#PROVÉRBIOS DE ANTEMÃOS VAZIAS# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: ÓPERA SATÍRICA ----
POST-SCRIPTUM:
Graça
Fontis, anda feliz, alegre, contente, numa euforia enorme, por estar lendo o
livro Wagner em Bayreuth, de Nietzsche, tendo já lido outros dele. Nesta
madrugada estava ela conversando sobre a Ópera Wagneriana, ela não entendia bem
o cenário, as vozes, vendo nos filmes, os cantos, estava compreendendo com as
análises nietzscheanas. O contentamento dela é que está inicializando a
discutir comigo o pensamento de Nietzsche, o inédito para ela. E fora nesta
conversa nietzscheana que me inspirei para tecer esta Ópera Satírica.
Beijos no
coração gostoso, Benzinha. Bigadu pela Inspiração!
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PROVÉRBIOS:
"...
Mãos ossudas de humores satíricos e sarcásticos tecem risos e sol-risos de
angústias e medos, tremor e temores"
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"Queda
faz(er) com que se perca tudo o que poderia possuir no céu... quiçá queira no
futuro de enigmas e trevas adquirir outro bem na terra."
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"...
O escárnio é pedra angular para esclarecer os verbos defectivos da liberdade e
consciência, do silêncio e do saber, do vazio e a querença do
conhecimento.!"
Manoel
Ferreira Neto
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Escárnio...
O que há-de selo, sê-lo-á, não há como tripudiar, engabelar, trambicar,
trafulhar, trafulhir, ad-vindo do "escárnio", o AFORISMO-DE VIRTUDES,
inda mais dotado de humores, implícitos ou explícitos, talentos de idéias
estapafúrdias e verbos principais na oração do devaneio, o que há de
importância neste pormenor?, selos selando correspondências inomináveis às
pencas serão recebidas, lidas, pensadas e refletidas, "... Mãos ossudas de
humores satíricos e sarcásticos tecem risos e sol-risos de angústias e medos,
tremor e temores", com elas, ad-versus, colherei frutos inestimáveis.
Despertou-me
som colorido, vazio perfumado,
Acordaram-me
cores metafóricas, metafísicas,
Se lá no
etéreo dos portos onde se a-nuncia
A luz,
onde se manifestam as sombras dos
tempos,
O nado
branco das gaivotas fascina-me,
Dos
cisnes com as asas abertas no cume da
Onda,
sendo a frescura do movimento,
Estou
quase estourando-me de tanto rir,
Vivo
inundado de escárnios
Esses que
ao vento vem
Lindas
luzes natalícias,
Na chama
do lampião sob a mesa,
O ser
"imbecil" habita-me solenemente,
Sinto do
vento a ternura do instante-já.
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Escárnio-de
volúpias fúteis do ser e não ser, a efígie da verdade.
Escárnio-de
intuições soberbas da beleza das virtudes e honras, versos melados de paixão,
Escárnio-de
inspirações pernósticas da in-verdade e verdade, prosa de razões práticas,
ad-verso in totum às lições da "Queda faz(er) com que se perca tudo o que
poderia possuir no céu... quiçá queira no futuro de enigmas e trevas adquirir
outro bem na terra."
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O uivo
será para a noite. Quando? Sentado ao parapeito da janela, vendo o tempo armar
chuva. Pingos escoam refolhados de agouros. Vão direto para o bueiro,
carregando papéis, tocos de cigarro, canetas sem tinta, casca de fruta
qualquer, as folhas de flamboyant na rampa. Permitisse a minha condição ser
carregado, levado para dentro de mim, colocando o “mim” para fora? Não. O “si”,
fora. A luta é unir o “mim” e o “si”, sem isto de "dentro" e
"fora". Atiro patadas furibundas ao uivo, coices moribundos aos
berros. Cerro os dentes com ódio. Calúnia. Chamo-me imbecil. Berro
altissonante, a última criatura do mundo sei lá onde ouve claramente e sabe ser
o som da berrice de um homem por ser imbecil. A noite passada, a esposa dissera
que não devo me chamar de imbecil, as pessoas vão acreditar nisso. O ímpeto
travado na boca, reflui, enfim, vencido, julgando eu por isso que vou sossegar.
Antigamente era uma valeta e nas chuvas um córrego, fora colocado manilhas,
cobertas de terras, as margens não ficaram mais, nunca mais, atulhadas de
detritos de todos os níveis.
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Para que
estou no mundo? Para os críticos terem sempre o que destilar com o ácido
condizente e percuciente, suas línguas nunca ficarão inertes dentro da boca,
haverá muito a tagarelar pelos tempos a fora, desvelando, desnudando segredos e
enigmas do escárnio. São eles os culpados, responsáveis por minha consciência,
ser consciente custa muito, mas como posso tripudiar, trafulhar, sinto um
sentimento bem delicioso por essa gente indiscreta, entram na vida de uma
pessoa e não lhe dá tempo nem para fumar um cachimbo. Amo esta gente... Todos
nós ninguém, não é, minha gente?
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Escárnio-de
vontades da liberdade, libertinagens sensuais do sem-limite, prazeres obtusos,
gozos telúricos.
Escárnio-de
desejos psicodélicos da consciência, o que jamais nunca morre.
Escárnio-de
pensamentos e juízos escalafobéticos, morre o nunca, e não é que o jamais fique
para semente, mas o jamais nunca morre naquilo de "jamais isto",
"jamais aquilo", "jamais aquiloutro...", "... O elenco
do "jamais" é imenso e a história nas telinhas do mundo é muito
pequena."
