#POETISA E ESCRITORA ANA JÚLIA MACHADA ANALISA O AFORISMO 207 /**AFORISMO 207/SOMBRA DE POR BAIXO DOS MATA-BURROS**/#
Ora bem, perante a leitura de mais um belo aforismo do escritor Manoel
Ferreira Neto, que baseia-se sempre na sua erudição filosófica e grande saber
da vida empírica.
Começaria por verbalizar que é bom não esquecer de que o tempo conduz
transformações, mas o ser humano perdura tão imaginável quão na Era da Pedra.
Sabedoria não é credo, mas um juízo metafísico respeitante à acção de
meditar reflexivamente. Daí, a multiplicidade dos seus soslaios e a extravasão
medíocre das suas significações mais letradas. Numa conspecção dissolutamente
informal, podemos enuncia-la como a afeição deliberada e filantrópica de se
considerar sobre as teses importantes à vida humana. Seu propósito mais
afidalgado é espicaçar pessoas a pensar com intentos dignos em benefício do
progresso mental público.
O individuo meditativo é um crítico da existência semelhante à
perspectiva do competente imaginário. Revira serranias de imperfeitos
compreendidos no trato diário para descobrir relações intelectivas que escorem
a harmonia e extensibilidade de suas certezas. Propõe-se o sentido geral e
existente do universo autêntico, mas zela para não se amoldar ao senso trivial
desmantelado nem aos devaneios cravados de esmeros proveitosos ao
estabelecimento estadista /mediático.
Nesses dias de excessos desprendimentos sociáveis, não fitamos porque
excluir a Sabedoria Populista. Os graus de entendimento significativo mútuo
jamais foram muito benéficos, mas presentemente encontra-se bem inferior. A
contrariedade para decifrar temas é sensivelmente um flagelo entre os jovens e
a correspondência verbal fica cada vez mais monossílaba e desordenada. Enquanto
não progredirmos para uma mímica menos grotesca, é melhor bisar um adágio
acessível de evocar do que "trucidar o português".
Desde os meados do século passado, nossa geração fantasiava com o
progresso moral e científico do homo sapiens. Aconteceu que ao se Ligar uma Tv
e a refutação estará lá: - Despida e Atroz.
Atualmente, as reflexões difundidas, sobretudo nas Mídias de massa, são
apadrinhadas por propósitos comerciais ou ideológicos com consequências
subconscientes prejudiciais aos lesáveis civis. A preponderância da comunicação
de imagens faculta a absorção, mas rejeita o conhecimento pessoal. Os olhos
observam precedentemente que a mente disseque. forma-se assim um condenável
"desvio" do senso comentador e sintético para o desatento ser o que
não pensa que se adapta na área de bem-estar do "deixe a vida me
levar", ignobilmente influenciada.
Aguilhoando as inspirações e estranhando os sentimentos, os
manipuladores podem conduzir os alheados ao recuo igual ou pior do que a
rusticidade antepassada. Isso mesmo, à era em que os espólios dos derrotados
eram conquistados pelos mais impetuosos. Ora, nem no mais paradoxal
pressentimento, quem conceberia que, um dia, avistaríamos um descendente
aniquilar os pais por proveitos monetários?
Possuir ou não possuir não é a mais o assunto, mas a causa de viver de
quem ainda acredita que a dita deriva do domínio e da abastança. Nesse trama de
monstruosidades irresponsáveis, tudo alvitra encontrar-se ao conseguimento de
todos sem nenhum empenho ou dom amplo. Enquanto cada um afigura que os outros
já possuem e estão satisfeitos, o adulterado raciocínio comum é conquistado por
uma só cobiça coletiva e incalculáveis insurreições interiores, cada qual a seu
modo e resistência.
E se, num mundo assim ateado por tanta deprimência, adversidade e
impetuosidade, as pessoas, ao inverso de persistirem em uma sabedoria
edificante, escolherem persistir na via ferina das disputas, nosso desfecho
será catastrófico. A agnosia, seguramente, levar-nos-á ao extermínio... Em
muito menos tempo do que o calculado pelos aplicados.
Um noviço seguro de sua pouca erudição deve estar apto para as críticas,
mas quando alguém no elevado do seu insignificante supedâneo da tirania tenta
enfuscar uma herança milenária, tanta imprudência nem logra réplica. A
Sabedoria Popular pode até ser censurada, mas considerá-la cultura supérflua,
em nossa decorosa ideia, não é coisa que se faça. Senão por uma miserável
carência de consideração aos filósofos que, desde os princípios da
racionalidade, já partilhavam a erudição adquirida para os mais adolescentes
oriundos do seu rancho.
E como profere O escritor Manoel Ferreira Neto, assim marchará a
humanidade ao longo do tempo, transactos e actualidades são nostálgicos
outroras, a melancolia do porvir são as lágrimas da perpetuidade,
caracterizadas pelo excelso da ambição, modéstias do raciocínio, singelezas da
confiança.
