OLHAI NAS ODISSÉIAS QUIMÉRICAS!...# Manoel Ferreira Neto & GRAÇA FONTIS: CROQUI/PINTURA Manoel Ferreira Neto: SÁTIRA ***
Epígrafe:
"Só
plenificam-se verdades na sintetização dos objetos questionáveis quanto à
veracidade e correlações." (Graça Fontis)
"A
verdade do verbo se faz na nonada das travessias, no ser-tao das veredas e
sendas do caminho de desejos da Nad-itude." (Manoel Ferreira Neto)
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Olhai nas
odisséias quiméricas da conquista e da glória as lacônicas referências aos
princípios e rituais condenados ao esquecimento, às crenças e lendas da honra
esmagadas por descomplacência, aos mitos e causos pisoteados por inclemência,
contemplando com este olhar de soslaio as lacunas de origens e descendências, e
pensareis em que dimensão do inócuo esteja relevando tal consideração de que a
conquista das quimeras enlevam as odisséias da ausência e falha ao
consentimento de todas as culturas, lendas, causos, até mesmo as mentiras,
avaliando certos ângulos em que se mostram no girar do mundo ao léu das vaidades
e orgulhos, e vereis que considerações intempestivas como as que estou tecendo
não amenizam poucochito seja a agonia de pensar muitos foram os povos cujas
cidades foram conquistadas, e foram muitos no mar os sofrimentos passados para
salvar a vida devido aos deuses indignados. Risos, risos, risos. Pura tolice.
Canto as muitas urbes miradas, mentes de homens escrutinadas, as muitas dores
amargadas no mar a fim de preservar o próprio alento.
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Olhai nas
tragédias do caráter e personalidade, aquando só no camarim dos fracassos e
desilusões pode-se avaliar a imagem refletida no espelho e o nó górdio
atravessado na garganta, lapso de sede de qualquer natureza, lacuna de fome de
qualquer sonho ou ilusão, a garganta tranquila e serena, e estareis efetivamente
cara a cara com a farsa dos valores e virtudes voltados única e a penas às
coisas dos bens materiais e aos objetos de uso individual, e como inventariar
os prazeres e as náuseas, compor a vesperata Mezza Notte, os frutos que não
chegaram a divisar ou, em caso afirmativo, não os saborearam minimamente
aqueles que duvidam das controvérsias do destino, felicidade e tragédia,
sofrimento e comédia, e é por esta razão específica que ando disperso com a
ad-versidade dos panoramas e visões das coisas, crendo inda que a penas
piamente, em verdade, pianinho, a originalidade é uma das pretensões dominantes
do inconsciente...
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Olhai nos
lírios do campo os veríssimos silêncios em cujas bordas pervaga o solstício da
alma na sua labuta árdua e tão hermética de suprassumir dores e sofrimentos
mergulhando inteira nos interstícios das sublim-itudes ad-verbiais, regenciais
do éden, degustando o sabor futurístico, sem os futurismos do perene requerendo
sínteses do ser e nada, ser e tempo, nada e verbo, tempo e vacuidade, para se
protegerem das nihilísticas tempestades das mentirosas verdades em cujas
muletas e bengalas a humanidade se apóia até ultrapassar o portão do campo
santo, lá se refestelando das agonias da veras perene, dos princípios divinos.
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Olhai no
silêncio do bosque os restos do dia em que o vazio trigueiro de suas vaidades
desfilou, performando o desejo veríssimo do ballet que não se sabia desejo,
infundiu ritmo ao puro desengonço, a soleira do abismo é mortal e a seara não
amadureceu, a nuvem que de ambígua se diluiu, sede tão vária do que sou, do que
sobro, esmigalhado... que espaço sensível e secreto me atormenta e me provoca a
síntese do vazio e do invisível na quinta-essência da palavra, indecisa sombra
de sol-posto, esquece-me a lição que já se esquiva, fogueira a arder no dia
findo, dia de restos do ser e das coisas, impetuosos e insolentes pensamentos
ao rubor dos incêndios que consomem a terra, had-aeternum inferno dantesco, os
primitivos imploram chamas inda mais ardentes, suas almas penadas carecem de
ardência, quem conhece o drama de precipitar sem o fogo a queimar?... Sinto o
espetáculo do mundo, feito de bom dia sempre, se acaso a resposta é fria,
gélida, tarde vier, contudo esperarei o cumprimento.
