COMENTÁRIO DA AMIGA, ESCRITORA E POETISA ANA JÚLIA MACHADO AO TEXTO /*SENDAS DE FOGO E INTELIGÊNCIA*/
SÉMITAS DE CHAMA E INTELECTO
Manoel Ferreira
Quem sabe?!...
Sucederam-se segundos no cronómetro de períodos previamente de rascunhar
no papel as primas locuções. O que anseio efetivar inscrever “quem sabe?!” não
o sei; em realidade, o assunto não é perceber este instante mágico no trajeto
das veredas.
Bagatela anelo gnose das oportunidades. É estacar a contrabalançar-me no
assento, fumegando o paivante que se acha no princípio, três goles somente,
cedendo os minutos sucederem vagarosos. Só isto alcanço cogitar para hoje,
terça-feira.
Não ambiciono celebrar quaisquer homenagem, encómio ao cigarro; alguém
assim o percebe, com chama e intelecção, inclina-se e “empandora-se” - é só se
lembrar da “boceta” de Pandora (a origem de todos os males); o vocábulo seria
distinto: “emboceta -se”, as falas aí se patenteariam ávidas de “inversas”, sem
moral - a decifrar conceções num estilo que causaria Carneiro Leão
prosternar-se, implorando remissão por seu género, formato, excelência do
dialeto, trasladação, exame, tinha-se acostumado com a sua cadeira nos deuses;
amanhã as vistas das reflexões, fantasmagorias, a transitoriedade de total,
“que bonomia inexplicável abarcar a cultura, as artes, o chegar documentado,
por ser inquestionável a vida de excelência, estesia, índole nas
exteriorizações artísticas, culturais, históricas. O anelo não é outro senão
apelar a acatamento”. Vocábulos claros são referidos sobre as intercalas.
O que consiste velo é arcano, esfinge.
Consistirá quaisquer incertezas de, nesta afiguração, clamores serem
sôfregas de audição, de intelecto a trasladarem sensos e fés?
O assunto é ser quem quer tamanho o fenecimento quão a existência, como
toda pessoa, uma e outra estabelecem a porção que nos pertence. O ensaio desta
querença é alongada por fragilidade; se roda o anemoscópio no cimo da serrania,
excelente, aliás, isto fora desde a perpetuidade cobiçado; caso contrário, se
se escuta as correntes impelindo-se nas renques, este é o propósito que nos
compete a cada um.
Estranha-me a conceção, exatidão das locuções, as artes e a história
estabelecem a porção que nos compete. O anelo consciência será de desferir o
inquirir, em emudecimento: “casualidade fruiria desvalido as locuções
verbalizarem a sua veras, previamente de imputar panegíricos e fantasmagorias
ao paivante? A insensibilidade com o desígnio das criaturas? Adrego, “ilustre
amigo”?
Defronte do pasmo, rindo, olhos coruscando, perduraria o pensamento
delineado: “E adrego, inteligível, cedeu as exteriorizações culturais,
artísticas, históricas, declararem-se, previamente de proferir intentos
essenciais e basilares são de não conferir qualidades, bem-querer a existência
e fenecimento patavina designa, pois que uma e outra estabelecem o que nos
compete?” Apregoo aos divos da mitologia fosse verdade, nem Divo aportaria
denegar, a realidade plena, tivesse erudição retorquir de instantâneo, e mesmo
depois duráveis ensaios.
Não conseguiria pronunciar que cedo as locuções pronunciarem, falarem
sua veras, aquando encontro-me a conceber, este anelo pujante - labareda de
autonomia e deleite da caminhada, dentro quimeras...!, - ascendendo e apeando
avenidas, quelhas, a euritmia da prolificação e fantasia, momento em que homem
e futuro caminhem anexos, consentindo-se pronunciar, falar as realidades.
Discutiria o célebre amigo acerca da crença sublime de sua trasladação.
