MANOEL FERREIRA NETO ESCRITOR E CRÍTICO LITERÁRIO RESPONDE AO POEMA #TERRA PIRATA#, DE Graça Fontis $$$
Por
vezes, torna-se hermético descrever um instante na vida, sem in-correr no
lero-lero das reclamações, mania de vítima, choradeiras ridículas, sem qualquer
objetivo, projecto, apenas lenga-lenga, aquilo de fazer o gogó entrar em ação.
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Este
instante está revelado, em suas origens, com suas verdades, seguindo a
linguagem e estilo que me são peculiares.
Há
acontecimentos que trazem em seu bojo imensuráveis horizontes, só vivê-lo com
dignidade e honra.
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O poema
de sua autoria, amada Esposa e Companheira das Artes, Graça Fontis em resposta
à homenagem a si realizada, traz em sua algibeira a sua sensibilidade de
sentimentos e interpretação. As palavras são, neste instante, o "refúgio
revestido da couraça da obstinação...", o projecto incólume de dizer, expressar
o inter-dito, o jamais entregar-se, desistir, fugir, sim criar superações,
horizontes, uni-versos. Perfeitamente verdadeira a interpretação: a obstinação
em encontrar saída, outra realidade, o que chamo de "colocar a liberdade
em questão". Nada é perpétuo, tudo é efêmero.
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No
instante em que SEM AD-JACÊNCIAS DAS ARRIBAS fora escrito era plena madrugada,
encontrava-me encarcerado na solidão, todos os olhos interiores voltados para
mim, olhos da tristeza, olhos da censura, olhos da repressão, das angústias,
enfim o mundo aos olhos de mim, mas a obstinação presente da saída, da
superação, saída daquela TERRA PIRATA em que tudo acontecia, eu próprio: os
sonhos haveriam de concretizar.
E na
"plasticidade omnisciente/Do real caminho por muitos outros trilhado..."
a liberdade real, a verdade da liberdade, outros caminhos se abriram,
horizontes presentificaram-se, tornou-se um instante do passado.
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Merecedor
de méritos é o fato de que não interfiro um só dedo nas suas análises e
interpretações de minha obra, não dou qualquer palpite, a responsabilidade da
escritura é tão unicamente sua, e nem comento sobre o tempo de criação de cada
obra, e você retira-lhe o húmus, A LIBERDADE EM QUESTÃO. Admira-me a sua
subjetividade artística de captar dimensões do Conhecimento com que não está
familiarizada, sendo capaz de elucidá-la em nível do pensamento, como nestes
versos de seu poema "Quando a imaginação imprime meus gestos no
ar/Movimentam as minhas emoções em provocação...", que lembra Henri
Bergson, a dialéctica do movimento, que desvelou na minha obra. Quando as
emoções entram nos jogos da mente, o que mais aprecio é a provocação, o ácido
crítico.
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Sinceros
cumprimentos por sua linguagem e estilo, que já são peculiares, autênticos,
poetizando SEM AD-JACÊNCIAS DAS ARRIBAS.
Beijos no
coração sempre, meu Amor!
Manoel
Ferreira Neto
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#TERRA
PIRATA#
GRAÇA
FONTIS: POEMA
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Dedico ao
meu esposo e companheiro das artes, Manoel Ferreira Neto.
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Ao
silêncio declaro uma nação.
Meu corpo
entregue à tensão impressa da voz
Ao
silenciar a tirania
Dos
ruídos inquisidores
Quando a
imaginação imprime meus gestos no ar
Movimentam
as minhas emoções em provocação
A
repressão camuflada
Na
plasmação das nuvens
E dúvidas
infinitas
Que
roubam qualquer direção
No
domínio que arde
Expondo
chagas
Incendiando
o incompreensível consciente
Na
plasticidade omnisciente
Do real
caminho por muitos outros trilhado
Que
concede prazeres
E dor em
profundidade
Aos
indecifráveis enigmas
Vezes
ignorados, outras eclipsados
Às
angústias ancestrais
Na
transfiguração humana
E é nesta
terra pirata
Nas
aventureiras palavras
Que minha
linguagem busca refúgio
Revestido
de couraça da obstinação
Que
resista à taça de fel inerte no tempo
Aquando
cristais sonoros ecoam
Ágidos
brilhos da constelação oculta
Além
partida
Iluminando
a nebulosa madrugada
E brancos
desejos de um vulto acorrentado
Encarcerado
na solidão da noite
Em que
olhos macabros
Nesta
região abstrata
Sondam e
querem devorar
O que?
Meus sonhos!
Até
quando?
Graça
Fontis
#RIO DE
JANEIRO(RJ), 08 DE JULHO DE 2020, 06:12 a.m.#
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