#CAMPO DE GERÂNIOS LÍVIDOS# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Degraus do infinito.
O tempo que desejo são ramos e folhas verdes, viçosos, sem distância,
sem long-itude numa estrada cristalina, numa trilha de solo íngreme, rachado
pelos raios de sol, senão quando é mister atravessar os campos. Liberdade é uma
esperança traçada no peito de uma coruja e seu eterno canto na madrugada à luz
da eternidade projetada de imagens límpidas de perspectivas. E fazê-la cantar é
recriar silêncios e outros silêncios conceber, gerar, dar a luz a in-audictos,
inter-dictos.
Águas límpidas na íris - minha prosa é a alma ardendo nas chamas do
desejo da verdade, entrelaçado à face oculta da palavra sendo universo de
cores, tonalidades, formas colossais, na face oculta dos símbolos e signos a
luz da liberdade habita silêncios e cumplicidades, solidão e correspondências.
Sorrio à esguelha, mergulho profundo nos recônditos do além, rasgo
solene as páginas pretéritas das ilusões, fantasias, peregrino no campo de
gerânios lívidos, acompanhado das cintilâncias do perpétuo, a leste de minha
visão a caliência da liberdade que me perpassa a sensibilidade da vida, o
sensível transcendente do espírito, o cognoscível contingente da alma...
Por que não me sentir sozinho nesta jornada, se o eu de mim recria as
sorrelfas do pleno, se o mim do sou poetiza a prosa da contingência nos passos,
passos a passos, vazios de alamedas que perscrutam o pretérito presente do
infinitivo, degraus do verbo auspiciando a esperança-vazio da sublim-itude
metafísica do tempo que entre-laça almas gêmeas, que as inscreve nas pontas das
estrelas, e o ponto-instante revelando os cinco taos do sou-ser de meus sertões
de veredas e sonhos, vida seca no útero do ad-vir, porvir, vir-a-ser da magia?
Amanhã serei quem sou, a vida que as letras me reservaram, a liberdade
que o tempo consumou na minha alma.
(**RIO DE JANEIRO**, 14 DE JUNHO DE 2017)
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