FADIGA CÚMPLICE DOS INSURRECTOS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO $$$
Centelha
de Sentimentos...
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Qualquer
ruído de vozes.
Qualquer
altissonância de sons.
Qualquer
desafino de ritmos e melodias.
Qualquer
desatino de arranjos e acordes.
Chamas
atingem gritos.
Qualquer
silêncio
Do
abismo.
Qualquer
solidão
Da
colina.
Vôos
alçam as esperanças todas
De
liberdade,
Inda que
endossando com sangue
Os
subterrâneos de hoje, ontem, amanhã...
Há
pensamentos de futuro, longe,
Na fadiga
cúmplice dos insurrectos,
Na
exaustão álibi dos profanos, pagãos.
Proscritos,
hereges, súcias.
Templum
exilado no tabuleiro de xadrez.
Enfrente
à mancha da parede e da marca de luz inerte.
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No berro
das coisas
Só uma
serpente pode acasalar-se
Com outra
serpente.
Assim
como o fogo queima o fogo,
o veneno
envenena o veneno
e as
tempestades arrastam as tempestades.
Verdade
Que
decifra a vida em perigo.
E do
vento das tempestades
Arrasta a
morte para a morte.
Até que
defronte aos meus olhos
O inimigo
enxergue a sua própria morte.
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Noite.
Nada
jorra. Algo perdido, e quase mesmo tornado cinzas, retorna ao sibilo de sons
coníferos. Cinismo, hipocrisia, tudo silencia.
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Centelha
de verdades...
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Que
brilha momentaneamente, o que são as in-verdades no palco quotidiano das
tragédias e comédias, tragicomédias de sofrimentos, ideais, dores, angústias,
prazeres, felicidades, inseguranças, medos, covardias, nada mais sabendo em que
solo trilha os passos, nos picadeiros os riscos de queda do trapézio, no
instante do espetáculo, no "set" de apresentações e de-monstrações de
dons e talentos das trevas de todas as ausências, coisas que re-presentam e são
testemunhos, assim pisa a humanidade os seus pés no solo de poeiras, cascalhos,
trincado pelos raios fortes do sol assíduo e constante, nas alamedas e becos de
dejectos dos princípios, normas, regras, dogmas e preceitos, vestes à vontade,
às sara-palhas das tradições, de sujeiras que a massa deixa nas suas andanças,
criando e re-criando costumes e hábitos, crenças e credos acorrentados e
algemados a visões que não permitem a entrada da liberdade, "abaixo o
livre-arbítrio", "... as ovelhas devem seguir o pastor...", a
escolha de um piquenique nas idéias e pensamentos individuais, re-colhendo de
seus in-auditos a presença, a verdade que abre todos os uni-versos e horizontes
para outras utopias, desejos e vontades, sonhos e esperanças...?
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O que são
estas in-verdades, oh centelha de verdades?
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Centelha
de liberdade...
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Re-trospectivas
imagens re-fletidas no espelho, intros-pectivos pensamentos re-velados à luz
das chamas de achas no fogão a lenha, circuns-pectivas idéias e ideais
a-nunciando-se por inter-médio de uma chama de fogo na vela, o castiçal sobre a
mesa, a janela aberta, a estrada coberta pelas galhas das árvores, uma reta de
quinhentos metros, instante propício e singular para um mergulho nas ausências
e vazios, o que falta, o que falha, de que carece, e o vôo solene para outros
projectos e utopias...
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Poetas,
seresteiros, boêmios, solitários, vagabundos, toda a gente comum perambula
pelas ruas à cata de alguém, de companhia que lhes possa des-virtuar dos
problemas inúmeros, da solidão e dos medos, do silêncio e da cor-agem. Os
apaixonados contemplam as estrelas e a lua sentados à varanda de suas casas,
trocando palavras de amor e carinho, até que os séculos se consumam, e eles
sejam símbolos da Vida, isto é, a Vida é amor, eles amaram e como amaram.
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Já que a
flecha foi atirada, cuidar para que ela não tenha sido atirada inutilizando o
arco, solapando um dos movimentos necessários para tensão.
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Oh,
centelha de liberdade, projectos e utopias são as vossas origens, o que
com-preender de vossos passos, traços e marcas?
São as
dialécticas, contradições, nonsenses!
Dialécticas
das in-verdades e verdades, silêncios e algazarras.
Contradições
das causas e efeitos, das decisões e consequências,
Nonsenses
do belo e do feio, do artista e do tigela alguma, quê espectáculo dramático!
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Centelha
de pensamentos conscientes...
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Choveu o
dia inteiro; por volta das cinco e meia da tarde cessou. Por entre os sulcos,
onde o milho está nascendo nalgum lote, a água corre em riachos. Os homens hoje
não foram ao mercado, ocupados que estão em abrir os sulcos para que a água
encontre novos leitos e não arraste consigo as sementeiras tenras. Os
intelectuais, artistas, cientistas, religiões deixaram as idéias de lado, os
ideais chutaram bem longe, ocupados que estão em se divertirem à beira das
lagoas e cachoeiras, a água é redenção dos caminhos, podem seguir qualquer
vereda no mundo. Andam em grupos, navegando pela terra encharcada, sob a chuva,
quebrando com as pás os torrões macios, reconstruindo com as mãos as
sementeiras e tentando protegê-las para que o milho cresça sem dificuldades, sem
problemas.
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O tempo
nublado. O céu escuro, carregado. À noite, o céu sem estrelas, lua... aquela
sensação de... Não sei o que dizer, expressar que identifique o que me perpassa
a alma. Pesar? Desgosto? Tristeza? Desolação?
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Tais
sentimentos vez ou outra se anunciam, revelam-se, cumprimentam e se apresentam
para o grande espetáculo, sem limites para terminar, sem fronteiras para as
conseqüências dentro dos homens. Não importa se os olhos nublem, a respiração
quase não se mostre, o coração se reduza, se aperte, queira sair do peito,
deixar aquele lugar de todos os sentimentos e emoções vazio, está precisando de
um momento de sossego e paz. Admiremos, curtamos, louvemos ou odiemos os
homens, e têm aí a pachorra de responder: “Dependemos de você. Chamou-nos, não?
Se querem que vamos embora, depende de vocês?”. Não deixa de ser verdade. Mas a
petulância com que nos dirigem a palavra é insultante, ofendem-nos muito fundo.
Noutras palavras, tais sentimentos são normais na vida humana.
#RIO DE
JANEIRO(RJ), 09 DE JULHO DE 2020, 08:29 a.m.#
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