRIL DE 2018)
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