RADHA KRISHNA DE INTENÇÕES DA INDECÊNCIA# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: SÁTIRA AFORÍSTICA ----
Epígrafe:
"É
nas faces do tempo o inscrever-se angustioso do olhar ininteligível dos
sentidos multifacetados do próprio existir."(Graça Fontis)
"Imagem
espelhada, mas que não se vê refletida, não se lhe vê a face..." (Manoel
Ferreira Neto)
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Mas onde
encontrar o silêncio indispensável à força, ao vigor, o longo hausto graças ao
qual o espírito se re-compõe, a cor-agem se mede a si mesma, a modéstia
ajuiza-se a si própria, o medo se metrifica na linha das fugas, justificativas,
explicações espúrias, a liberdade pensa a si nos auspícios da abertura completa
às outras dimensões da dignidade e da honra, do espírito e do ser, re-fazer-se,
pós tremeliques das consequências, chiliques das mentiras, pré arrogâncias e
soberbas das decisões, postremos das picuinhas e preguiças, póstergos pitis e
mazelas das responsabilidades, per de nosticidades dos remorsos de gestos e
comportamentos? Palavras apenas ao verbo dos ventos, soletragens das letras que
compõem o sentido, será mesmo? ou "seria que mesmo fossem?...",
certas construções da Língua, não é verdade?, são indecentes, mas são
importantes para o que se intenciona in finitivum dizer, efectivamente, deixemos
o latinório para depois de amanhã, para a década de trinta deste século XXI,
vaidades de estar dizendo as coisas são mais dignas e honradas. Palavras soltas
ao léu das metafísicas e da neve cobrindo montanhas, serras, picos,
montículos... venenos e ácidos destilados à soleira do panthéon das intenções
metafóricas ao gosto da estupidez da língua que só verte e jorra cretinices e
se entupigaita toda de importâncias, o deus dos deuses, Buda dos Budas...
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Mas onde
encontrar a pura solidão, atrás do silêncio, às custas da desértica re-flexão
do ser-só na solidão da id-ent-idade do estar-no-mundo, o halo divino de outros
nós graças ao qual a eternidade e a imortalidade se me afigurem a entrega por
inteiro, somos feitos para a graça, somos feitos para o iluminado, aos ombros
do caráter de liberdade significar, denotar, conotar
"responsabilidade" com as idéias, ideais, decisões, "amor e
entrega" ao ente amado conotarem as mãos entrelaçadas ao destino do
eterno?
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-*TEMPO*
São todos
os sítios,
São todos
os olhares,
São todos
os sonhos,
São todas
as utopias,
São todos
os desejos,
São todas
as esperanças,
São todas
as vozes,
São todas
as metafísicas
Desde
Sócrates, Platão, Aristóteles,
São todas
as orlas marítimas,
São todas
as ilhas e bosques,
São todos
os silêncios,
São todas
as solidões,
Desde
Buda, desde Cristo,
Persigo a
multidão,
Persigo a
multidão,
Kirtans
do Bosque Sagrado...
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Estivesse
eu em fase de profunda angústia e depressão, aliás, isto é bem verdade, de nada
iria adiantar fugir, engabelar-me, não me superaria de modo algum. Precisava
sim assumir-me. A intenção era sim de identificar esta depressão, desde o
início de minha atitude, fundamentada e fundada, de "proscritar a
indecência", e desejo sim expandir a sua compreensão, dizendo coisas que
não o fiz antes por uma questão de não estar disposto a seguir outra trilha,
outra vereda, senão a compreensão e entendimento da depressão, além daquele
sabor delicioso de saber na prática o que é isto de "proscritar a
indecência...", até compreender e con-sentir as angústias são
inestimáveis. Por que não dizer até eu ser daqueles que proscritam as decentes
indecências? Contudo, a chave para muitas das indecências estão nestas
poucochitas palavras. Acontecesse o que acontecesse comigo. Não quero velório,
velórios, amigos pesarosos e tristes falando de mim, velas, padre
encomendando-me a alma, faleci, esquife e sepultura de imediato. São-me
inestimáveis as angústias, náuseas... Preciso descansar de todas as algazarras
e de todas línguas, de toda a gente. Guardem-me na gaveta, fico agradecido com
uma tapinha terna na face direita. Já disseram estar guardado numa ilha, o que
é indiscutível. Guardado e afiando a lâmina do machado que ceifa as inflecções
de decências, à lareira do templum pagão, o prazer inestimável do dativo
masculino singular, saboreando as indecências decentes.
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-*TEMPO*
São todas
as frustrações,
São todos
os fracassos,
São todas
as indecências caras,
São todas
as decências gratuitas,
São todas
as hipocrisias, farsas,
São todas
as faltas, falhas,
São todas
as aparências,
Desfiladas
nas academias, clubes, instituições
Governamentais,
religiosas, científicas,
Rituais cristãos
e pagãos,
Cerimoniais
orientais,
Em nome
de esconder, envelar o vácuo humano,
São todas
as molésticas psíquicas.
