GRAÇA FONTIS: TEXTO(AUTORIA)/PINTURA/ARTE ILUSTRATIVA - #NAS SENDAS DA CRIAÇÃO#
Ao meu Esposo e Companheiro das Artes Manoel
Ferreira Neto com muito amor e carinho.
Busco-te onde és estranho, no trapézio de minhas
idéias, com singular volubilidade o meu pensar, experienciando no subterrâneo
do meu cérebro fascinação, persuasão, notificação, íntimas sensações, ímpetos
misteriosos, páginas a virem à luz, verdades remotas no tempo a serem
discernidas, exprimindo-as no presente, restaurando o passado tangível às
instabilidades do momento na indelével edição da vida a cada estação, e com o
caminhar prosaico na terra dos homens a sabedoria ficou prenhe nos relevos
macios do coração predileto, nas lancinantes e derradeiras horas, portador da
alegria a cravar as melhores imagens justificativas da minha absurda
transitoriedade à busca da razão concebível, não perecível no tempo e no devir,
nestes disciplinados instantes o luzir dos olhos na dourada noite voluptuosa,
em frenesi insignificantes mãos intensificam traços intermitentes,
castanholando figuras inéditas, desconhecidas no trânsito do além, outras
lembranças de ruas quaisquer, esquinas, praças, alimentadas pelos céticos
executores maléficos, dentes brilhantes e voz enternecentes no perder da noite.
Já os dedos acompanham o ritmo acelerado atentos na compreensão antes que os
personagens em fuga açoitem o chão dos sinuosos caminhos, terra batida com os
seus cabelos volantes tornem-se aos lugares devidos, olhares astuciosos,
incindindo frieza, escárnio, ora fascínio.
Oh corpos fisionômicos estilhaçados em trânsito!
Bebo-os em taças de cristal com abissais ares de reprovação e incredulidade,
aquando atraída e enlaçada na velocidade dos ventos, face mordiscada por sutil
sorriso, deixo-me arrastar pelo indomável portento a abrigar-me nas matas
brutas, caverna de prisco odor neste influxo intrépido sem que se me extravie
das ondas indômitas irreverentes a emitirem uivos em desespero nas sendas da
criação à mercê do rubroso crepuscular arco-irisado; cenário incidental na
formatação excedente sem domínio nesta dança no jardim oculto da vida, onde
passo há passos flexíveis sobre a tropicália mental dos sonhos voadores.
Só sonhos! Acordo, no sentido de gente dentro da
gente... Não de hoje nem de ontem. São árvores, ninhos, raízes, montados no
tempo, néctar dos desejos transcendendo passado, ventos e limites
arquitetônicos na ressuscitação densa e casual destes instantes aflitos,
impacientes, emergidos como coriscos eletrizantes a banharem o branco mundo
submisso com a tecitura fantasmagórica a eternitude dos ternos amantes
atingidos e tingidos pelas cores dos devaneios. Na expectativa da vida, a
próxima ou a última edição! Aos vermes, não à exultação, não à consagração, no
mundo que não tem dono.
(**RIO DE JANEIRO**, 14 DE ABRIL DE 2018
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