**DE UM POEMA, "RABISCO-ME", AO POSFÁCIO DO LIVRO "ALÉM DE MIM"** - Manoel Ferreira
Elizabeth Iacomini é uma poetisa em movimento. Pode ser que não tenha
chegado e mesmo não saiba precisamente onde quer chegar. Com palavras soltas o
itinerário do verbo "além de mim", destituído de espaço, ao espírito
do ser, fonte da sensibilidade, do espírito, fonte do grito da mulher que grita
aflita, diante da dor, sufocando o pranto, mas a luz do ser se re-vela, as
miríades do além incidem nas esperanças e sonhos de colher a flor da vida, e
jorra versos que, perpassados na alma, colhendo, re-colhendo, a-colhendo
desejos, vontades, compõem o silvestre dos versos, abrindo as venezianas da
janela do "eu" para o outro além de si, o outro que é a "casa da
verdade do ser", ser da entrega, ser do amor, ser dos dons e talentos, ser
da contingência que busca o encontro da beleza, do eterno, através dos
sentimentos e emoções, dos questionamentos e buscas.
Dissera Elizabeth Iacomini talvez não saiba onde quer chegar, porque na
casa da verdade de seu ser, o além de si, em movimentos, decorando-a de versos,
metáforas, por vezes no frio do inverno, por vezes no calor do verão, no
perfume das flores na primavera, caracteriza o encontro do outro. A decoração
da casa é orientada pelo ser-aí, no caso específico, o movimento que, em cada
instância, é si-próprio. O ponto de partida não é o de mostrar e isolar o
"eu" e depois ir buscar um caminho que a conduza ao além. O
"eu" grita aflito no peito, a poetisa abre a janela dos versos, da
poesia, vislumbra o além de si, a casa da verdade do ser se a-nuncia, e ela
apaga "... as palavras/de amargurar a vida", trans-cende-se,
trans-eleva-se, levando na algibeira da alma o eu, pois compreende que o
"além de mim" não é só o outro que deseja, mas o "nós" que
é a comunhão do "eu" e do "outro", a verdade do ser é o
nós, o "além de mim" é o nós, o coração reagindo à solidão, ao
barulho do silêncio dos versos que compõe reage à solidão de sua alma, O
"além de mim" é o encontro do nós na casa da verdade do ser, mas
Elizabeth Iacomini, inconscientemente, vislumbra o silvestre do eterno. A jornada
não terá fim, Elizabeth Iacomini estará sempre em movimento à busca do espírito
divino do ser. A poetisa e a poesia, na casa da verdade do ser, comungaram-se,
são o "nós" do "além de mim".
Manoel Ferreira Neto.
(24 de maio de 2016)
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