#EPITÁFIO A Carmen Silvia Presotto# - Manoel Ferreira Neto: EPITÁFIO
Imagine o supremo sonho, desejo, esperança do Homem é re-velar o que de
mais profundo e abismático reside em seu "ser", suas dimensões
sensíveis, emocionais, psíquicas, racionais, transcendentais, a Verdade de si
mesmo. Ao longo do tempo, des-cobertas vão tornando possíveis estas revelações,
estes testemunhos íntimos, e a vida abrindo os leques espirituais, a koinonia
com os homens, com a humanidade.
Por mais des-cobertas e mais des-cobertas, há sempre o que não é dito, o
que não é re-velado, o que não é manifestado, prescinde do tempo, prescinde das
experiências, vivências. O sonho do SER continua sua trajetória.
Imagine o Poeta... O sonho, as esperanças, as utopias do Ser, da Verdade
que lhe habitam; a sua luta com as palavras, com os sentidos, com a Verdade que
tanto deseja deixar impressa na página branca, ser-se nelas, ser-para os outros
nelas.
O poeta na sua intimidade, criando-se, inventando-se, re-criando-se,
idealizando-se, a sua eterna e imortal vontade de as palavras, os versos e
estrofes serem ele, dizerem o mais profundo de sua alma, de seu espírito. A
Arte é apenas RE-PRESENTAÇÃO DO SER, não é o Ser. Mas o poeta insiste, persiste
na sua revelação, as sendas e veredas não tem fim, intermináveis, inestimáveis.
São momentos e instantes íntimos, apesar do prazer e da alegria por trazer em
si o dom, talento artístico das palavras, os mais difíceis, complexos,
angustiantes. E destes momentos surgem obras inestimáveis, obras que são
sementes de reflexões, meditações, são solos de inspiração para outros desejos
e vontade do Ser.
Imagine não ser mais possível imaginar o poeta na sua intimidade,
introspectivo e circunspecto, à busca de sua expressão, dizer a vida na sua
espiritualidade, no que transcende as contingências... Pode-se degustar a obra
que ele construiu com o seu "Ser", com a sua "Vida",
pode-se agradecer-lhe sensivelmente as portas e janelas que ele abriu para
outros encontros, outras verdades. Imaginá-lo poetizando na sua intimidade,
esperando o seu novo poema, sensibilidades outras que traz no seu bojo... isto
não ser mais possível, havendo tanto a ser expresso, a ser dito, a ser
re-velado.
A obra que a Amiga e Poetisa Carmen Silvia Presotto nos deixa não é
apenas como ela poetiza em "RESÍDUOS", "poemas
de sonho breve…": são poemas de sonho eterno, de esperança imortal.
Uma perda inestimável da Poesia.
Um grande abraço, Carmen Sílvia!...
(**RIO DE JANEIRO**, 12 DE SETEMBRO DE 2017)
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