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Correspondências
de sin-cronias e sin-tonias selando de palavras verbiais os solutos-abs do
tempo, sublimando do sublime efêmero do sonho adstrito, ad-stringente ao
onírico dos desejos, o vernáculo do verbo, o erudito das regências da estesia,
da gerência dos despautérios e gafes, o clássico das metáforas das volúpias e
volos do belo, em cujos eidos habitam o prazer, êxtases estéticos do nada que
move as imperfeitas verdades à busca, pleno e voluptuoso desejo, clímax da
vontade, do vir-a-ser, quando com tripúdios e estratégias se alimenta do que con-tingencia
a nonada em plena euforia por conjugar os pretéritos, ab-rogar certos
princípios subjuntivos - perfeitos, imperfeitos, mais-que-perfeitos - com o
presente indicativo do verbo "transcender" angústias, melancolias,
nostalgias, saudades do divino eterno, quando a vida bailava ao som da seresta
do perpétuo há-de ser na continuidade das consumações do vazio, sapateava ao
som de forró do "Had-eterno", as declinações das luxúrias no riste da
língua, e nos camarins, o que dizem os demônios do onírico, dançando, nos
genitivos do baile hare krishna, o boi na sombra da mangabeira transmite a
serenidade do ritual.
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Abismo.
Deserto.
Em mim, a
loucura define-se,
Em mim, a
loucura conceitua-se...
Nada há
de inteligível, mas provoca risos,
Haveria
nisto algum princípio de pilhéria?
Definir,
conceituar a pilhéria
Das
muitas-vias, por onde muito
Vaguei,
kambaleante e perdido,
Após
devastadas as sacras razões.
***
A fé
fecunda, a fé basta, a fé febunda, a fé besta do apocalipse ad-nominal e
verbial-ad do caos que mergulhou profundo no oceano dos cosmos, no céu
noctívago a cintilância das estrelas e o brilho da lua efemerizaram-se, sapos
coaxavam à beira do lago e dos rios, cobras sibilavam enroscadas no tronco do
abacateiro, corujas em uníssono nos galhos de árvores moviam as asas em êxtase,
pássaros trinavam voluptuosos, vagalumes piscavam-piscavam na janela escura do
trem que seguia os trilhos de seu destino... os homens, dormindo, compunham o
onírico de restos do silêncio, de vidas secas, de nítidos nulos, até de memórias
póstumas escritas sob a escuridão de todos os pretéritos e porvires, no regaço
do sepulcro as flores do eterno-jamais, pós-téritos do genesis e apocalipses, e
nos ínterins temas do nada-sublime, temática do vazio-res-cogitans, até radical
sem os stícios do entendimento e compreensão, sem a sonoridade, ritmo, acorde
do fonema que em sua essência esplende o perfume da verdade-ab do absurdo, a
estrangeira da imortal-itude, andar sozinha, chegar e sair solitária, sempre o
touro sentado no Olimpo, perscrutando os lídices dos rituais, mitos do verbo da
cultura milenar, místicos do sujeito-eu da febunda fé que concebe a ribalta do
sublime sob a luz, à mercê dos raios numinosos e aluminados do que não me fora,
do que não me há-de ser, mas a verdade do verbo se faz na nonada das
travessias, no ser-tao das veredas e sendas do caminho de desejos da Nad-itude.
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Olhai nas
epopéias do desvario e do devaneio em que, nos picadeiros dos mundos e fundos,
dançarinos encenavam as performances da desilusão e da tristeza de braços dados
com as chances de prazeres os mais diversos e de lambuja o drink dos deuses, o
sabor da uva colhida fresca e molhada de orvalho no jardim do paladar da origem
das línguas, quando estas não sabem de outra coisa senão destilar os seus gozos
e êxtases, cantando a ira tenaz, que, lutuosa, verdes nos pampas, lançou mil
fortes almas, corpos de heróis a cães e abutres, jogados no pasto. Em
contrapartida, não olhais em derredor dos tempos e de suas incongruências,
inconsequências, contradições e dialéticas, a imagem no espelho das atitudes e
dos leros-leros das idéias e pensamentos, obladi-obladá, por não ireis
desfrutar de um momento de prazer inesquecível, sim de tristeza e pesar por
enxergar com clareza o que as quimeras de valores inestimáveis são para o
rejuvenescimento dos ideais e sonhos do eterno enquanto dure a vida, efêmero o
eterno, eis a conclusão a que se chega.
