#AFORISMO 204/ESTAMINÉ DA VIA# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
#MIMO" à Esposa e Companheira das Artes, Graça
Fontis, por ocasião de seu Aniversário Natalício
Emoção anil,
Anil, anil, anil...
Não é na vereda a cursar
Não é nenhuma melodia para tatear no violão
Não é nenhum devaneio para mausoléus, penumbra de
preces perenes
Não são tragadas com alguns amigos na
"estaminé da via"
Não possuo querença.
Tenho todo o tempo do mundo para os lácios da
criação e inspiração dos verbos do Ser, nonadas à luz dos raios de sol
incindindo-se nas ondas marítimas que se sarapalham na praia, vazios à mercê
dos encontros e des-encontros, das conquistas e buscas da estesia da
consciência e sabedoria, nada às cavalitas da liberdade e das consequências que
palmilham as estradas de poeira, campos de grama viçosa e esverdejante,
ipseidades e facticidades ao longo dos lotes vazios... Tenho todo o tempo do
mundo para con-templar as luzes e sombras da con-tingência do eterno e do
efêmero...
Ei, cara!
Declare-me o que confecciono
Não é assento para abancar
No acesso da frontaria
Contemple moços e garotas que vão para bailar!
Observe o velhinho e a velhinha na cadeira de
descanso
No alpendre, no início da noite, lembrando-se de
suas vidas!
Ei, cara!
Exibe-me qualquer coisa recente, novidade
Oldies e oldies meus, épocas por avante
Não tem brilhas que refulgem
A não serem essas serranias no porvir?
A não serem essas gotículas de chuva escorrendo
No vidro da janela de guilhotina?
Não são lá essenciais cerros tão fleumáticos
Conseguir-me-ia licenciar, ao flanco de blues
Janas e Palomas ganindo ao longínquo?
Não é nenhuma palavra em cujo seio residem
símbolos, signos de a-nunciações de verbos a conjugarem os in-fin-itivos do
silêncio, metalinguísticas, metafísicas, semânticas, linguísticas a estesiarem
os ex-tases do tempo e dos ventos que e-nunciam o espírito da vida, a alma da
solidão.
Tenho todo o tempo para riscar com o diamante das
ausências e forclusions o espelho do há-de ser o desejo de construir a
realidade com o reflexo dos seus valores, a vontade de verdade com a sabedoria
de comer as coisas com o olhar. Tenho todo o tempo do mundo para a estética da
vida com as intrínsecas ambiguidades, encontrar a semente, o húmus para a
realização do Ser.
Ei, criatura!
Não tem nenhum horto
Do distinto flanco do cosmo
Belas enflores
Onde eu conseguiria gozar do seu eflúvio deleitoso?
Enuncie-me, ó criatura,
O que eu concebo!
Lua anil
Encontra -se encovando retro do campo-santo.
(**RIO DE JANEIRO**, 22 DE SETEMBRO DE 2017)
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