Em realidade, os dedos resvalam nas claves, querendo novidade e identidade, não
mais interessando com isto e aquilo - pertencem-me deleites e sofrimentos, como
para toda pessoa. Numa inscrita sem sujeito, o empeço do género converte-se com
o tempo progressão de géneros sabidos, o género outorga espaço a tendência de
existência.
Se me doar o apropriado de altercar se as conceções são congruentes, ao
menos neste iminente entre introdução e alongamento, o que antepus requestar
edificar com locuções, exprimiria não avistar qualquer orientação
compreensível, reside existindo facto não posso esclarecer. Redijo num alento
até experimentar ser momento de suspender, licenciando tudo de chola para
apeio, por instante posso conjeturar início outra vez. Se a existência é isto
aí, então é tempo de encetar distinta, emprega -la ao extenso de veredas de
chama e intelecto.
Daí, transo a agreste açuda de verificação, laborando aqui e ali,
cobiçando o que aprazivelmente me reside; enfim, quem não acha-se defronte de
homem dividido em dois que intenta unir as duas sémis, da sorte ao cálido de
malícia, ao agre maldizente caminham as conceções, entendimentos acerca do
futuro?
Isto sem interceder na construção, representações, pensamentos,
quimeras, a partir de escuta-las falarem as realidades, e vede o fundamento de,
enquanto concebo, escutar melodias sei espertam sensibilidades e sensações
penetrantes, mesmo não os divisando, a hegemonia da intelecção intervém.
Abalo rápido pelos locais de passagens e confortáveis de veredas de
chama e intelecção, anelos e intenções, excessivamente enorme sob o mirar dos
homens, indivíduos, cidadãos, isto é, sob o examinar do distinto. O livro,
alegação e comparsa de anseios e devaneios, seria o confrade de todos os
instantes. A prática do aliciação, atualmente, está em decurso: relaciona-se de
erudição se subsiste uma apenas postura neste universo adulterado de que
consiga falar serenamente: fui eu que o fiz.
Admito as atuações, incumbência, ambição de independência e escrúpulo?
Mas não se converterão distintos ao concretizarem-se? Não existirá distintos
que os procedam em minha vez? Outros que me são mais prediletos do que eu e que
se nutrirão de minha seiva. Experimentar-me-ia legitimado se ao menos
mourejasse genuíno, inédito, não carregasse exclusiva situação além da
probidade.
Esse forasteiro, na consciência, sentenciou a conduta, rotinas,
princípios, escuta os berros do bando que lhe reside, agrilhoas e cadeia de
argolas aguilhoam nas ossadas. Não prevejo outro jeito de atuação, por quem sentenceia
a presteza e contesta pronunciando somente me responsabilizar mais e mais –
magnífico, não se pretende outro facto salvo cerrar as entradas, as chaves
arrumo-as em mão - salvo presentear as costas, escanganhava as apreciações em
cantos, tascas, sacrários. Competem-lhe o panegírico de suas conveniências e
idealismo, a crítica aos distintos.
intensa frenesi se apossa de toda a multidão que não reconheço, critica
-me as “inversas”, o consommé de malícia, acre maldizente que presenteio numa
humilhação, e sob a aliciente de perfis e minúcias, outra opção não lhe
remanesce senão arrecada-lo, saborear -lo com os olhos vertendo aljôfares
acessíveis. Cada uma das locuções, arrolando-se na inércia do ser, constitui-se
como molinete cuja altivo letargo descreve o homem quem sou, o forasteiro, o
outro que fruo de ser para lhe outorgar o inicial alanco e para o inovar
ininterrupto.
Se não se ceder as locuções patentearem-se, quaisquer trasladações e
investigações serão exequíveis e suscetíveis de descrédito. Alguém das ligações
particulares comunicara-me: “Deverá estar atento ao que se interpreta, de todos
os lados, que se deseja desvirtuar, o campo está minado”.
