#AFORISMO 208/MOMENTO PRIMOROSO DO RISO DO INRISÍVEL# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Re-versando os avessos in-versos dos verbos e lácios, quiça´ruminar´
seja-me dado, para aquelas verdades, a todos instantes presentes no íntimo, no
que trans-cende dimensões racionais, psíquicas, sensíveis e emocionais,
sente-se-lhe, contudo verbalizar-se-lhes não é con-sentido, tantas coisas
perpassam a alma, tecer algumas considerações intempestivas, talvez dissesse
noutro estilo e linguagem, fosse inda mais verdadeiro, dizendo picuínhas,
frescurites, sandices, bestialidades se a-presentam solenes e pomposas,
vestidas a rigor, seguindo o figurino francês, bengala, chapéu do instante
atual, à margem esquerda do Senna, não havendo modo algum outro que não se lhe
entregar de antemão a quaisquer revezes, aquele sabor inestimável de
serenidade, tranquilidade, ah, como é delicioso viajar, puras asas, embora no
íntimo os demônios ateiam fogo e fagulhas de chamas aos trocadilhos de sensos,
pontos de vista, elucubrações, às ambiguidades das razões e morais, metafísicas
e/ou exegéticas, o que isto importa?, do intelecto e estéticas, éticas, mas
haverá quem decifrar estes despautérios sobre despautérios, sem quaisquer
intenções, até mesmo de rir do inrisível, com aquele olhar trigueiro, faiscando
de cinismo e sarcasmo, e mesmo que o fizessem, a que interpretação, análise
chegariam, o que mesmo tem a falar dos despautérios, apenas brincadeira com a
desafinação de pianista num instante crucial da música, então o momento
primoroso do riso do inrisível... ou melhor dizendo, audição do in-audível...
In-versando os re-versos avessos das vozes e do silêncio, instante de
leveza, frios espíritos de gelo, quiçá sentir os labirintos por onde perpassar
sentimentos e emoções, e nas suas sinuosidades, levando-me e sendo levado, numa
viagem onírica, a luz a revelar esquecimento, e murmurando, sussurrando,
nascimento, re-nascimento, outros ideais, pensamentos, idéias, utopias,
posturas e condutas defronte aos enigmas e mistérios do finito que me habita
desde a eternidade às eternidades, vivenciando nas atitudes e ações, as mãos
vazias, re-colhendo, a-colhendo, colhendo os espíritos de gelo, imagens
longínquas, distantes, traços, visões, con-templações, sonhos e verbos de
outras alamedas por onde per-cursar, de-cursar, cursar os abismos de silêncios,
sons de nonsenses, ritmos de triguices das doidices e esquisitices, melodias de
dúvidas e in-certezas, toda a vida ecos do passado?, acordes das katharsis e
medos de a comunicação com os inter-ditos da alma ser impossível porque a fala
prescinde de dimensões da imagem, das perspectivas, dos traços, e a comunicação
com o eidos do incognoscível é impossível porque a sensibilidade dos verbos não
sejam vivenciadas, plenamente cena cômica do teatro dos cactus e oásis no
deserto das ambiguidades do não-ser no quotidiano das coisas e das relações, quanta
hipocrisia, ideologias no métier das idéias e pensamentos. Ecos de um ponto no
tempo.
Às avessas re-versas de in-versos, in-versando o re-verso, imagens
distantes brilham, o olhar perde-se nas encruzilhadas, oníricos os sentimentos
e emoções que perpassam os liames da in-verdade e verdade, e tudo são o sonho
de verbalizar este momento, dizendo-lhe, não importando se à luz da compreensão
e entendimento, a sensibilidade de rir enquanto as sorrelfas do que in-finitiva
os tempos e as melancolias e nostalgias dos pretéritos e passados no entardecer
de uma visão-de-mundo, o anoitecer de inspiração do que há-de alvorecer, o
conceito de uma travessia do que poderia vir-a-ser e o ser que se faz
continuamente nas indagações, perquirições do estar-sendo, nada, liberdade,
consciência, e con-templações, esperanças, não olvidando o limite do
esquecimento, seria o matagal que deveria percursar, res-ponder-me com
categoria e autocrítica, se toda a vida me foram sombras de outro dia, que
motivo haveria para não ser raios, cintilâncias, lúmens no decorrer dos dias,
ainda ávido para viver.
Avessando os revezes re-versos de in-versas contramãos, volúpias e
êxtases exultantes de prazer por mergulhar nos núcleos da crítica,
id-ent-ificar-lhes os venenos e ácidos, no que concerne ao aforismo "Se o
Ser se faz continuamente, a continuidade é também o Ser", embora o autor
assim não considere, qualquer palavra que substituir o Ser tem lá o seu
sentido, re-vela reflexão a ser cuidada com esmero, contudo perde-se na imensidão
das dia-lécticas e contra-dicções, não fui quem o criou, servi-me dele para
pensar o tempo, enchafurdei-me num abismo insofismável de nonsenses, possa inda
compreender e entender os hiatos de percepção e intuição da trajetória das
utopias do Ser ao Ser, então é mister seguir outras alamedas das
con-tingências. Vero: o Ser se faz na continuidade do tempo, mas tal conclusão
torna-se lei do menor esforço, não se é mais necessário pensar, meditar, o Ser
já está esclarecido.
In-versando às avessas de re-versos, avessos in-versos, inda me lembra,
não sei precisar se através de múrmúrio, sussurro, tom quotidiano, dizendo a
alguém num jantar no bistrô, comemoração de recebimento de Diploma de
Colaborador num tablóide, disseram-me ser ícone do re-verso in-verso, in-verso
re-verso, e sendo assim como eu diria haver sido o sentimento que me perpassou
no instante do recebimento do diploma, respondendo: "Um mestre das avessas
re-versas do in-verso, com maiores detalhes, puxando os "esses" como
fazem os mineiros...", o que chamou a atenção, aquele arzinho de "o
que você quer dizer com isso", e mesmo que interprete, analise as
palavras, o que mesmo dizia naquele instante, não entenderiam e compreenderiam.
A imprensa escrita, os seus condutores, prescindem de massa cefálica.
Lembrando-me deste acontecimento singular na mesa do bistrô, tomando
whisky, jantando, aquando rasgara o verbo com todas as sedas da crítica a estes
eventos, singularmente aos que recebem diplomas e nada haver que identifique o
merecimento. Não captaram a mensagem, mas guardei na memória, teria a sua
sabedoria e fruto. Passaram-se anos, poucos, e, como me não é possível o
esquecimento, a qualquer instante se re-vela e flui, ecos do passado, a viagem
inestimável por seus abismos, quiçá desejando verbalizar o ponto no tempo a que
con-templar, desejar a sua re-velação, ser-lhe no trilhar dos desertos e dos
vales...
(**RIO DE JANEIRO**, 24 DE SETEMBRO DE 2017)
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