**UM LANCHE DE CIRCO E CINEMA** - Manoel Ferreira
Há quem não aprecie poucochito sequer "causos" e
"conversas do passado". Os mineiros amam estes encontros com amigos,
contar causos, lembrar das coisas, sentados na varanda à noite, se deixar,
amanhecem o outro dia e os causos não terminam.
Particularmente, não "apreciava" encontros de causos, sou
péssimo como contador de causos.
As coisas mudam.
Acabo de chegar da casa de meu inestimado amigo Nilzo Duarte, escritor
memorialista. Levei uns três anos para me familiarizar com os causos,
sentar-nos para uma "mesada" de coisas do passado. Nilzo Duarte é um
mestre nesta arte.
Domingo passado, fui ao circo com o meu irmão caçula Giuliano. E hoje à
casa de Nilzo Duarte, Fui dizer-lhe sobre a ida ao circo. Aí começaram os
grandes espetáculos circenses do passado acontecidos no Largo da Estação
Ferroviária, de sua época, de minha época. Impressionante a memória do meu
amigo. Tudo com detalhes minuciosos. O circo está em mim, não deixei a desejar
sobre os grandes espetáculos.
A conversa continuava, do circo fomos para as grandes produções
cinematográficas de Hollywood, filmes históricos, romanos, far west... Sansão e
Dalilah, Moisés, Cleópatra, E o Vento Levou, Morro dos Ventos Uivantes,
Corcunda de Notre Dame...
Duas horas de só memórias, tomando um lanche. Inclusive, Eliete, esposa
de Nilzo Duarte, comentou: "Os dois velhinhos hoje resolveram conversar
sobre circo e cinema". "Mas, Eliete, estou entrando na terceira
idade, tempo das velharias do passado. Estou aprendendo o ritmo dos causos com
Nilzo, noventa anos", respondi-lhe. Nilzo Duarte dera uma risada
sensaborona.
Saí da casa de Nilzo leve como uma pluma. A cabeça estava no circo, no
cinema.
Manoel Ferreira Neto.
(31 de maio de 2016)
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