#AFORISMO 318/DESPERTANDO A ALMA PARA O "ESCUTAR" OS TRINOS DIFERENTES DOS PÁSSAROS# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Ecs-por a esis do pó, de onde viemos os homens e para onde iremos,
sentindo n´alma os momentos e instantes do efêmero e do eterno,
contra-dizendo-se, harmonizando-se, vice-versa - mas quem disse o tempo sejam
momentos e instantes passando na ampulheta? -, esis do pó que são húmus da
terra, esis que são sêmens de sonhos e utopias do florar de verbos no
des-petalar dos in-fin-itivos dos modos e conjugações... esis do pó que são
eidos dos desejos e vontades da plen-itude do Ser e do Espírito... esis do pó
que são visões da "a prés-ença" da travessia do anoitecer ao
alvorecer, e que se comungam em unis-sono, {e o sonho sintetiza às cavalitas},
à luz do desejo de liberdade.
Mãos postas às alturas da beleza e do belo,
Rogando a sublim-itude do ser-no-mundo,
do sendo-em-sendo,
um elo entre nascimento e morte,
telos e arché,
continuidade do ser
que se faz continuamente de sonhos
e esperanças,
estratégia que se consuma pela negação
da poesia que nasce entre a palavra
e o silêncio,
permanência que se constitua pelo fim,
que se concebe entre a fin-itude dos sentidos
e perpetuidade das semânticas
e linguísticas,
que se geram,
re-geram,
tornam-se a gerar através
das nad-itudes das facticidades
e ipseidades.
Poiésis do alvorecer, a-nunciações da luz, revelações da claridade,
patenteadas evidências, despertando a alma para o "escutar" os trinos
diferentes dos pássaros, sinfonia de sons, ritmos, melodias e acordes, harmonia
do novo e o vir-a-ser do outro que trans-cende as con-ting-ências dos desejos e
vontades, acordando as dimensões do sensível para a con-templ-ação do In-finito
das fontes da natureza que jorram as águas cristalinas de todas as esperanças e
fé no que há-de ser na entrega verdadeira e plena das buscas da poiética da
espiritualidade, da vida que sonha a luz límpida dos caminhos do campo que
levam aos templos dos terços debulhados de versos e estrofes,
meta-estilística...
Pensador é todo homem. Todos têm gosto, apreciação, admiração,
subjetividade pela revelação do mistério no des-velamento do não saber. A arte
de pensar é dada por um modo extraordinário de sentir e escutar o silêncio do
sentido, o silêncio do significado, o silêncio do significante, o silêncio do
dito, o silêncio do inter-dito, nos dis-cursos das realizações.
No pensamento não somos apenas enviados a remissões e referências. Não
está na semântica ou na sintaxe a originariedade do pensamento. Uma paixão mais
originária do que toda a semântica ou qualquer sintaxe, a paixão do sentido,
toma posse de nosso ser e nos faz viajar por dentro do próprio mov-imento de
referir, de remeter, de enviar. A arte de viver correspondendo a um sentido e a
uma realidade.
" .... Não há um pensar, um dizer-se, antes do silenciar-se em si
mesmo.”. E por que não? Porque o ser é algo derradeiro e último que sub-siste
por seu sentido, é algo autônomo e independente que se dá em seu sentido, que
flora em sua floração. Só nos resta encarar de frente as palavras e o silêncio,
o ser no mov-imento de seu sentido a fim de não perdê-lo de vista e esquecê-lo
nas obnubilações do tempo. Lento desenvolvimento da arte de viver sob o signo
do cuidado de si.
Os percalços e peripécias do tempo nos proporcionam o horizonte de
doação do sentido que se dá, à medida em que se retrai, à medida que se envela.
" O belo é a observação do sentir poético. Daí a transcendência, a
metafísica do poeta para compor sua poesia." Um erro crasso, ruço de todas
as metafísicas, vistas à luz deste ou daquele filósofo, fora o de en-velar a
poiésis do tempo e do ser, a dimensão sensível das con-ting-ências do eterno,
das esperanças da eternidade, dos sonhos do Ser, que só se re-velam na poesia.
E na prosa eminentemente poética, cujas dimensões são a semântica e a
linguística do espaço descritivo e narrativo do "dizer", nas
con-ting-ências do cogito e da razão. abre-se o horizonte para os
questionamentos e buscas do vernáculo do espírito.
Então, compor a poesia e literatura poética, poiésis da literatura, é
estar na dimensão do finito, tragédias do nada, à busca dos In-finitos da
Linguagem, dos estilos que as experiências e vivências outras que a-nunciem os
horizontes e uni-versos da esperança e desejos, fé e sonhos, numa linguagem
metáforica, estética, estilística, verdade da palavra e do silêncio, que
inscrevem nas tábuas e molduras do tempo e do ser, das subjetividades e
objetividades, a espiritualidade, o espírito da vida e da existência.
(**RIO DE JANEIRO**, 25 DE OUTUBRO DE 2017)
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