ANA JÚLIA MACHADO ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA ENSAIA O AFORISMO /**PERGUNTAS ANTES DE QUAISQUER PERGUNTAS**/
Neste aforismo do escritor Manoel Ferreira, aparenta ser fácil, mas quer
dizer algo com estas interrogações… mas uma forma inteligente de as fazer…no
fundo interroga e dá resposta, uma forma inteligente de questionar.. o que
maior parte do ser não o sabe fazer…
Albert Einstein, Alvin Toffler, Frederic Nietzsche e tantos outros
persistiram em asseverar que a interrogação é mais relevante que a contestação.
Einstein atestava que, se lhe fosse anuído 60 minutos para decidir um problema,
passaria 55 deles desenvolvendo a interrogação correcta e meramente 5 minutos
arriscando respondê-la. Toffler já verbalizava que uma réplica correcta para
uma interrogação falhada vale menos que uma interrogação verdadeira com a
réplica falhada. Para Nietzsche, o filósofo é antes de tudo explosão, uma
horripilante bomba que coloca em risco o mundo completo. Filosofias à parte,
saber questionar é possuir a decifração real para desfechar os acessos da
erudição, destruir padrões e meramente prosperar e desenvolver-se.
E por que concedem-se tão escassas interrogações e constantemente se
aprovam os episódios que chegam, sem contrariá-los? È caso para ponderar.
Que se persista a investigar e inquirir. Perduremos a ser uma
horripilante bomba que disporá todos em risco. Carecemos ser importunados para
modificar. O tirocínio é uma actividade ininterrupta e perpétua
Inquirição é uma enunciação que o propósito é apelar ao leitor ou ao que
escuta a permitir uma aclaração, ou uma elucidação, ou em qualquer ocorrência,
uma interpelação que busca, ou roga uma réplica, Na filosofia a interpelação é
o que origina toda a disputa ao que cerca o todo.
Parabéns pelo seu aforismo, escritor, mestre e amigo Manoel Ferreira
Neto.
**PERGUNTAS ANTES DE QUAISQUER PERGUNTAS**
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
O que é silêncio sem a solidão? O que é o verbo sem o infinitivo? O que
é o ser sem o tempo? O que é o não-ser sem o nada? O que é a vida sem o amor? O
que é o homem sem a luz? O que é o fim sem a esperança? O que é o arrebique sem
o ornamento? O que é o cafundó sem as pre-fundas? O que é o sentimento sem a
música que o ritma e sonoriza? O que é o amor sem o sonho do verbo? O que é o
olhar sem o horizonte a ser visto? O que sou sem você para me orientar nos
caminhos para o infinito? O que sou sem as letras que me literalizam,
trans-literalizam? O que é o alvorecer sem os primeiros raios de luz? O que é o
verso sem a poesia do amor? O que é a morte sem a vida? O que é o desejo sem o
prazer de senti-lo? O que é o sibilo do vento sem o olhar para o uni-verso do
som? O que é fumar sem con-templar a brasa e a cinza? O que é a razão do homem
sem a sensibilidade da mulher? O que é o útero da palavra sem a concepção do
verbo? O que é Ana Júlia Machado sem a sua espiritualidade que mostra ao mundo
a alma da vida? O que é Graça Fontis sem a imagem da eternidade dos sentimentos
e a alma dos desejos e sonhos, o espírito da entrega, o eu-plástico da verdade?
O que é a pintura sem a poesia? O que é a canção sem o ritmo? O que é a água
sem a sede?
Abro a porta da sala de estar e con-templo a manhã que está alvorecendo,
imagino-me passeando num campo de lírios e orquídeas.
(**RIO DE JANEIRO**, 30 DE ABRIL DE 2017)
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