Ana Júlia Machado
#AFORISMO 207/SOMBRA DE POR BAIXO DOS MATA-BURROS#
GRAÇA FONTIS: PINTURA
Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Morte... Devaneios... Ideais...
Cinzas do tempo. Re-nascimento. Outrora de pretéritos perenes
con-solidando de semântica dos ideais de perfeição, essência da plen-itude,
circuns-crevendo de utopias idéias e pensamentos, cujas linguísticas
con-ting-entes eram do silêncio a indiferença com as náuseas, endossando de
significantes apocalípticos dos sonhos de imortalidade, eidética da
sublim-itude, pers-crevendo de epígrafes versáteis e versejantes, cujas
metáforas do além e confins eram da solidão, a katharsis do efêmero em cujo
berço das volúpias voláteis dormia o sono da inconsciência desejando o
manifesto dos mistérios nos cofres dos séculos guardados, acumulados. A
sabedora não é acúmulo de conhecimentos. A vida circun-vagando, pervagando no
tempo, nas trevas e crepúsculo do nada que renunciava, rejeitava prepotente e
orgulhoso ser o mov-ente para a jornada ilimitada à busca da verdade do verbo
"ecsistir", sistere do vazio no ínterim do amor e ódio, ao verbo e
carne do substantivo e ossos, das figuras de linguagem e estilo e o pó
remanescente da matéria corpórea do estar-no-mundo, equilibrando-se no trapézio
das glórias e fracassos, da plena saúde corpórea e a doença da alma culpada de
seus pecados fundamentais e capitais.
Não adianta qualquer sonho ou esperança de o além velar os subterrâneos,
cavernas, grutas, abismos, até mesmo a sombra de por baixo dos mata-burros, se
os olhos do olhar não trans-cenderem o in-finito do horizonte paraclitizado de
liberdade e desejo do perpétuo, se as retinas e pupilas da visão não
meta-incindirem suas imagens in-finitivas no uni-verso evangelizado da
consciência e responsabilidade com o que há-de humanizar os sentimentos e
emoções do amor-cáritas.
Alegria. Comtentamento. Felicidade. Restros-pectivas de tempos
inesquecíveis, inomináveis, inauditos.
Se algum dia mergulhar plenamente, em toda a essência do ininteligível,
pleno, destituído do nada, des-provido dos vazios do efêmero, omnipresenciarei
o alvorecer, amanhecer do vulcão das verdades todas em síntese, concebendo e
a-nunciando o som, a música, o ritmo, o acorde da dialética do símbolo e signo
do sublime, do homem sublime que con-templa a templ-itude do tempo à luz
fosforescente da verdade aberta às travessias do tempo e do ser.
Solen-itudes, Serenidades
Solenes
Sublim-itudes, sublim-idades
Sublimes
Alvorecer de espectros perspectivados de luzes diáfanas, iluminando de
pensamentos da liberdade as idéias, do tempo as utopias do ser da verdade que
perpassa horizontes e uni-versos, finitos e in-finitos, confins e aléns,
arribas e aquéns solsticiando as re-vezes das dialéticas, os re-versos das
contradições, nada e vazio vagueiam nos liames da alma e espírito, assim
caminha o ser subjuntivo do verbo literário da gnose.
Peren-itudes, peren-idades
Perenes
Perpetu-itudes, perpetu-idades
Perpétuo
Crepúsculo de contingências da solidão incondicional entre o sentimento
da a-nunciação do desejo e a emoção frígida da nonada habitando profundo a
sorrelfa do paraíso perdido, o sol também acorda, levanta, brilha, após dormir
de conchinha com a lua, soninho gostoso, leve como a pluma da leveza, como a
insustentável leveza do ser.
Re-vers-itudes, re-vers-idades
Re-versos
Angústia... O resto é silêncio...
Silêncio re-fletido atrás do espelho da solidão, a imagem límpida de
perspectivas re-velada nos auspícios da luz, ribalta do absoluto, tablado do
vazio, camarim de travessias, cores e arte fazem a face simples da nobre
imortalidade.
Volúpias. Êxtases. Sou o que não sou e não sou o que sou. Efemerizo o
ser de mim. Absolutizo o não-ser para verbalizar a esperança e sonho da vida
que se olha e sente o olhar do além sob a querência do vento cibilando desde o
eidético crepúsculo do abismo aos auspícios poiéticos do celeste em cujo espaço
perambulam e vagam soltos e livres...
Assim caminhará a humanidade ao longo do tempo, pretéritos e presentes
são melancólicos outroras, a nostalgia do futuro são as pérolas da eternidade,
representadas pelo sublime do desejo, humildade da razão, simplicidade da
esperança.
(**RIO DE JANEIRO**, 24 DE SETEMBRO DE 2017)
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