COMENTÁRIO DA AMIGA, ESCRITORA E POETISA ANA JÚLIA MACHADO AO TEXTO /**MOCHILA NAS COSTAS PARA SEMPRE**/
MOCHILA NAS COSTAS PARA SEMPRE
Manoel Ferreira Neto.
Tempo de voltar a redigir a sua história…
Possui dédalos na fala, florestas, muitas selvas, paus, lodos, algas,
caules, aludidas intrigas na extensão da causa e da injustiça
Vereda da sem-vereda, objectivo do sem-objectivo, labuta ao sem-labuta,
equídeo do sem-equídeo, alma do sem-alma.
Estrepitosos os torvelinhos da reminiscência, sonoros os vendavais
soprados, em aros lixos aumentados no temporal, lixos, polvilho do pretérito,
coisas rendidas, sentidos arremessados, foram esboços olvidados, páginas de
poesias mal dormitadas, com lodo nas intitulações, barita nos poemas, enzimas
invulgares na cútis
Uma escuridão, muitas escuridões sem meus frutos- poesias, donzelinhas
aladas para longínquo
Selvas, na fala possui, selvas na fala e na mente, selvas, selvas
finórios virentes, pretos, afogueados, índigos, alvos nos incidentes da fala,
possui fornecimento de verbos acabados de desabrochar, pomos gostosos na sua
orla do chapéu….
E, entre a selva e vereda segue com sua mochila às costas….e deixar de
dizer asneiras…pois os escritos jamais ficam idosos…todos eles aparentam ser
escritos no agora, mas apenas para aqueles escritores que são eternos…apenas
efémeros na existência. ….
E, no seu texto verbaliza, que as pessoas que o julgam são,
rigorosamente, aquelas que não sabem absolutamente nada acerca dele, com
certeza, somente a sua denominação….pois dele, só ele sabe….há verdades que
jamais serão ditas, aquelas que vão connosco para o túmulo.
Ana Júlia Machado.
**MOCHILA NAS COSTAS PARA SEMPRE**
Meu mestre Dostoiévski aconselha a não fazer confissões públicas, há
coisas que se levam para os sete palmos de fundura. Confissão pública é
bufonaria.
Manoel Ferreira Neto.
Mochila nas costas.
Imagem nítida, transparente na moldura do tempo à vista nos horizontes,
universos, cantos e recantos do mundo. Tempo de re-escrever a história, tempo
de re-verter as perspectivas, tempo de apagar as letras na lousa, virar a
moldura para trás... Re-começar. Este caminho chegou ao fim.
Não entendo isto de "fim". Fim é princípio de início. Nem a
morte é o fim irreversível, e não por pensar na vida alem da morte, como
cantam, declamam, recitam as religiões. E para todas elas plena de felicidades
e alegrias. Quê agonia felicidade e alegrias todo dia. Morre-se, mas no mundo,
na terra ficam os passos e traços. Para o corpo, a matéria sim, é o fim, mesmo
assim ao longo de cinco anos até tornar-se cinzas. Na sepultura, os dados do
nascimento e do falecimento. Debaixo da terra, há restos mortais.
Bifurcação na estrada. Todos acreditam que a busca de re-velar o amor é
chegado ao término, agora é deitar-me na rede, ler Cecília Meireles, com a
amada à noite sentado no banquinho de mármore con-templar as estrelas, a lua,
entre abraços e beijos. Não, nada disso. Ainda há muitos vazios não preenchidos
na alma. Sigo a estrada à esquerda.
Mochila nas escolas. Pedradas. Estou equivocado. Estou fugindo de mim
próprio. Estou negando a minha verdade. Palavras ditas no riste da língua.
Ninguém anda nos meus sapatos, nada sabem de mim. Porque a imagem na moldura
está fixada, à vista de do mundo, não significa estou pronto e acabado. Nem na
eternidade, estarei pronto e acabado. Dizem que a vida é eterna, o homem não. O
homem é também eterno. A partir do instante que aportou no mundo, começa a sua
eternidade. Por que a vida, não apenas dos homens, mas de todos os seres? É
algo imprescindível, extremamente necessário? Não houvesse vida, não haveria
eternidade. Para que o mundo, a terra?
Outro amor sim... Por que não? Verdadeiro ou não, eis a escolha
peremptória. O tempo dirá. Exponho a verdadeira imagem na moldura. A minha
verdade sou quem a sabe.
Iríadas da plen-itude. A verdadeira imagem exposta a todos os uni-versos
e horizontes. Tudo nos seus devidos conformes. Re-escrever a história com a
minha verdade nas mãos feitas conchas, com o amor de mim na vida. Não vou
deitar-me na rede e ler Meireles, não vou sentar-me no banquinho de mármore e
junto com a amada con-templar as estrelas e a lua. Há muitas estradas a andar,
muito a ser re-escrito. Os escritos ficaram no passado, páginas passadas.
São outras páginas agora. As escritas são páginas velhas.
Nada escrito envelhece, torna-se dèmodé, peça de museu. Os escritos de
Platão estão novinhos em folha, afiguram-se haver sido escritos hoje depois da
meia noite. Por que estou dizendo as minhas escritas são páginas velhas? Estou
dizendo asnice, asnada, asneira.
De mochila nas escolas, sigo as asnices, asnadas, asneiras. Fizeram-me
eterno e isso não posso mudar, fazer do eterno de mim o efêmero.
Há para quem a eternidade incomodava tanto que ele entrava em crise
existencial tão grande que a mulher precisava reanimá-lo com muitas
dificuldades. Odiava a eternidade.
Manoel Ferreira Neto.
(15 de maio de 2016)
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