Quem sabe existisse oportunidade de algo, em princípio indecifrável,
dominado de ditame e pressentimento, e deste jeito, neste género sem sujeito,
aflorar alguma quimera que escapa ao talento da causa e da intelectualidade
decifrar?!... Fosse imprescindível estudo considerado e meticuloso, licenciando
a alma aberta. Não conseguiria a isto replicar. Só seria exequível constituir,
se considerasse o linguajar sem afogadilho.
SENDAS DE FOGO E INTELIGÊNCIA
Manoel Ferreira
Quem sabe?!...
Passaram-se segundos no relógio de tempos antes de minutar no papel as
primeiras palavras. O que desejo realizar registrar “quem sabe?!” não o sei; em
verdade, a questão não é entender este momento mágico no percurso das sendas.
Nada desejo saber das possibilidades. É ficar a balançar-me na cadeira,
fumando o cigarro que se encontra no início, três tragos apenas, deixando os
minutos correrem lentos. Só isto consigo pensar para hoje, terça-feira.
Não pretendo estabelecer quaisquer tributo, apologia ao cigarro; alguém
assim o entende, com fogo e inteligência, debruça-se e “empandora-se” - é só se
lembrar da “boceta” de Pandora (a origem de todos os males); o termo seria
outro: “emboceta-se”, as línguas aí se revelariam sedentas de “invertidas”,
imoralismo - a interpretar idéias num estilo que faria Carneiro Leão
ajoelhar-se, pedindo perdão por seu estilo, forma, beleza da linguagem,
interpretação, análise, havia-se habituado com a sua cátedra no olimpo; compõe
as visões das idéias, utopias, a efemeridade de tudo, “que pachorra
ininteligível incluir a cultura, as artes, o devir histórico, por ser
indiscutível a existência de beleza, estética, estilo nas manifestações
artísticas, culturais, históricas. O desejo não é outro senão chamar a
atenção”. Palavras precisas são ditas sobre as entrelinhas.
O que está oculto é mistério, enigma.
Haverá quaisquer dúvidas de, nesta imagem, vozes estarem sedentas de
ouvidos, de inteligências a traduzirem intuições e esperanças?
A questão é ser quem ama tanto a morte quanto a vida, como toda gente,
uma e outra constituem a parte que nos cabe. A experiência deste amor é
prolongada por fraqueza; se gira o cata-vento no cume da serra, ótimo, aliás,
isto fora desde a eternidade desejado; caso contrário, se se ouve as correntes
arrastando-se nas ruas, este é o destino que nos cabe a cada um.
Admira-me a idéia, precisão das palavras, as artes e a história
constituem a parte que nos cabe. O desejo íntimo será de lançar o
questionamento, em silêncio: “acaso teria deixado as palavras dizerem a sua
verdade, antes de atribuir elogios e utopias ao cigarro? A indiferença com o
destino dos homens? Acaso, “insigne amigo”?
Diante da surpresa, sorrindo, olhos brilhando, continuaria a idéia
esboçada: “E acaso, distinto, deixou as manifestações culturais, artísticas,
históricas, revelarem-se, antes de dizer intenções primordiais e fundamentais
são de não atribuir valores, amar a vida e morte nada significa, pois que uma e
outra constituem o que nos cabe?” Clamo aos deuses do olimpo fosse realidade,
nem Deus iria negar, a verdade absoluta, soubesse responder de imediato, e
mesmo após longos estudos.
Não saberia dizer que deixo as palavras falarem, dizerem sua verdade,
aquando estou a criar, este desejo forte - chama de liberdade e prazer da
jornada, adentro utopias...!, - subindo e descendo alamedas, becos, a harmonia
da criação e sonho, instante em que homem e devir andem juntos, deixando-se
falar, dizer as verdades.
Questionaria o insigne amigo acerca da convicção preeminente de sua
interpretação. Em verdade, os dedos deslizam nas teclas, desejando
originalidade e autenticidade, não mais importando com isto e aquilo - cabem-me
prazeres e dores, como para toda gente. Numa escrita sem sujeito, a
impossibilidade do estilo torna-se com o tempo superação de estilos conhecidos,
o estilo dá lugar a estilo de vida.
