#AFORISMO 704 II PARTE/ POEMA NA PLEN-ITUDE EXISTENCIAL# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/FOTO/ARTES ILUSTRATIVAS/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Poema po-emático e existenciário a respeito do texto GRAFITANDO PALAVRAS
E IDÉIAS, uma homenagem mui íntima à minha Esposa e Companheira das Artes,
Graça Fontis, um sentimento profundo do amor às palavras, as dores, sofrimentos
da criação, vou além.
II PARTE
O próprio eu e o que dele,
de há muito,
encontrava-se no recanto mais insólito
de uma gruta, disperso em meio à escuridão,
em meio a todo o vazio e nada, tornou-se o
verdadeiro refúgio, e como todo
refúgio revela perigo,
tornou-se o perigo in-audito e inter-dito,
"... o valor da voz tal verdade sentida,
já que a poesia e a liberdade aguardam,
detestam rastejar e tem pressa no voar...",
tudo fala, tudo silencia, tudo emudece, tudo grita,
tudo uiva, tudo é assoalhado.
E o que era segredo, quiça enigma in-audito,
e reserva de almas profundas,
requer outro aquisidor,
outros estilos de borboletas,
esperanças, bem-te-vis.
Re-quer saber que nada cai em poços profundos.
"As sombras desaguam no subterrâneo,
fogem distantes do meu alcance,
e resguardo-me como casulo no tempo..."
sendas e veredas das metafísicas do encontro e des-encontro do verbo
in-trans-itivo da perfeição-imperfeita do espírito, em cuja luz contínua de
cintilâncias, brilhos, mora a eterna sensibilidade e subjetividade do **thelos**
e **nous** do vernáculo linguístico e semântico da esperança que abre os braços
aos sonhos de vernáculos que traduzam o que vai no espírito sedento de verdades
inscritas nas páginas, imagem e palavras conciliadas, o outro "eu", o
"nós prosaico-plástico".
Antes da madrugada de vida, sombras do crepúsculo na vegetação do
quintal, a arte das palavras, sendo tragada indiscriminadamente pela garganta
aberta e bocejante do insaciável desejo de distração,
não mais pensar o que deixar registrado
na página do caderno,
lince invisível do visível das vontades da
plen-itude da verdade,
e ainda sentem o sabor trans-cendente do
prazer e gozo do sublime,
a alma em seu instante de lazer vislumbra
nos terrenos baldios de outroras re-feitos de
quimeras e fantasias o vale de panoramas
e paisagens que se esplendem insustentáveis
de leveza aos recônditos abissais do tempo,
em cujos movimentos de passagens e travessias,
cores, traços, luzes, contraluzes habitam versos,
o único e elevado pensamento "...tem olhos purpúreos
à observância das palavras ao abrirem as portas
do mundo, lapidário do invísivel..."
As almas vão pairando e,
esquecendo ser a palavra-imagem de rosto, faces,
que já se esquivam,
tornam vago e brando ao olhar,
mensagens mais secretas e mais nuas,
"... onde só o meu vulto vê a erosão
das horas no âmago gótico da meditação...",
uma lareira a arder no deslizar a pena,
"E não serei eu a aprisioná-la,
quando anseia o voo,
voem, voem,
e caso não encontrem espaços e horizontes
em suas aventuras
pintá-lo-ei para que resplendam nas alturas e
consagrem ao ilimitado
o valor da voz tal verdade sentida..."
Brilho do desejo, os sonhos da plen-itude do amor,
cores dos sonhos ardentes, calientes,
as esperanças da peren-itude da solidariedade
acompanhada da ternura e afeição
pelo sublime habitando o outro,
"... e vem a clara claridade da lua
e morde-me a mim, a outros e outros andarilhos
que se tropeçam e entrecruzam-se nestas terras...
terras das palavras...",
o mito não repousa sobre um pensamento,
o ritual, as imagens, o senti-las, o degustá-las,
assenta solene sobre os ideais, utopias
"a cabeça do vento não pensa,
reconvocar a reconciliação dos pensamentos dispersos
meio a tantas sensações profundas e contraditórias,
pretextando barulhenta queda d´água,
surrando pedras e rapinando um canto
de pássaro ainda desconhecido por conta do solitário rio
rangendo versos d´algum marujo-poeta mal amado"
"o pré-a-mar no campo da batalha já experienciada
ao longo de outras jornadas",
maduros frutos daquela essência
para épocas longínquas que sempre
querem a criação, a mais nobre inquietação,
a do ato re-novador,
" em direção à luz de tudo
que respira
na língua aguada
do tempo."
