#ENTRE RE-VERSOS E VICE-VERSOS PILARES# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA POÉTICA $$$
É mais
fácil ser feliz do que escrever;
Não troco
a felicidade pela escrita,
É
escrevendo que artificio
a
felicidade que desejo,
com ela
abrir espaços e vazios,
vácuos e
abismos,
para a
a-nunciação do
SER E DOS
VERBOS,
que lhe
tecem a VIDA,
que lhe
compõem
o
itinerário de campos
e
florestas
silvestres.
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É mais
fácil tecer palavras
Que
re-presentem a verdade
Que
habita o sonho do verbo
Que
assistir de camarote
Às
realizações de todos os desejos,
A
concretização da VIDA em sua
Essência
de pureza, inocência,
Acima de
tudo,
Da
ingenuidade do tempo,
Suas
circunstâncias e situações.
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É mais
fácil alçar vôos profundos
Nas asas
de letras e palavras
Que
encontrar no quotidiano das ações e atitudes,
Dos
desejos e vontades outras
Que
preenchem a vida de alegrias e prazeres,
Asas para
sobrevoar campos e florestas,
Abismos e
descampados;
É criando
letras, artificiando palavras,
Transcendendo
com elas os caminhos percorridos,
Que a
vida se mostra plena,
E os
sonhos de estendê-la a todas as distâncias
Se tornam
reais,
São
perspectivas da beleza e do belo.
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Vacilo
entre querer e não querer, entre ficar e arrumar as trouxas para escafeder-me
sem deixar vestígios, sinais de minha presença, fantasias e quimeras de minha
ausência, saudades de minha falta, ec-sistência, sem deixar os passos nas
pedras das ruas, re-colhendo as palavras todas que pronunciei, as idéias que,
inocente e ingenuamente, divulguei, as idéias que se me anunciaram, esperei
amadurecer para id-ent-ificá-las, como dissera um de meus maiores e melhores
amigos no instante de nossa despedida, “você está no seu mundo mesmo”, os
sentimentos de amor que armazenei em mim dentro para viver no meu espaço
singular e particular, os olhares com que observei as coisas, os rostos e os
objetos, jogando-lhes na mochila, bem mais tarde, comentários e opiniões,
pontos de vista que ouvi altissonantes, cretinices e mesquinharias, nos litteris
de todos os ipsis re-fazer-lhes e re-contruir-lhes nas instâncias e estâncias
do in-verno e seu aspecto ensimesmado nas auroras e crepúsculos do sertão,
imagem do presente, do verão e seus raios numinosos incidindo nas cabeças de
transeuntes e nas ruas sem sombras, não há árvores por todas elas, um convite
ao mergulho na divinidade do desejo e o adeus insofismável na algibeira, imagem
do passado, “hasta la muerte” no alforje, no dia do apocalipse faria uma viagem
rápida com o objetivo exclusivíssimo de soltar os fogos de artifício,
comemorando a alegria de assistir ao sepultamento da absoluta súcia, quem há
que dela não seja integrante, participante, nascido e criado nela?, ande ao seu
lado como ovelha do rebanho, ao fim de toda uma civilização e cultura, o espaço
vazio no mapa, jamais em todas as dimensões da alma; quem dera pudesse isso
concretizar, não veria re-fletido no espelho a tristeza e a desolação na minha
imagem, a boca fechada, em silêncio irrestrito e irreversível, há as suas
vantagens, observo com mais percuciência as mazelas e hipocrisias individuais e
da história, entre o que se foi e o que haverá de ser – na verdade, na verdade,
não sei se foi mesmo, parece confundido com o que está sendo, o que haveria de
ser é o que se foi, o que está sendo é uma ilusão do sonho que se anunciou
instantes atrás, tudo parece entrelaçado com certas inconsciências, concebidas
e nascidas dos instintos voltados para as justificativas e explicações fundadas
e fundamentadas nos interesses espúrios, súcias ideologias, pergunto-me como o
que há-de ser será possível, se o presente está amasiado, suciado ao passado,
entrelaçado com ele feito vermes, não tendo qualquer resposta, inda que
inviável; pergunto-me ainda se haveria possibilidade de silenciar onze anos de
minha vida, amanhã poderão ser trinta, três me foram bem fáceis, mas era garoto
de oito anos, apesar de aquando em vez alguma perspectiva se me a-nuncia, cuido
logo de devolvê-la ao catre com alguns comprimidos de Paracetamol, mais um para
somar ao coquetel que ingiro todos os dias, algumas massagens nas costas, lugar
onde tudo ficou mais que inscrito; jamais poderão figurar em qualquer espaço,
levo-lhes comigo para os sete palmos de terra, não havendo quem possa tecê-los
de modo a representá-los, quem conhece esses três anos de minha vida não irá
dar com a língua nos dentes, respeita-me o último pedido de não fazê-lo, não
que tema algo inconsciente seja exposto a todos os ventos, denegrindo-me a
imagem, sim porque não quero carregar canalha nas costas pela eternidade, tudo
o que disserem serão criações, invenções, frutos da imaginação fértil, mesmo
dos interesses de importância, pois que contribui com leituras mais
percucientes, esclarecedoras da psique e suas contribuições à personalidade e
caráter insolentes, prepotentes – não acredito que a psique seja a responsável
pela insolência e prepotência, em verdade são elas frutos da consciência da
inteligência e dos valores sensíveis e intelectuais que me habitam, foram
sempre objetos de encômio - à luz do que é exterior, mas no interior a busca de
verdades que me indiquem os caminhos do ser e dos verbos - o passado, seja o
que ele?, passado e promessa de outro presente, outro futuro; é na carne mesma
que trago esses anos, nela ninguém poderá mergulhar, arrancar dela as verdades
angustiantes que viveu por toda a vida, mesmo com a presença de todas as
mimeses para tripudiar com as mágoas, ressentimentos e ódios -, o que penso e
os sentimentos que me vão no íntimo, entre a verdade e a in-verdade –
insegurança e medo, suponho, - que me diz: “O indivíduo, sob qualquer
perspectiva e ângulo que se considerar e analisar, está sujeito a todas as
mudanças, é uma lei a mais, uma necessidade a mais para tudo o que está por
vir”.
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Mas não é
da esperança grande e imensa que nesta terra houvera, limpa e pura a alegria,
como têm costume, hábito e orgulho de assim dizerem dela, sim da condição
pesada e dura, cárcere de correntes e algemas, de trabucos e carne viva e
sensível, a culpa terá firmeza, a responsabilidade, solidez, o mal logo mudará
a natureza, os ossos para sempre sepultados – quão fáceis são ao corpo o
caixão, a sepultura! Quão esplendidas são a hipocrisia e mesquinharia na
construção de um patrimônio histórico, de um museu cultural.
#RIO DE
JANEIRO(RJ), 06 DE JULHO DE 2020, 06:54 a.m.#
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