Se me legar o direito de questionar se as idéias são coerentes, ao menos
neste comenos entre intróito e desenvolvimento, o que preferi buscar fundar com
palavras, diria não ver qualquer sentido inteligível, está havendo algo não
posso definir. Escrevo num fôlego até sentir ser instante de interromper,
deixando tudo de cabeça para baixo, por momento posso sentir começo outra vez.
Se a vida é isto aí, então é tempo de iniciar outra, estabelecê-la ao longo de
sendas de fogo e inteligência.
Daí, emboceto a árdua empresa de revisão, trabalhando aqui e ali,
desejando o que poeticamente me habita; enfim, quem não está diante de homem
cindido em dois que tenta soldar as duas metades, do leite ao caldo de pimenta,
ao ácido crítico andam as idéias, pensamentos sobre o devir?
Isto sem interferir na estrutura, imagens, idéias, utopias, a partir de
ouvi-las dizerem as verdades, e eis a razão de, enquanto crio, ouvir músicas
sei despertam sentimentos e emoções profundos, mesmo não os conhecendo, a
preeminência do intelecto interfere.
Corro pelos corredores e cômodos de sendas de fogo e inteligência,
desejos e vontades, demasiado grande sob o olhar dos homens, indivíduos,
cidadãos, isto é, sob o olhar do outro. O livro, álibi e cúmplice de desejos e
sonhos, seria o companheiro de todos os momentos. A experiência do engajamento,
hoje, está em transcurso: trata-se de saber se existe uma só atitude neste
mundo falsificado de que possa dizer tranqüilamente: fi-lo eu.
Reconheço as ações, responsabilidade, desejo de liberdade e consciência?
Mas não se tornarão outros ao realizarem-se? Não haverá outros que os prossigam
em meu lugar? Outros que me são mais queridos do que eu e que se alimentarão do
meu sangue. Sentir-me-ia justificado se ao menos fosse autêntico, original, não
arrastasse único passo além da fidelidade.
Esse estrangeiro, no íntimo, decidiu o comportamento, hábitos, valores,
ouve os gritos da multidão que lhe habita, algemas e correntes doem nos ossos.
Não intuo outro modo de ação, por quem condena a iniciativa e protesta dizendo
apenas me comprometer mais e mais – ótimo, não se deseja outra coisa senão
fechar as portas, as chaves coloco-as em mão - senão dar as costas, esbagoar as
críticas em esquinas, tabernas, tabernáculos. Cabem-lhe o encômio de seus
interesses e ideologias, a censura aos outros.
Viva agitação se apodera de toda a gente que não conheço, censura-me as
“invertidas”, o caldo de pimenta, ácido crítico que ofereço num cálice, e sob a
sedução de contornos e detalhes, outra alternativa não lhe resta senão
recebê-lo, degustá-lo com os olhos derramando lágrimas fáceis. Cada uma das
palavras, inscrevendo-se na passividade do ser, organiza-se como torniquete
cuja imperiosa inércia define o homem quem sou, o estrangeiro, o outro que
tenho de ser para lhe dar o primeiro impulso e para o renovar incessante.
Se não se deixar as palavras revelarem-se, quaisquer interpretações e
análises serão possíveis e passíveis de desvirtuamento. Alguém das relações íntimas
dissera-me: “Deverá estar atento ao que se interpreta, de todos os lados, que
se deseja desvirtuar, o campo está minado”.
Quem sabe houvesse possibilidade de algo, em princípio ininteligível,
tomado de inspiração e intuição, e deste modo, neste estilo sem sujeito,
abordar alguma utopia que foge à capacidade da razão e do intelecto
interpretar?!... Fosse necessária leitura atenta e minuciosa, deixando o
espírito livre. Não saberia a isto responder. Só seria possível estabelecer, se
contemplasse a linguagem sem pressa.
Manoel Ferreira Neto.
(25 de maio de 2016)
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