**SEGUINDO O SOPRO DO VENTO** GRAÇA FONTIS: FOTO Manoel Ferreira Neto: TEXTO $$$
Epígrafe:
Letras e
imagem nas taças de cristal... Tim-tim, meu Amor querido! À nossa vida juntos,
o que fora antes, o que será amanhã. Beijos no coração! Amo você... de
paixão!"
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As
interessâncias da vida são em verdade mui interessantes. Há o tempo para
chegar, há o tempo para partir. Há o tempo da partida definitiva, sem retorno.
Entre o da chegada e o da partida, muitas coisas acontecem, deixam seus passos
e traços, deixam suas lembranças e recordações, deixam as experiências, ou nada
deixam.
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A magia.
O vento sopra, leva-nos para outros lugares, outras estâncias, outros sítios.
Imaginariamente, deixamo-nos ser levados pelo sopro do vento, sonhamos,
idealizamos, projetamos. In-vestigamos, avaliamos o que nos diz a alma, o que
nos diz o coração. E seguimos o sopro do vento: outros uni-versos, outros
horizontes, outras perspectivas, outros ideais, outras esperanças. A vida outra
espera-nos, e ela só diz o lugar em que está nos esperando, quando já estamos
maduros para as novas vivências, para o que esperávamos realizar. Que lugar
espera-me agora?
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Assim
retornei à minha terra-natal, Curvelo, pensando enquanto viajava de ônibus, em
julho de 2014, após o fim de um casamento de treze anos, os papéis no Cartório
ainda dizem de casamento, apenas uma vida sem encantos e perspectivas. O
divórcio sairá muito em breve. Talvez não mais partisse, aqui encerraria a
vida. Sou sonhador, nada me tira isso. Ademais, nada tenho neste lugar que
prenda, nada existe para mim nele. Como pode haver vida onde as sombras e
trevas da hipocrisia, falsidade, farsa imperam, são os deuses dos habitantes?
Sonhei com outra vida, outras situações e circunstâncias. Deixei-me levar pelos
sonhos, pelas esperanças, quem sabe um dia a luz se me revelasse, colocasse a
mochila nas costas, partisse, entregue in totum a nova vida de realizações e
conquistas.
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Havia nos
dois anos vividos na cidade certas contas a ajustar, necessitava vê-las nítidas
e transparentes. Vi-as claramente, estava cônscio de todas as coisas. A luz se
revelou distante. Olhei-a com os linces dos olhos. Investiguei-a, avaliei-a,
analisei-a. O amor cantou de galo nos interstícios da alma e do coração. Tempo
de pensar, cogitar.
E hoje,
01 de julho de 2016, ponho a mochila nas costas, tempo de partir, ir
encontrar-me com a vida, realizá-la, conquistá-la. E realizá-la, conquistá-la à
luz do Amor, a vida com o famosíssimo "V" maiúsculo.
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Parto
hoje para o Rio de Janeiro. Realizar o Amor e a Vida ao lado de Graça Fontis. A
minha derradeira viagem à busca da Luz, da Vida, após tantas outras. Escrevo
isto sentado num botequim no centro da cidade, numa bifurcação de ruas. Olho as
coisas indiferente e friamente. "Adeus, Curvelo. Adeus, povo medíocre,
mesquinho. A Curvelo as merecidas bananas(faço o movimento com a mão e o
antebraço, mão fechada). Sempre acreditei que a "existência" tarda,
mas não falta. Só à beira dos 60 anos ela se me revela nítida e transparente. E
vou com todo o orgulho da raça, da estirpe, da laia sentar-me à cadeira do
Olimpo da Existência de mãos dadas com a Graça, vamos fazer arte e pintar o
sete, amantes e companheiros da Arte. Como os sertanejos do Sertão das Minas
Gerais dizemos: "Segura, peão, que estou chegando com todos os impetos,
com todas as garras..." Juntos, Graça Fontis e eu, não deixaremos verbos
sem conjugar em todos os tempos.
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Como
dizemos ambos: "A mulher e o homem, a pintora e o escritor nas estradas da
Vida..."
#RIO DE
JANEIRO(RJ), 01 DE JULHO DE 2020, 14:57 P.M.#
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