ESFINGE... MUSA... SEREIA# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: AFORISMO $$$
Vocifero
sons que vibram solenes e agudos
O sol vem
nascendo,
Uivo
ritmos, melodias que soam românticas,
As ondas
espalham-se na orla marítima,
Rumino arranjos
de sensações e intuições,
O padeiro
chama na campainha da residência,
Os
estudantes passam, carregando suas pastas,
Mochilas,
contendo os livros de uso nas disciplinas,
O
primeiro raio espreguiça-se inda pelo céu anilado.
Apenas a
luz branda e suave da manhã
Esclarece
a terra,
Surpreende
as sombras indolentes
Que
dormem sob as copas das árvores.
É a hora
em que o cactus, a flor da noite,
Fecha o
seu cálice cheio das gotas do orvalho
Com que
destila o seu perfume,
Temendo
que o sol creste a alvura
Diáfana
de suas pétalas
Lágrimas
da noite que tremem como brilhantes
Das
folhas das palmeiras...
$$$
Quiçá me
não reste qualquer propósito de ritmo
Falha-me,
falta-me ímpeto de charme,
Sem
charme, qualquer ritmo é insosso,
Quer
ritmo mais charmoso que o do blues?
Isenta-me
e ausenta-me ousadia,
Fluidez
de água sentida respingando nas cordas do violino,
Olvidar-me
de ribeiro em que as ondas se misturem,
As
idéias, as imagens, trêmulas de expressão,
Passam
por mim em cortejos sonoros de sedas.
$$$
Sou a esfinge...
Da esperança abstrata que vagueia solene no espaço celeste abstraindo-me na
passagem dos pássaros, condores, águias. Sou a musa... Das cores preenchendo os
espaços e traços em harmonia com a inspiração e o sentimento, em sincronia com
a visão do há-de vir e a alma há-de ver. Sou a sereia... Dos mares cujas ondas
deslizam na superfície das águas, delineando os interstícios das dimensões
sensíveis.
$$$
O centro
do desejo é cintilante. Desde que me conheço como sendo aquilo a que chamo eu,
lembra-me precisar mentalmente em figura, movimentos, caráter e história. O
mundo surge enorme, infinito. ... iluminado e tão ininteligivelmente
silencioso, vibrante na sua essência, que é afigurado fácil extinguir-se num
abrir e fechar de olhos, unicamente afundando-se um pouco no eterno,
mergulhando-se um poucochito no absoluto, apenas jubilando-se.
$$$
...
ondulantes de sêmen.
Resvala o
instinto na linha da iniquidade.
Rumina a
voz esganiçada da falsidade, da farsa.
Bem-aventurados
aqueles que agradam as Musas,
Que
louvam a Esfinge,
Que
adoram e vangloriam as Sereias,
De seus
lábios brotam inflexões suaves...
Que
signos de paixão em círculo de luz
São
gestos, são toques de amor, liberdade?
Que
símbolos de finesse nas mãos vazias
De
cumprimentos
São
singulares e inéditos, são votos de comunhão?
Que
metáforas de sedução e convite à palavra
Que
encanta no silêncio, desencanta na solidão,
São o
dúbio, o ambíguo ornamentando os desejos fúteis?
#RIO DE
JANEIRO(RJ), 12 DE JULHO DE 2020, 11:53 a.m.#
Comentários
Postar um comentário