#Ana Júlia Machado ESCRITORA CRÍTICA LITERÁRIA E POETISA ANALISA ONTOLOGICAMENTE O SUJEITO DO VALOR POÉTICO NA PROSA AUTO SATÍRICA #TRIBUTO À PEQUENEZ# $$$
O texto
do escritor Manoel Ferreira Neto “TRIBUTO À PEQUENEZ”, mais uma vez satiriza o
pouco valor que se dá a grandes escritores e valoriza-se a futilidade. Um texto
que embora sendo uma sátira, é e uma profundidade enorme quando refere
inclusivamente, da miséria que é o passado. O presente e futuro da sua
insignificância.
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Constata-se
a formação de um “eu” em seu corpo de linguajar, na edificação de significados
interinos da egocentricidade da versificação, pelas provas de rompimento das
interpretações de mundo e de sujeito em versão na escrita. Procura entender
como esse gesto poemático origina a proximidade com o inopinado, o
incompreensível das interpretações. Que espelha na investigação egocêntrica e
suas inerentes balizas. Particularmente quando existem vazios, mutismos
intensos nos feitos expressivos, inenarráveis cujo cunho apontam, que o sujeito
aí incluído é resultado deste mesmo ato de incompreensão.
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A
dimensão de uma obra “é um flúmen moroso”. O enlevo arremessa sua rede de
imagens pesadas porque a obra idealiza o “ledor singular”, e vai meditando a si
própria ao inverso de incutir ideias nele, que será cada vez mais exclusivo. As
Situações que viveu e vive intensamente como refere ao longo da obra, o espaço
Alvo, as Alucinações insignificantes comprovam que breve, em outro sentido,
deve ser a erudição planeada que tantas vezes importuna o poema. A Técnicas que
compõe-se na preparação de delineamentos prévios para a escrita, carecidas de
qualquer valor. Que se vão delineando, delindo traços, fortalecendo outros
salientam, no vigor da rara brutalidade do verso, suas cores breves, efémeras,
contingenciais – suas lágrimas de impermanente – exibem que, breve, vivacidade,
é veemência. A sua cruzada encontra-se ateada. Mas a claridade, na Essência análoga,
é outra, igualmente enlameada de trevas, intercessora de ilusões, Morfismos. O
verbo das Procriações, dos Indícios de vida, do entoo do talento diminuto. Do
que não possui denominação e está lá, no horizonte e através das Entranhas. O
breve está grávido. Para Heidegger, renove-se, a linguagem elocução Para
paixão, a língua inspiradora discursa por tantos jeitos que nem sempre existe
verbos para intitular, aquilo que carece ou pode ser sugerido: No entanto, e
por isso mesmo, eles murmuram, no poema, como e por meio de inexplicáveis.
Breves no tumulto.
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Na obra
concisa encontra-se numa faculdade, de que cada canto é um indício, uma trama,
um expelir de estrépitos a cada ocasião desigual. É como se a poeta compusesse
aqui, em outras locuções, como convidar o Leitor em silêncio a provocar em
mutismo a leitura da escrita de sua leitura em mutismo do que redige. O que é o
mutismo na leitura? O mutismo é a limalha dos sonidos. Peregrinar sobre “a
limalha dos estrondos”, instalar uma deslocação anormal. A obra é um
“endereçar”, ao modo Heideggeriano: “Usualmente entendem esse conduzir como
mover, causar com que alguma realidade mude de local, com que amplie ou
abrevie, em síntese, com que se inove” (HEIDEGGER). Intriguista de obverso e
contrário, Nesse caminho de língua inspiradora, o ser da obra fala como “eco de
um proferir inenarrável (HEIDEGGER), porque a linguagem discursa como
intimação, que encaminha para uma contiguidade a constância do que antes não
havia sido intimado; o que se invoca encontra-se afastado e se aloja como
inexistência (HEIDEGGER).
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Segmentado,
embora incluído na obra coerente e adensa em sua produção, o sujeito vagueia e
faísca sua subjetividade, lastimosamente avocada em sua edificação sempre – no
interior – abalada, hesitante, sobranceira, mas ainda somente adjacente, no
ápice, da constância repleta, ou de uma jura que é inexistência – logo inefável
–, no grau em que a extensão replica à pesquisa desse sujeito.