Escárnio-de
provérbios, tese, antítese e síntese das hipocrisias, aderidos, comungados,
produzindo e artificiando a gaia ironia dos princípios avessos à labuta árdua
por mais que pequena res-posta à perquirição do estar no mundo ser a penas
oferecida, e o resto o silêncio no per-curso e de-curso do tempo se
construindo, elaborando, delineando, seguindo a rota continuamente, a sede do
saber. O mais aconselhável é ser peregrino, pelas estradas andando, quebrando
regras e princípios, a sede do conhecimento.
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No meio
dos homens, não posso conversar, dialogar, calar-me, dar gemidos, uivar,
berrar... seja única e exclusivamente por não ser de índole tacanha de quem
encena ser de prosopopéias, onomatopéias, e é de cacófatos e pleonasmos
viciosos – a vida tenha me ludibriado e, de súbito, me visse no meio de grande
círculo e milhares de braços estendidos a toda roda apontassem sobre mim dedos
ossudos de escárnio.
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A morte
recusa-me características. Biselou-se. Crio estilo, a fim de destrinçar sua
compreensão. Crio estética, a fim de descarnar o nada. Crio pensamentos e
ideais, cuja intenção fundamental é despertar inda mais a multiplicidade do
vazio. Crio símbolos, a fim de inserir-me na morte para não me extinguir. Crio
cenário, cujo intuito pleno de re-presentar as mímeses do riso é uma idéia sem
quaisquer sinais de delicadeza e compreensão. Se penso, sou sincero e sério,
crio até moral, embora com o conhecimento de que é fuga, medo, sentimento de
culpa. Trabalho vão. "Não ser nascido crente na Moral de ovelhas abre
fronteiras e porteiras para a liberdade de saber o que se sonha. No papel, estou
isento de dores, mágoas. Indo... Adeus, nada. Adeus, biselados!... Apodrecerei.
Serei cheiro fétido.
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Se é
verdade que o presente para mim é passado e, a todo instante, reúno o passado
enquanto situações e experiências vividas, buscando con-templar o presente, e
este é passado, de acordo com o que penso, então cria-se uma tensão enorme, em
consequência de querer algo realizado, talvez com este mergulho no nada, esteja
eu buscando explicar como é que desta verdade em mim, há momentos em que
sobremodo duvido disto, nasceram o cinismo, ironia, sarcasmo em minha visão de
mundo. Ouço risadas e risadinhas nos recônditos de minha alma, mas não me é
dado saber o que se a-nuncia, deixo as ondas no mar rolarem livremente - como
se eu pudesse interferir no movimento delas! -, amo estar aqui na orla marítima
contemplando as águas.
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Ouvira
dizer, desde tempos imemoriais, os deuses uivavam de solidão, necessitavam do
amor e da solidariedade dos homens, Zeus inda mais por se ajuizar ser o egrégio
deus do Olimpo referir-se ao fato de que ele olhava para os homens com
negligência e escárnio. Ouvira alguém dizer num sonho, estava andando no bosque
no entardecer, a voz, olhara ao redor nada vira. Morrer o que nunca passa, se
"... O escárnio é pedra angular para esclarecer os verbos defectivos da
liberdade e consciência!" Jamais... nunca passa!
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O absurdo
maior não é morrer. Sedes esgalgam ventos a trancafiarem loucuras ensandecidas,
ilusões disparatadas. À miséria e corrupção, de últimas palavras, cálices
trancam cinzas processadas de carne humana. "Tragédias e farsas de
identidades enjaulam sons res-valados até ao derradeiro delírio".
Tragicomédias e hipocrisias de conceitos e definições perenes imiscuem-se no
"vago" dos lotes, no baldio dos terrenos. A língua ininteligível
encarcera amores, mesquinhas infâmias. O outro prende da desconfiança mútua, do
receio, da humilhação, a secreta perfídia.
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Creio que
inda estou conseguindo seguir o que significa o entrelaçamento de provérbios, o
que desfruto deles no concernente à condição, sempre mostragem e demonstração
de ser o homem um animal ridículo e que claudica as mediocridades,
mesquinharias pelos salões e periferia de bares e botequins. Não me julgais
negativo, minhas idéias são bastante melancólicas e nostálgicas, é o que sinto
cada vez mais forte no crepúsculo sentado na praia observando o horizonte, o
mar. Imagine nós, nesta barca atrás de nós, atravessando o mar, trocando idéias
sobre a condição humana de recitar, declamar, discursar provérbios para
engabelar o efêmero da existência.
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Embora
toda a angústia, preciso continuar os passos de lagartixa à busca de um
bichinho que mate a fome. Até chegar a hora de encerrar-me no buraco quadrado
da parede, por alguns denominado e definido "gaveta."
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Aquando
esmagam-se conceitos e preconceitos estapafúrdios e inespecíficos às condições
humanas, à luz da soberba cegueira do que é isto "... esmagar conceitos e
preconceitos estapafúrdios...", balançando o leque com todos os gestos e
performances dos bons princípios e etiquetas, "... O outro prende(colhe,
apanha) da humilhação, a secreta perfídia, um pouco de mim, algures, uma nesga
de mim, alhures, nos vidros de loção, o frescor da memória."
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Desde que
a raça humana se tornou consciente, tem existido uma busca constante pelas
antemãos vazias de provérbios, dizem serão mágicos seus nonsenses e
despautérios, se elas inda mais esvaziassem o vazio do cálice.
#RIO DE
JANEIRO(RJ), M28 DE JULHO DE 2020, 09:57 a.m.#
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