*E A FLORESTA BEBIA O RIO** - Manoel Ferreira
Vernáculo erudito de sorrelfas das melancolias e nostalgias, e o rio
bebia a floresta.
Travessia de in-trans-itivas semiologias de etéreas á-gonias, e a
floresta bebia o rio, prescrevendo com pena os inter-ditos da alma que rumina
de re-versos in-versos as ad-versas do vento, vento de entre colinas sibilando
oníricos ritmos do efêmero, vento sob as águas, gotículas flanando, alegria
nítida de pretéritos nulos, sentimentos de apaixonados desejos fluindo de
sonhos deixados nas margens do tempo.
Raízes do inverno, inspirando a alma a recitar o silêncio do frio a
contemplar as flores a desabrocharem na primavera, exalarem o perfume dos
sentimentos da beleza e do belo, estesia do Ser e Templo-Verbo-Infinito.
O rio bebia a floresta e a floresta bebia o rio. Raízes de ritmos e
melodias da música do tempo, em sendo-em-sendo de encontros e des-encontros,
amores e des-amores, elevam-me o espírito, sensibilizado de razão/vida, ao cume
dos paraísos celestiais onde garbosamente deambulo, perambulo, vislumbrando
suas belezas e esplendores, con-templando as águas do rio dos sentidos plenos,
cantarolando o "lá-lá-rá-la" da felicidade e da paz.
Monólogo de introspecção e circunspecção de verdades que as águas deixam
e deixaram para trás, nada levam na jornada, re-novam-se a todo instante,
respostas esvaecendo-se livremente, e a alma bebe os sentimentos, sensações,
emoções, sacia a sede do movimento, sentir o fardo e o dever de mil tentativas
e tentações da vida, arriscar constantemente, jogar este jogo ingrato.
E a floresta bebia o rio. E eu-rio por água abaixo. E o rio bebia a
floresta. Rir é estar aí, é viver e viver é existir no eu, compor na alma o
prelúdio da ópera do silêncio a embriagar-se de êxtase e volúpias.
Raízes de ritmos e melodias da música do tempo.
Águas de março fechando o verão.
Águas de maio abrindo o inverno. Respingos da chuva deslizando na vidraça
da janela, silêncio da solidão, e a solidão bebia éritos volos da boêmia
nostálgica, as velhas canções dizem muito, e o silêncio bebia inter-ditos e
mistérios do vento, pois que o silêncio se aquece com o vento a perpassar suas
linguísticas e semiologias do proscênio da eternidade de onde o panorama é o da
beleza que já nasce póstuma, concebida com a presença do som das águas do mar
batendo nas docas, as ondas espraiam-se, a solidão bebia éritos volos da boêmia
nostálgica e o silêncio se aquecia com o vento a perpassar-lhe as linguísticas
e metafísicas do picadeiro do além de onde a paisagem do belo é o re-nascer a
todo instante de suas vaidades, e o rio bebia a floresta e a floresta bebia o
rio... Quando no alvorecer os raios de luz mergulham nas frinchas das folhas
das galhas, numinando a floresta, a floresta por todo o sempre bebendo o rio, a
solidão e o silêncio bebendo do in-finito as in-fin-itudes da sabedoria do ser
e do verbo...
Manoel Ferreira Neto.
(28 de maio de 2016)
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