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O
inefável, em feito conciso, encontra-se na voz que ainda nada verbalizou, ainda
que tenha aquiescido a tantos falares aí. – Pergunta-se na incerteza desta
análise, decerto a voz pequena bradando a prova de morar os versos de ardor A
interrogação, é provavelmente a pior das forças porque não salva nenhum ser da
prática igualmente pungente de viver num falar. Na activa de interrogação e
réplica não existe sinopse, mas circulação. Esta obra do autor é o que nos
aflui do poema, como de um além-mundo, eternamente meteórica. Veemente e
enormemente concisa.
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E o autor
remata com uma frase marcante - Sou pequeno, não tenho palavras, mas neste
pergaminho do verbo do nada de mim, este que agora derrama lágrimas alegres por
ser ser, rebeldia e revolta, arrasto-me nas sarjetas de todos o tempos...
Pequeno para sempre.
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Pequeno e
tão grande que vai deixar um legado muito importante. Infelizmente, só lhe
darão o devido valor um dia...mas será tarde como acontece aos melhores, que
aparentam ser pequenos, pois não procuram a fama, mas o valor que possuem como
ser e que os fazem sentir pequenos/muito grandes.
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Beijinhos
a ambos e um especial da netinha.
Ana Júlia
Machado
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RESPOSTA
À ANÁLISE ONTOLÓGICA SUPRA
Bom dia,
minha querida. Tudo bem com você, nossa amada netinha Aninha Ricardo e toda a
sua família. Após tantas inestimáveis críticas, a suprema, a obra prima, numa
sátira nesta dimensão, é só para Gênios.Sabe aquele gesto que se faz com a aba
do chapéu para cumprimentar alguém. Este gesto que faço diante de você. Beijos
nossos a todos aí, especiais à nossa amada netinha Aninha Ricardo.
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TRIBUTO À
PEQUENEZ**
GRAÇA
FONTIS: PINTURA
Manoel
Ferreira Neto: PROSA AUTO-SATÍRICA
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Fez-me tão pequeno que a grandeza disto se faz presente a todo instante,
pequeno para sempre, mas de cabeça erguida, orgulho resplandecendo sob todas as
luzes do que mais pequeno que a vida, o sorriso aberto, ser pequeno é grandeza,
sinto-me na vida, percebo o que se revela acima, nem precisa subir degraus de
escada. Sem juízo, o orgulho, ser pequeno abre-me as cancelas das estradas
sempre de poeiras por que trilho.
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Ademais,
não será necessário trabalho árduo para cavar a sepultura, os coveiros não vão
verter suor contundente, não vai gastar muito espaço, o caixão também será
pequeno, as cinzas misturadas na terra serão poucas, não enchem um copo
francês. Na verdade, aventura de um ser tão pequeno não cria paixão, não
in-venta idílios, não deixa traços, marcas, nem sente a ventania das alegrias,
felicidades que tocam a carne, seduzindo os sentimentos, seguir a jornada
passageira, fugaz, efêmera. No além, o espírito menor ainda não vai preencher
muito espaço. Inverno de pensamentos, ideais, primavera de idéias, utopias. Não
há saudade, melancolia, nostalgia do tempo que fui grande, tive de abaixar a
cabeça para passar nas portas. Digressão, sempre pequeno. De altura, metro e
quatro, se houver métrica de caráter e personalidade, o primeiro seria de 30 centímetros,
a segunda de 24 centímetro.
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Esperanças
e sonhos de na continuidade do tempo permaneça pequeno, assim é a minha vida,
fora-me dada para honrá-la, dignificá-la, reconhecendo com idoneidade o nada
ser dez centímetros maior que eu. Na tarde pálida de inverno, sequer possível
tocar as folhinhas do pé de pitanga. Ser pequeno não sente calor, não sente
amor, ainda bem porque não é necessário padecer pelas coisas que a vida
oferece.
Aliás,
não sou poeta, não faço de versos e prosas grandezas, alturas, as palavras
seriam pequenas, bem menores que o ser pequeno que sou.
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Podem
dizer que tudo o que digo de mim pequeno, de minha alma ser mais pequena que
eu, que isto não é outro recurso senão levantar-me todas as bandeiras, de
súpera importância no mundo, no caos do século XXI, mas imagino que ninguém
diria isto de mim, pois que sabem qualquer mínima atenção que me dessem,
reconhecessem alguma coisa de meus instintos, seria muito para a minha
pequenez, iria esperdiçar muito deste único reconhecimento.
