AFORISMO 692/ À CLARA LUZ SUPERNA# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO



ERS do Ser: tudo é tão simples, tudo tão nu, as cores e odores do aqui-e-agora,
do presente, do instante-limite são tão fortes e tão urgentes. Em meio a palavras nostálgicas, ouve-se o surdo rumor de combates longínquos.
Sabedoria de que sentir é saber
Amar com intensidade o verbo da vida,
É saber pensar o amor da ec-sistência
Nos liames da morte e do esquecimento,
A vida da carne,
Com o conhecimento da efemeridade de todas as coisas,
Fin-itude da vida,
“Até a tristeza pula
De alegria,
Até a alegria
Esgarça-se de tristeza”,
Alguma coisa encoberta,
Que nem os olhos traíram
Nem as almas apalparam,
Susto, emoção, enternecimento...


Haverem sempre duas faces da moeda,
De um lado a contingência
E todas as situações e circunstâncias
A purificarem os itinerários e trajetos
Rumo às utopias do Eldorado,
Da Terra Prometida,
Do Condor,
De outro o recurso ou possibilidade de transcender
A musicalidade da canção da RES,
Do Ser.


RES da contingência:
Fala de amores por virem, fala das poiésis dos sentimentos e emoções por conceberem as luzes das esperanças e fé, das sombras das ramadas no sonho,
junto ao sussurro dormente dum arroio diamantino, açafates e as travessas lavradas trans-bordam de bolos, frutas, de tenras carnes fumegando, de peixes cintilando como tramas de prata.


Sopra a brisa, flana a neve à mercê do vento suave e sereno, a águia solitária pousa no cume da serra. O hoje no amanhã, o tempo no futuro, o vir-a-ser no in-fin-itivo in-finito do além. Aqueles instantes de ontem aqui, agora. Na vibração interna do meu ser, há alegria, contentamento, volúpias de prazer, orvalho de clímax. Borboletas azuis, brancas, amarelas batem asas e brilham, piscando como vaga-lumes, beija-flor esvoaça e se seiva do néctar da flor que recém des-abrocha. No brilho das cores a esperança cede lugar à felicidade.
Imagens de vidas.
Na travessia das verdades aos arco-íris das esperanças, dos verbos e versos
que traçam a estética da Verdade, da Busca de encontro com o verso do tempo, a estrofe dos sentimentos, a musicalidade dos desejos, a lírica do conhecimento, sabedoria, por conceberem as luzes que iluminarão os recônditos da consciência, onde nascem as linhas e inter-ditos, as palavras, além-ditos, os sentidos, aquém-ditos de que sentir é saber amar com intensidade a musicalidade da canção, o ritmo da lírica, divinidade da luz espiritual, que traçam o ritmo dos verbos e versos a perenizarem o eterno,
Eternidade.


SRE DA VIDA:
Luzes que incidem no coração,
Divin-idade da luz espiritual,
Ética da verdade e compaixão,
Águas a purificarem o verbo
Do ser Morte,
Do ser Vida,
Do ser Nada,
Do ser Caos,
Do ser Cosmos,
Do ser Travessia,
Do ser Ponte Partida.


Passagem do arco-íris... cores cintilam, apresentando o brilho natural de suas mensagens inter-ditas e trans-cendentes, de seus sentidos além-ditos e divinais,
re-velando as imagens a serem re-colhidas e a-colhidas, no mais recôndito da alma, deixá-las seguir o itinerário livremente, abrindo outras frestas no flamboyant dos desejos e vontades das alegrias e felicidades.


E cantarolar o Danúbio Azul
Com todas as dimensões sensíveis,
Desde as intuições ao espírito do amor e cáritas
Às sensações do divino
Do divino e resplandecente da verdade pura,
De outras trilhas do VERSO-UNO,
Elos de uma interminável cadeia de mitos
Em derredor de um pobre eu,
Plástico o ouro do tempo,
Aureolando os instantes de desejo e vontade.
Amar é viver uma grande paixão,
É sentir profundo a luz que incide
Nos terrenos baldios da alma,
Nada de baldio haja
Nos regaços do desejo
De liberdade e plen-itude;
É vivenciar a carne sedenta
Dos verbos de liberdade,
A questão da liberdade
Serem as palavras em comunhão
Com o con-templar
Das dimensões dos sentimentos,
Idéias,
Os subterrâneos da fome choram caldo de peixe,
Olhos líquidos de cadela, através do vidro, devoram osso
As bocas sugam um mar de carne.
Dimensões contingentes, transcendentais da busca,
Da vontade de verdades que se ampliam,
Estendem-se ao longo das nuanças e contradições do tempo,
Nas vias das dúvidas e des-confianças,
Havendo sempre aquilo de “re-fazer as reflexões, criar e re-criar
Nas perspectivas do que há-de vir
As sendas perdidas nas florestas íngremes”,


Verbo do ser-eu,
Sou do eu de ser verbo,
Deixando à só memória
Branco som de desejos,
Nuvem azul de vontades,
Branca de som;


Luzes brilham
no longínquo uni-verso de sentidos, metáforas, signos e símbolos,
a-nunciando de beleza e suavidade
os versos de prosa enviesada
de contingência do poeta,
sentado à varanda de sua residência,
garrafa de vinho pela metade,
taça de cristal sob um banquinho,
olhar perdido na vastidão do céu
coberto de estrelas,
a lua nova brilhando,
no peito lembranças e recordações.


Essência das razões in-versas
nas estrofes dos versos da semente do verbo,
na musicalidade da lírica no amor
de sonhar a plen-itude, o pleno, o eterno e a eternidade,
o finito e a finitude, a morte na semente do verbo,
no verbo da semente,
e o verbo da semente dá luz à VIDA
a semente da VIDA dá luz ao Verbo eterno do Ser,
Espiritualidade concebe
as sementes da Verdade.


À clara luz superna quimeras e sorrelfas da espiritualidade e felicidade verdescendo as florestas silvestres, a lua cheia em comunhão com as estrelas
brilhando nos campos verdejantes, elevando a alma ao eterno e perene de todas as coisas do mundo, da vida, da terra, de onde os lírios florescem, libertando a sensibilidade para vivenciar a volúpia dos sonhos, fantasias, os mais sensíveis e verdadeiros;


À clara luz superna êxtases e volúpias a-nunciando límpidas e puras as travessias das contingências às transcendências, da verdade à espiritualidade,
que me pode o destino conceder melhor que a continuidade gradual da vida?
À clara luz superna as travessias da verdade à espiritualidade a-nunciando do sentimento de amor a verdade de amar, re-velando dos desejos à realização do ser a canção da beleza e da estética, a musicalidade do bem e do eterno, a consciência do verbo e da ética, a intuição do efêmero e perene, a percepção do encontro e des-encontro, o ritmo do absoluto e do efêmero, a lírica do paraíso nas ad-jacências do celeste azul das nuvens brancas, o sentido dos desejos na periferia das Promessas da Terra Espiritual, no baldio da magia do Eldorado, onde os lírios e as primaveras, as nonadas e utopias do sertão se fazem pré-{s}-entes, se fazem reais nas travessias das dimensões ontingenciais às trans-cendentais e espirituais.


(**RIO DE JANEIRO**, 19 DE ABRIL DE 2018)


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