#ANA JÚLIA MACHADO ESCRITORA E POETISA ANALISA O AFORISMO 209 /**?QUIÇA TRAVESSIA DOS VERBOS AO IN-FINITIVO**/#
Como habitual neste texto de Manoel Ferreira Neto,
porventura cruzada das eloquências ao indeterminado, não deixo de entender nas
suas entrelinhas um texto, onde estarão provavelmente correntes de grandes
filósofos e é por onde vou enveredar…bem ou mal?
Nietzsche evoca ponderação de muitos leitores por
ter sido muitíssimo nomeado por autores como Foucault, Heidegger e Sartre e
igualmente devido à controvérsia consequente do legado deixado por ele: as
críticas à crença cristã. Para ele, Jesus com reflexões como ressuscitação e
universo superior após o fenecimento, colaborou para que todos se punissem para
azular do delito protótipo, o qual, para Nietzsche, é inexequível por sustentar
o sentido de que o homem não possui uma alma que subsiste depois da morte
corpórea, e de que “deus” não permanece além de de nossos intelectos humanos.
Para Nietzsche o receio que o homem possui de
cessar e ir para o tártaro é o que alicerça a doutrina cristã, sendo a
transgressão uma ideia que nutre esse temor. Não vive uma ligação por desejo
capaz e sim por carência, o homem é um hipócrita da vida que receia suas
chagas, cultura e se oculta detrás de um deus que auxilia como amparo, para
todo o disparate e falsidade que existe no mundo. Nietzsche então recusa a
doutrina cristã, apelidando-a de Ética de gado e Ética de débeis segundo ele,
para que Deus faça-se autenticado como tal, a ética cristã monopolizada
crédulos para culturá-lo arrebanhando-os como criminosos. Um cofre atestado de
falsidades e inverdades e falsas expectativas e ambições.
Nietzsche sugere então que moral consiste na
transvaloração de todos os valores, em um desprender-se de todos os valores
morais, e um confiar e dizer Sim a tudo o que até aqui foi proibido,
desprezado, amaldiçoado, ou seja, o fim dessa moral cristã forçada a mais de
dois mil anos. Para isso, ele não pretendia que uma motim sucedesse, mas sim
que os leitores compreendessem seus fundamentos e compreendessem que ser
cristão é doar sua existência para uma ficção fé em “divo” ou para a intenção
do ortodoxo dos eclesiásticos. Nietzsche encaminha esse argumento mais com uma
marca pessoal do que grupal, confiando que seja praticável que cada indivíduo
conscientize-se dos erros de seus inerentes modos de vida e costumes.
Ele assevera que a colectividade incumbiria ser
chefiada pelos distintos, mas não pelos endinheirados se aplicado sentido
hodierno e burgalês do verbo, e sim no sentido clássico, ou seja, os mais
sensatos. Para que sucedesse essa transvaloração da cultura e crença ocidental,
Nietzsche obstando o cristianismo e à ética propõe o Super-Homem, isto é, o
homem independente do cristianismo.
Nietzsche da seguinte forma: “A moral racionalista
foi edificada com intuito repressora e não para defender o movimento da
independência. Esta moral metamorfoseou tudo o que é inato e instintivo nos
seres humanos em libertinagem, escassez, pecado, e impingiu a eles, com os
títulos de probidade e dever, tudo o que algema a essência humana. Os
encarniçamentos, anseios e desejos reportam-se à existência e à ampliação de
nossa energia essencial, logo, não se mencionam, naturalmente, à bondade e ao
erro, pois estes são uma parição da moral racionalista. A moral racionalista
foi forjada pelos indefesos para fiscalizar e subjugar os pujante, cujos
anelos, paixões e desejo asseveram a existência, mesmo na barbaridade e na
combatividade. Por medo da energia fundamental dos fortes, os frágeis
sentenciaram paixões e gostos, debelaram a vontade à razão, engendraram o dever
e impingiram correctivos para os prevaricadores. Infringir preceitos e normas
determinadas é a verídica locução da independência e meramente os fortes são
competentes dessa audácia.
Nietzsche elege a humanidade a continuar fidedigna
as suas intenções e não confiar em quem pressagia algo se alicerçando em
expectativas prodigiosas, e isso só é praticável se convertendo o Super -Homem.
Nietzsche sugere erigir nova humanização usando as sequentes palavras: o
“Ubermensch” passa a ser o novo sentido da Terra (Assim falava Zaratrusta).
Sabe-se que Nietzsche não foi o original autor a
compor apreciações à religião cristã, Feuerbach, Marx (1818-1883) e Engels
(1820-1895) já o haviam concluído, todavia, o centro censor óbice a doutrina
cristã erguida por ele é o surgimento da “moral cristã” supostamente
pronunciada para que os homens dedicassem subordinação invisual e total. Nietzsche
contendia a religião cristã, seguramente por perceber que suas teorias impediam
o protótipo da transvaloração por ele indicado, isto é, o alvo das censuras de
Nietzsche não era Cristo, e sim, as regras ascéticas experimentadas pelos
cristãos.
