**ADEUS, GRACIAS POR TANTO CARINHO** - Manoel Ferreira
No mais estou indo embora, em mim a memória de instantes os mais
preciosos, alegrias, sentimentos e mais sentimentos fluindo livres, e tantas
aprendizagens outras que modificaram a visão das coisas e do mundo, vislumbrei
outros ideais e desejos, alumbrei outras perspectivas de re-fletir as
travessias para a vida de querências de completudes, desejâncias das volúpias
do prazer. Muitas aprendizagens sim.
Se senti a presença da vida com as aprendizagens assimiladas,
experiências e vivências que des-abrocharam outras idéias e pensamentos, por
que ir embora? Não deveria desenvolver e amadurecer o novo homem que se
presentificou? Inscrever a felicidade no tabernáculo dos verbos eternos?
Por mais que hoje seja outro à luz do vivido, estou contente, mas além
há outra vida, novas perspectivas, novas sorrelfas de vontades, novos projetos
para a realização de quem sou. Não diria que nada me satisfaz, o pouco é
tiquinho, pensar grande é o tesouro da plen-itude; digo sim que viver está
sempre além, quanto mais se vive mais se tem para viver, é nunca perder a
ousadia de se entregar a outras buscas, nunca perder a volúpia de outros
conhecimentos.
Estou indo embora, mas deixo a minha sinceridade, a dignidade das
atitudes e gestos sensíveis: não havia conhecido inda o que é o sentimento de
felicidade, sentir sempre o impulso de regar o verbo do tempo com as águas, com
as lâminas das águas das esperanças do eterno perene que orvalha a alma de
outros confins da verdade, do perpétuo imortal que sensibiliza a memória do
verbo-espírito à continuidade do etéreo...
Aqui conheci as dimensões da alegria, os volos do prazer, a felicidade
dos ideais e sonhos, acima de tudo a sin-estesia da vida que se compõe com
idílios son-éticos do amor aos ritmos e melodias da canção do sublime, e esta sinfonia
só se presentifica com a lírica das andanças, hoje aqui, amanhã ali...
Não me entende, compreende por estar indo embora, que saltito de
felicidade e alegria com as conquistas e realizações compus, versifiquei,
versejei, poematizei.
Sou um homem tão estranho que a felicidade no de-curso, per-curso,
trans-curso do tempo acaba por me nausear, angustiar, sentir-me entediado, a
felicidade brocha, sempre senti que o silvestre das sendas e veredas são feitos
de contingências e buscas, dores e anguústias, e sempre a imagem da vida
re-fletida no espelho do além, cumpre torná-la a face do espírito, semblante do
ser, fisionomia do verso-uno.
Manoel Ferreira Neto.
(29 de maio de 2016)
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