Manoel Ferreira Neto
Graça Fontis: PROSA(AUTORA)/PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA
#GRAFITANDO PALAVRAS E IDÉIAS#
Do inesperado, no rubor madrugal algo gélido plantou medo em meu
coração, solidificou cinzas na escuridão, desestruturou partes sem furtar as
cores, meu vínculo com a felicidade, e no prenúncio do silêncio a pressão dos
poros, pelas frestas de minhas pálpebras pirilampeiam o carmim. O meu destino
tem olhos purpúreos à observância das palavras ao abrirem as portas do mundo,
lapidário do invisível, e é nesta morna invisibilidade no agudo da noite que
minha diáfana presença grafita idéias como sopro campestre na disseminação do
pólen da vida, que se arraigam infiltrados no imediatismo da vontade, onde só
meu vulto vê a erosão das horas no âmago gótico da meditação. Por instante,
paro, apalpo-me e passo a reconvocar a reconciliação dos pensamentos dispersos
ao meio a tantas sensações profundas e contraditórias, pretextando barulhenta
queda d´água, surrando pedras e rapinando um canto de pássaro ainda
desconhecido por conta do solitário rio rangendo versos d´algum marujo-poeta
mal amado.
Fito o horizonte com gestos longos, profundos, se é que o vejo na
quietude e amplidão das sombras perscrutadoras do coração viajante. Segundos,
minutos passam até a decepação de pensares tenebrosos com ares desafiadores e
entreveios pululantes antes de requerer o pré-a-mar no campo da batalha já
experienciada ao longo de outras jornadas. Que leve um dia, dois dias, meses...
anos? Cortarei, quebrarei, arrancarei as sombras? As sombras desaguam no
subterrâneo, fogem distantes do meu alcance, e resguardo-me como casulo no
tempo, tendo impressões aromáticas do botão segregado num jogo de gemidos e
gritos de socorro em céus toldados dos sóis, ofuscados e acoplados aos
ululantes ventos outonais a aconchegarem os sonhos dentro de mim insistentes e
solitários à procura da porta oculta e rangedora dona da chave e da luz a que
se abre diante de mim todas as palavras. Estala a iluminação como lufadas
impacientes do vento, tirando o peso de toda a escuridão, e vem a clara
claridade da lua e morde-me a mim a outros e outros andarilhos que se tropeçam
e entrecruzam-se nestas terras... terras das palavras. E não serei eu a
aprisioná-las, quando anseiam o voo, voem, voem, e caso não encontrem espaços e
horizontes em suas aventuras pintá-lo-ei para que resplendam nas alturas e
consagrem ao ilimitado o valor da voz tal verdade sentida, já que a poesia e a
liberdade aguardam, detestam rastejar e tem pressa no voar.
No interior do meu primeiro pensar, quieta, ausente, presencio a vida, o
desenrolar de histórias para a construção sem medo do meu próprio castelo,
colorindo pedaços deste continente ante meus passos e mudez das pedras que
professam o acervo subjetivo na estante de meu inconsciente à espera da
liquidez objetiva da linguagem esquecida. Último ópio a escancarar os portões
aos delírios luminosos no afã das descobertas e conquistas, no chão que já
existe, rumo ao futuro avanço, tendo na alvorada, a segunda voz, registrando e
imprimindo um terceiro ser que é meu estar-aqui, agora, revestida do último som
do cosmo, esse ocultador de dúvidas, licenciador de minha passagem por um mundo
manipulador de sonhos com seus enigmas e acasos do nascer ao pôr-se o sol em
todas as suas veredas belas, irônicas ou agonizantes, expoentes poéticos das
tudo falas, tudo silencia, tudo emudece, tudo grita, tudo uiva, tudo é
assoalhado. E o que era segredo, quiça enigma in-audito, e reserva de almas
profundas, requer outro aquisidor, outros estilos de borboletas, esperanças,
bem-te-vis. Requer saber que nada cai em poços profundos. Para onde irão? Não
sei. Permanecerão percorrendo os corredores escuros, evidenciando novos sons e
ecos desveladores em direção à luz de tudo que respira na língua aguada do
tempo.
(**RIO DE JANEIRO**, 23 DE ABRIL DE 2018)
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