Nietzsche em sua obra “O Anticristo” afirma: que
somente a rotina cristã, uma existência tal como habitou aquele que cessou na
sacrifício, é cristã...” Para ele o cristianismo cessou junto com Jesus na
crucifixo, e o que apelidamos hoje de cristianismo não passa de uma metodização
dos experiências cedidas por Jesus, constituídas por intelectos humanos.
Compreendemos que o centro primordial da lida de Nietzsche era atiçar em seus
leitores um raciocínio maldizente dos valores estabelecidos em dois mil anos de
cristianismo, para que abeirássemos ao hipérbato e geração de novos valores
arremessando mão de recursos filosóficos e não beatos.
Mas, infelizmente, não chegamos lá…e como afirma e
muito bem o escritor Manoel Ferreira Neto, continuámos com Cofres abarrotados,
Panoramas cúmplices de precisões,
Não verdades,
Panoramas torcidos de falsidades, Evasões,
Futuros de anseios,
Quimeras e expectativas...
?Porventura cruzada dos verbos ao indeterminado…
Ana Júlia Machado
#AFORISMO 209/?QUIÇA TRAVESSIA DOS VERBOS AO
IN-FINITIVO.#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Nonadas voluptuosas à luz de candelabro e/ou
lampião, luminando a sala-de-estar, a energia eléctrica está faltando, previsão
de retorno, após as três da manhã, pervagando na chamas das velas, na luz vista
através do vidro do lampião, quiçá a mim fosse legada a dádiva de dizer
sentimentos e emoções se mostram em mim, posso sentir-lhes com transparências,
nonadas de imagens, perspectivas, luz e contra-luz, nonadas de intuições,
percepções, inspirações, nonadas de utopias, levando-me a sussurrar com
palavras claras e escorreitas: "A dádiva é sentir este instante, verbalizá-lo",
isto é o importante. O que possam significar, são símbolos, signos de quê, são
metáforas, linguísticas, semânticas de quê?, sentir-lhes apenas, deixá-las
perpassarem o íntimo, as dimensões contingentes e transcendentes da alma,
re-velar-se-ão no seu instante devido.
Noite. Lua. Lampião e candelabro. Solidão.
Silêncio. Prospectiva do futuro mais a retrospectiva do passado, a consciência
temporal se transforma numa equação cujo equilíbrio é a somatória da
intuição(presente), mais a memória (passado) e a expectação (futuro."
Apoio o cotovelo na mesa, amparo o queixo sobre as mãos unidas, contemplo a a
chama da vela no candelabro, a luz do lampião vista atrás do vidro de forma
oval, transportados utopias e sonhos ao Bosque Profundo, segundos, minutos
afora, sensações indescritíveis, ininteligíveis, sob as ondas ritmadas do
ventinho, sons ínfimos da neve caindo sobre as folhas das plantas, das árvores,
da grama viçosa... Antes e depois deste instante, uma contínua vida
irrefreável, onde não pausas, síncopes, sonos, tão singela na noite sem luz
eléctrica, lâmina de vento no pescoço, a janela está aberta, o tempo fluindo.
Tão frágil me sinto agora.
Nonadas de pectivas prós de a-nunciações, os olhos
con-templam, pupilas e retinas vivas, lâminas de imagens se a-presentam,
esvaecem-se. Noite de sono espesso e sem ondas do mar na praia, noite no vento,
noite nas águas, noite nas pedras e cascalhos. É noite na minha companheira, é
noite no barco à margem do rio, é noite nas choupanas e cabanas, na roça grande,
é noite nua, descalça, pervagando nela a escuridão, sons, latidos de cães,
perpassando-lhe o orvalho. Aqui entregue a este instante, verso-uno medo e
cor-agem, nem me re-corda a previsão de retorno é após as três da manhã, e
mesmo que retorne, o alvorecer se pres-ent-ificará. Coisas vem à superfície,
coisas das memórias, dos baús atulhados, nonadas. Nonadas de pectivas prós de
verdades, in-verdades, retros-pectivas de mentiras, fugas, pectivas pers de
desejos, vontades, sonhos, esperanças, quiçá travessia dos verbos ao
in-fin-itivo! O eco já não res-ponde ao apelo, o silêncio já não res-ponde aos
sons.
Baús atulhados,
Pectivas prós de verdades,
In-verdades,
Pectivas retros de mentiras,
Fugas,
Pectivas pers de desejos,
Sonhos, esperanças...
?Quiçá travessia dos verbos ao in-fin-itivo.
(**RIO DE JANEIRO**, 25 DE SETEMBRO DE 2017)
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