#AFORISMO 319/DIALÉCTICA ESTÉTICA DA SENSIBILIDADE# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Pers
de ilusões olvidadas, nonadas recusadas, refutadas, retros de idílios
postergados aos instantes-limites, absurdos; liberdade, sentimentos soltos à
larga das volições pretéritas, subjetivas in-fin-itivando de nonadas os
terrenos baldios da alma, os lotes vagos da inconsciência, o tempo que à medida
das travessias desliza suave e leve, sem lenço, sem documento, sem
destino, sem sagas, sinas, subjetivando
de vazios as querenças de sonhar as plen-itudes do além por inter-médio das
inspirações, intuições, percepções, intenções, que re-colhem, a-colhem a
sensibilidade, o espírito, éritos, érisis, iríadas, iríasis, nuvens brancas,
nuvens azuis, estrelas, as luas, raios
de sol incandescentes, dialéticas da iluminação, utopias do sublime.
Em
deus me erijo, insciente, deus faminto, deus sedento, saudoso das faces
iluminadas, saudoso da existência, saudoso da tradição da auditividade e não
oralidade, metáforas das modalidades discursivas. Por que o pensamento revoa à
toa, na luz? Por que nunca se escoa o tempo? Vou seguindo em demanda de meus
rastros, é um tremor radioso, um temor resplandecente, tremor e temor, uma
opulência de quase impossíveis, de impossíveis, casulos do possível. Há tanto
tempo que o tempo não lembra, mas os segundos no ponteiro do relógio se
recordam da poeira que os gestos espalhavam no chão. A mente exausta coloca em
risco a produção artística, mas se serve de si mesma para constituir a
soberania.
Seria
que houvesse de explicar, elucidar, gastar toda a lábia para dizer que se
"deus" aqui está escrito com letra minúscula se refere à mitologia
grega? Pode haver quem elucubre, vagueia, devaneia ser heresia escrever deus
com letra minúscula. Zeus é o pai de todos os deuses. Zeus é escrito com letra
maiúscula, e todos os outros são com letra minúscula, por exemplo, o deus
Apolo, o deus Júpiter. Eresis sou a mim, verbo, estética, sensibilidade, ainda
que às re-versas.
A
sabedoria das esperanças habita a entrega, doação ao pensar que pensa o
pensamento do sentir que sente o sentimento, do refletir que reflete a
reflexão, do meditar que medita a meditação, con-templando dos interstícios da
alma carente, do íntimo solitário, do coração estrangeiro, do inaudito ao
silêncio, luzes e contra-luzes que reluzem a cintilância no reluzir das
paisagens, imagens na tela do alvorecer da terra à soleira do mundo, imagens
lúdicas do uni-verso seduzido pelas constelações idílicas, simbolismo do
vir-a-ser, e o nada passeia na lua cheia, signo do eterno, forclusions,
manque-d´êtres solsticiados de neblinas, ensimesmando, ofuscando a visão do
infinito, mas o vento cândido passando levemente sarapalha os flocos de
neblina, inda que embaciados para as sensações primevas, primárias do eterno,
eterno que ama ocultar-se e re-velar-se, infinito que in-fin-itiva o tempo e o ser...
Só
sei de mim, só sei de mim, só sei de mim.
Quero
o perfume da flor que me embriague, que me inebrie, flor que nasce, despetala à
noite. Quero o sonho que anuncia a estética da consciência. Toda superfície da
consciência deve ser preservada/conservada livre de todos os grandes
imperativos; toda sensibilidade deve ser res-guardada das intempéries e
desassossegos, para que revele o que há profundo inconsciente... Outras
alamedas, sensibilidade e consciência, livre, pretéritos são pretéritos, passado
é passado. A solidão é a mim, somente palavras não diz coisa alguma, vivê-la é
emocionante, filho de mim próprio, pai e mãe de mim mesmo, irmãos de mim, a
amada ao lado, entrelaçadas mãos, as estrelas brilhando no céu, as cadelas
latindo, utopias, projectos, os lobos uivando no alto das colinas, a coruja
cantando, sonhos e verbos..., o folk-lore da natureza, mitos, lendas, conversas
para boi dormir. Quero(emos) o amanhecer
com outras ilusões, inspirações, intuições, percepções.
Quero(emos)
o amor da flor de cactus, secos, água que sacia a sede, a entrega à
ec-sistência diante das verdades íntimas, particulares, nada escondendo,
ocultando, existimo-nos, da flor de cactus às sementes, construtores de pontes
da futura flor do amor.
(**RIO
DE JANEIRO**, 26 DE OUTUBRO DE 2017)
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