***
Náuseas -
entardecer, no domus da igreja o sino toca com insistência, chamando os fiéis
para jubilarem os dogmas e preceitos em nome da felicidade do além, esplendor
de panorama, serenidade, inicia-se a noite, nada, vazio, nonada, efêmero,
passeio livre, des-ativando esperanças de outros desejos, des-conectando sonhos
de outras vontades, vontade do outro-caos, a alma pervaga angustiada pelas
soleiras do infinito, recitando pretéritos versos rimados de sons românticos,
fados, perfeitos sentimentos e emoções embaralhados, todo o céu é regido, em
todas as suas partes, motoras e movidas, por um movimento único, isto é, por um
só motor, que é Deus, e isso a razão humana o aprende com grande clareza da
Filosofia, jamais e sempre performando e prefigurando o fenecimento dos
instantes-limites, aqui-e-agora pelo menos de efêmeros prazeres, aqui e agora o
copo de cerveja pela metade, o de aguardente quase no final, as náuseas da
hipocrisia quase aos vômitos, que lugar é este?, isto se chama mundo?... Bar do
Haroldo. Se fosse mundo, como se chamaria? Taberna dos Nonsenses &
Despautérios.
***
Olhai nas
Odes a trangressão dos valores, as toadas melódicas amainam,
Regimentam
passagem na ponte de turva areia
Sobre
águas rasas murmurantes
A frente,
ramas e tramas entrelaçam-se
E o mar
relevante as tintas contingenciais
Tonalizam
e tematizam seu toar marulhante
Aquarela
audível
A
linguagem invernal nunca dita
Entre
formas dicotômicas há malemolência
Entre
marolas e cantos algo de melódico
Encanta,
lembra e referência
Um agir
normativo de remexer baú, relógio e letras. Seria que podereis considerar como
revelação mais do que verdadeira e séria de um caráter e personalidade isentos
in totum de compreensão e entendimento do que significa o nulo sob a luz do
nítido, vice-versa, de alguém que trespassou a fronteira das visões
insofismáveis sob os olhos das perversidades., sob as retinas das rebeldias,
sob os linces da auto-realização do homem que então se sente verdadeira e
livremente como ser-no-mundo.
***
Estrangeiras
luzes alumiando alamedas desertas, nada de silêncios vagando no canteiro
plantado de palmeiras, calçadas arborizadas, ouve-se ao longe "Apesar de
você" executada num violino. Inventaram os dogmas, des-inventaram as
verdades, em cujas bordas límitrofes residiam vestígios de imagens do eterno.
***
O sino da
igreja pára de badalar, o canto das seitas cessa, fiéis ajoelhados debulham os
terços rogando o perdão dos pecados, pastores e clérigos de-cantando e
celebrando a promessa da ressurreição, redenção, a alma saltitante proclama e
jubila os objetos eidéticos da fé, náusea e urticária das in-verdades que
plenificam as ipseidades do absoluto, deuses degustam vinhos e carne de ovelhas
no banquete de aforismos do perpétuo, riem e gargalham da inocência e
ingenuidade dos humanos que creem insofismavelmente no eterno vazio que origina
a nonada da travessia na amurada da ponte à luz do silvestre da floresta, sob a
cintilância das pectivas-pers de sin-cronias, sintonias, harmonias das barrocas
dialéticas do nonsense e as contradições metafóricas, katharsis do
parnasianismo expressionista.
***
Inspirações
e iluminações que trazem no seu bojo as utopias, o verbo-ser do místico, das
eter-itudes, olhai no vazio projetado à vacuidade.
#RIO DE
JANEIRO(RJ), 30 DE JULHO DE 2020, 11:43 a.m.#
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