#AFORISMO 276/SER E POESIA, POESIA E SER# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
O poeta re-colhe o discurso na liberdade da
paisagem. Para não encolher-se na prosa de uma narrativa, escolhe a liberdade
da poesia em que, re-colhendo o discurso, deixa a paisagem vir a si mesma na
Linguagem.
In-finito. Neblina fina velando pectivas de
miríades de verbos que se a-nunciam no horizonte des-velando a-núncios de luzes
que se re-velam no uni-verso, velando e des-velando os in-fin-itivos do ser.
Sendas e veredas de caminhos silvestres. Ser e
não-ser. Efêmero e nada. Sibilos do vento perpassando o espaço, distante sons
ecoando entre as montanhas, ritmo e melodia escutam a paisagem que re-colhe e
a-colhe imagens visíveis do in-visível. Poiética do sonho das estesias do
sublime trans-literalizando de poesia o sensível, nas asas da águia viajam volos
e fantasias do espírito da vida, nas vias do tempo en-viando as esperanças do
sublime, do vir-a-ser do mistério, linguagem da plen-itude vers-ificada de
encontros e des-encontros do que vela e des-vela o nada e o ser, éritos
vestígios do tempo, e nos vestígios re-colhendo e a-colhendo as raízes
profundas da travessia do genesis ao apocalipse, das origens aos confins,
deixando-as livres, soltas, leves per-cursarem as alamedas rumo às primevas
luzes do há-de ser a iluminação das vias para a continuidade dos desejos do
espírito do verbo. Poesia poética da poiésis do ser que vela os mistérios, dos
mistérios que velam o ser. Travessias. Nonadas. Nada além das metafísicas. Nada
aquém das metafísicas. Aquém, além, algures, alhures. A poesia é a origem do ser
e o ser é o verbo originário da poesia. Ser e poesia. Poesia e Ser. Orvalho.
Sereno. Neblina. Velando e des-velando os abissais eidos do in-finito, cores
vivas e cintilantes do arco-íris, arco-íris que colore a poética do espaço com
o verbo iluminado das regências do tempo e do ser, com os adjetivos da
con-ting-ência e trans-cend-ência dos sonhos e utopias do vir-a-ser, liberdade
poética eivada da poiésis da entrega ao espírito da linguagem que não se versa,
verseja, vers-ifica, flora livre no seu ser linguístico, semântico, nela é o
seu ser, nela é o seu eidos, nela é a sua perfeição que se re-nova no
sendo-em-sendo das paisagens do in-finito.
O pensar que a-colhe a palavra, o sentir que
a-colhe o in-finito - tentar redizer é poesia, pensamento originário. Relação
originária entre a poesia e o pensamento, movimentando-se no Ser como dizer, o
logos no sentido heraclitiano e fundamental do homem e a existência, entendida
na forma de compreensão do Ser.
(**RIO DE JANEIRO**, 16 DE OUTUBRO DE 2017)
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