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Aqueles
que andam nos meus sapatos por todos os cantos e recantos, sabem de todas as
picuinhas, pitis, mazelas de meus comportamentos, atitudes vulgares, podem
inclusive dizer que estou enviando um recadinho malcriado a José Pastell de
Abranhos por ele haver dito que sou pequeno, não há como negar isto,
negligenciar, nada de preconceito, discriminação, sou pequeno, mas tenho
conteúdo quando rasgo os verbos pelas praças públicas, re-presentando discurso
de profeta, até ganho moedas e moedas pela apresentação teatral, com quem
sustento o vício de comer chocolate compulsivamente, ele não tem conteúdo
algum, o que entendi como sendo da parte dele falta de respeito, a minha
inteligência é mais pequena que os instintos de analfas e betos.
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Cometi
todos os erros, enganos, equívocos, mas este de poetizar, versificar, versejar
para fugir à minha pequenez, isto não fiz, mesmo porque encontrar palavras para
conversar com as pessoas não é fácil, minha alma é menor que eu, não tenho
assunto, mas se me chamarem para um arrasta palavras sobre o silêncio, o nada,
o vazio, usarei apenas pequenas palavras para conceituá-los. Amar, viver um
grande amor, tocar a felicidade, alegrias, como quem toca, acaricia um objeto
íntimo, aquele por que traz sentimento ininteligível, isto é conversa para boi
dormir, jamais possível. As mulheres podem até suportar certas laias de homens,
mas não admitem de modo algum homem pequeno, com efeito a coisinha não faz
cócega.
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Não amei,
não tive amores efêmeros, voláteis, volúteis, para justificar o tamanho mínimo
de minha vida. Em todos os níveis sempre pequeno. Acredito que a vida mesma, em
si mesma, pena, sina, saga, sente-se frustrada, decepcionada, fracassada por
ser eu vida, por ser tão pequeno. De joelhos aos pés do paráclito numa
Basílica, Santuário, Santuário-basílica, jura jamais dará a luz até a
consumação dos tempos, não dará a luz a outra vida como a minha, rasga os
verbos na cara herética de Deus.
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Pode a
vida sentir-se decepcionada comigo, mas vou seguindo a minha estrada, não trago
em mim sonhos, esperanças, fé, utopias, o pequeno são o meu sorriso, o meu
riso, as minhas lágrimas sinceras e furtivas, seguindo o padre sábio de uma
aldeia ou arraial, dançando sob o som da matraca, todo aquele ritual pagão e
cristão, o paraíso é para os humildes e pobres, não para um homem tão pequeno
como eu, é até para os milionários, poderosos, doutores e mestres em
universidades e faculdades, cientistas no laboratório que dão continuidade à
guerra biológica com suas invenções assassinas, menos para um Mané da pequenez.
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Já ouvi
dizer que Deus é cinico, sarcástico, irônico, pois dá a luz aos canalhas e
idônios, pulhas e dignos, perfeitos, lindos, maravilhosos, inteligentes, no que
transcende a mim, dizendo-me respeito e tangência, Deus mostrou a sua
verdadeira face, indo além de tudo, mostrou a perfeição do pequeno.
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Amanhã,
no mais tardar mais-que-longínquo, estará a minha vida de pequeno de por baixo
da terra. Deus tomará vergonha na cara e não dará a luz a um homem tão pequeno
como eu.
Vou fumar
uma bituca de cigarro, o pulmão precisa de só pouca nicotina nele, antes que a
minha voz se cale.
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Pequeno.
Pequeno. Pequeno. Minha mãe jaz numa sepultura, nesta em cujo mármore de
sepultura estou sentado, tendo sofrido o diabo que o pão amassou, estou aqui
apenas para descansar o traseiro nesta pedra fria, mas seu maior sofrimento foi
gerar um homem tão pequeno, tão nada, tão vazio, e hoje somos sete, éramos
oito, todos felizes e realizados.
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- Mãe, no
meu casebre nem me caibo direito, menor que eu, a miséria é o pretérito,
presente e futuro de meu nada.
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Sou
pequeno, não tenho palavras, mas neste pergaminho do verbo do nada de mim, este
que agora derrama lágrimas alegres por ser ser, rebeldia e revolta, arrasto-me
nas sarjetas de todos o tempos... pequeno para sempre.
#RIO DE
JANEIRO(RJ), 12 DE JULHO DE 2020, 13:51 p.m.#
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