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Mas onde
encontrar a nostalgia em seu estado lídimo e probo de delírio, devaneio,
desvario telúrico, psicodélico, radha krishna, hippies, nutrindo-se dos éritos
das vãs esperanças, dos medíocres sonhos, ridículas utopias da glória, para o
insofismável mergulho na náusea da verdade nas sinuosidades do eterno e
efêmero, do bem e do mal, da in-verdade e mentira, quando se re-vela nítida e
nula a alegria breve da consciência de que o "paraíso" se faz na
continuidade das persistências, insistências, das labutas?, o inferno, na
eternidade de suas chamas a altíssimas caliências dos pitis e mazelas,
hipocrisias e taradices da farsa, se faz calientemente por todos os fogaréus
dos fogaréus, shalom!?
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Deveria
rir-me a todos os fôlegos disto de "...fogaréus dos fogaréus,
shalom!?...", quando interrompo as idéias e as intenções, entrando com ar
trigueiro no jogo das intenções escusas e maledicências divinas? Alfim, isto de
"por todos os séculos dos séculos, amém" está sobremodo defasado,
obsoleto, perdeu a força da cor-agem de assumir as indecências; neste estilo
trigueiro, atinjo e alcanço os objetivos de dar o ouro para o inimigo, pérolas
aos porcos, sacolejai, oh vós, ao carregáreis nas costas tamanho peso, fardo,
felicita-me o sentir que o abismo espera-me solícito, devo subi-lo, ir subindo,
subindo, apesar das árduas labutas faço-o de "scarleteana sátira",
isto porque assumo com todas as letras em riste as misérias que me habitam, a
esposa nesta manhã de quarta-feira de templo nublado, clima ameno, promessa de
chuva?, perguntara-me se vou levar para o esquife os pitis, pensasse nisso. Há
dias que me não entendo a mim; não há razão, explicação, justificativa para
estar irritado, e estou irritado. Nestes dias, nem eu próprio me suporto. A
urticária é de destilar todos os ácidos críticos, mas tenho de me conter. O que
me resta é catar jerivás no campo do Maracanã, como antídoto, como remédio, como
anestésico, até mesmo como morfina para dor tão dilacerante, não vou me exibir
a este ridículo. Deixo a irritação curtir-se em mim.
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-*TEMPO*
São todos
os desenganos,
São todos
os erros,
São todas
as ilusões,
São todos
os fracassos,
São todas
as frustrações,
São todas
as vitórias,
São todas
as decepções,
São todos
os ódios,
São todas
as animosidades,
São todas
as glórias,
São todas
as desilusões,
São todas
as faces iguais,
São todas
as horas sem paz,
São todos
os humanos indo
E vindo
na multisolidão...
São todos
os vencidos cofiando o bigode,
Olhando
para um buraquito na mesa de botequim,
Pós
talagada de aguardente arranca-pulmão...
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Não
habito, não resido na virtu-solidão,
A solidão
é-me a ausência do "eu",
Não a
falta do "outro",
Não
regateio presenças...
Sigo os
presentes de espírito, alma,
Verbos,
utopias...
De mãos
entrelaçadas, subterrâneos do espírito...
Re-colho,
a-colho, colho
Ensinamentos,
experiências, luzes
De
crescimento, amadurecimento...
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Mas onde
deveria eu des-cobrir os ensinamentos místicos e míticos, ritualísticos das
moléstias psíquicas que me devoram as entranhas ao sabor dos alhos descascados
e cebolas árabes frescas, tempero dos deuses, que me satisfizessem o paladar
das proscrições, além do prazer das contravenções dos princípios que me
arrepiem os pelos corpóreos, acompanhando um chilique contraditório da carne e
ossos, se recuso peremptório a inscrever na tábula rasa os mandamentos das
tramóias e dos jogos subconscientes...? ponho-me apenas a participar da dança
ritualistica de algo preencher o vazio dos lapsos de virtudes, na noite pelas
ruas semi-iluminadas...
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Alma de
sombras e brumas, crepúsculos de desejos e vontades envelados de tristezas,
melancolias, o trem da glória segue os seus trilhos, passando pelas pontes,
águas correndo, seguindo a trajetória dos caminhos, no alvorecer nublado, a
glória continua na linha férrea, passeando vazia pelos dormentes, nas ruas
ainda desertas, os boêmios levam a guitarra no ombro, dedilham nos sentimentos
das nostalgias pre-cursoras das notas as utopias efêmeras, à beira da praia, no
crepúsculo, o brilho intenso do sol, imagens, perspectivas...
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-*TEMPO*-
São
chaves erradas,
São
lágrimas vertentes,
São
trancas trancadas,
São
algemas fechadas,
São
correntes aferrolhadas,
Preciso
socorrer-me.
Persigo o
Tempo!...
São luzes
brilhantes piscando
Em
uníssono, imagens escalafobéticas,
Risos,
apertos, tremor e temor,
Desespero
Humano,
Diário de
um Sedutor,
O
Estrangeiro,
Maulraux,
Kierkegaard, Camus,
A ciência
de o silêncio do vazio
Exalar
odores, sabores e cores...
É
compreendê-los,
Ouvi-los!...
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Persigo o
TEMPO...
#RIO DE
JANEIRO(RJ), 29 DE JULHO DE 2020, 11:14 a.m.#
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