CARTINHA DE AMOR... - Manoel Ferreira
Só em palavras? As palavras dizem mais, transcendem o real, a vida
mesma. Seria que no real o sentimento de amor trago em mim é tão profundo,
verdadeiro? - com as palavras posso mostrar ser absoluto, ser amor pleno, mas é
apenas sentimento de amor. O amor começa com gestos com gestos, atitudes,
verbos de entrega, as palavras o vento leva.
O que fazer para revelar ser amor? Olhos nos olhos, toques, carícias,
toques, carinho, a entrega da carne, desejos da carne. O gozo pleno, fruto de
prazer, rega o amor, encontro não apenas da alma, mas do espírito. O esperma é
a semente da plenitude do amor, o gozo da mulher é o húmus da semente, ambos
fecunda os sonhos da felicidade do corpo, verbo das almas.
Gostara tanto sentisse espiritualmente o amor trago em mim. Havendo esse
sentimento espiritual, no instante da entrega, estarei ainda mais aberto a
todas as revelações, estarei inteiro na "fala" dos gestos e atitudes,
não haverá palavra pronunciada, os gestos do amor falarão, dirão.
Na hora de dizer o amor, as mais difíceis palavras são procuradas, são
desejadas, mas na relação do amor o difícil perde sua hegemonia, o trivial se
manifesta, por vezes acompanhado do mais vulgar. Na hora de dizer o amor todos
os homens são poetas, são poetisas, versos e estrofes os mais lindo, neles a
presença de todas as estesias, verdadeiras obras-primas.
Pudesse colocar, sem quaisquer palavras, meu amor numa carta selada, num
e-mail, enviaria e, ao abrir uma ou outro, viria plenamente o amor,
reconheceria as suas dimensões, sentir-lhe-ia profundo, simplesmente com o
carinho de quem esperou o amor e enfim encontrou, guardará no peito,
colocando-lhe dentro de você. Espiritualmente estou fazendo isso, enviando-lhe
este amor que sinto em mim neste instante em que fecho os olhos, deixo o espírito
alçar vôo, ir até você. O espírito, sentindo o amor que lhe habita sendo real
nas suas dimensões dos desejos plenos do ser com o outro, no outro, ele voa
milhas até se presentificar no outro. O espírito de mim é você, o amor de meu
espírito é o espírito de seu amor, Uno e Verso. Somos vidas que se abraçam na
espiritualidade da entrega de nossos verbos de desejos, vontades, querências do
ser de nós trilhando as esperanças do encontro eterno.
Palavras românticas? Não, em absoluto que não. Vida que diz o sensível
da alma e seus sonhos da felicidade. Creio que diante destas letras você está
sentindo no mais profundo de si não ser fogo de palha este amor, fetiche, coisa
parecida, mas amor sim, amor de entregas da verdade e de sonho de comunhão da
vida. Disse-o antes: "Mostre-me os seus caminhos. Seguirei de mãos dadas
com você." Quero aprender, desaprender tudo o que supunha saber, e ser
outro com a aprendizagem. Em quem habita só o ensinar não há o sentimento de
amor, sim o desejo da possessão, do domínio. Na vida, só possuo, só tenho uma
coisa: os meus livros. Bens materiais não me dizem nada. Bens espirituais sim,
e muito.
Beijos no coração!!!
Manoel Ferreira Neto.
(19 de maio de 2016)
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