#AFORISMO 317/À SOMBRA DA PALMEIRA - PARTE III# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Peripécias de verbos
Verbos de peripécias - acidez da pena que vai desfazendo, em suas bases,
os jogos de hipocrisia.
De peripécias, verbos - projeções do sonho romântico e nada mais que a
confirmação das próprias expectativas. Precisa haver diferença para haver jogo.
De verbos, peripécias - mascarar a si para desmascarar o outro? O que
pensar do baile de máscaras?
Tao ser da vida. Além do bem e do mal.
Do bem e do mal, além.
Do além, o bem e o mal.
Estratégias de linguísticas e estilo.
De linguísticas e estilo, estratégias - ceticismo, galhofa e melancolia,
humor, afeto e desalento; fingir para que as aparências se multipliquem a fim
de multiplicar o sentido das coisas.
De estratégias, linguísticas e estilo - instaurar a dúvida até
com-preender o jogo das certezas retóricas; espaço em que vazam o deslize, a
palavra dita em má hora, o impulso, as falas em eco, estigmatizada inópia
mental.
Eidéticas pers de palavras ins-crevendo no silêncio os volos dos desejos
de, no In-finito, entupigaitado de verbos anômalos, defectivos, eivados de
peripécias dos sentidos, a-nunciação de horizontes e uni-versos outros de
estesias dos sonhos da beleza e do belo, as esperanças do eterno se alimentem
das seivas divinas, saciando a sede do ab-soluto que per-vaga solitário nas
bordas de confins, carente nos frontispícios de arribas, desejando ser revelado
no seu eidos de sensíveis dimensões da verdade, do pleno.
Orvalho cobrindo os campos de suavidade e ternura,
De sonhos e esperanças de, no alvorecer,
Luzes e raios do sol trans-eleve-o
Do in-finito in-fin-itivo das eidéticas poiésis do perpétuo,
Perpétuo que é travessia de nonadas ao tao ser da vida,
Ao sol numinoso,
Cujos raios lumiam os mistérios do ser-no-mundo,
Enigmas e segredos do estar-no-mundo.
Ruminâncias de ouro e riso, peregrinas luzes do ser iluminando de
pectivas do que trans-cende as con-tingências do nada, enveredando-se na
solidão do tempo, querência de futurais caminhos que re-velem o espírito da
alma, em pleno conúbio com as imagens lúdicas que floram simples na própria
floração, ser de éresis, iríases, iríadas, pleno de plen-itudes, sublime de
sublim-itudes, no horizonte longínquo res-plandece o arco-íris, cores vivas,
cintilantes preenchem os vazios do espaço, e sentimentos eivados de a priori
eidéticas do silêncio, re-velando os interstícios do ser, glorificam de
semânticas e linguísticas as "itudes" fenomenológicas das estéticas
que nascem, floram nas suas facticidades, "itudes" da liberdade,
éritos do vento que sopra os idílios do in-fin-itivo,
cristalina visão da estética da solidão
que a-nuncia o outro outro
das paisagens silvestres a embelezarem
os
campos elísios da eternidade
que
se mostra inda que longínqua,
que se revela inda que puro a-núncio,
a face en-si-mesmada de preceitos e dogmas que se foram acumulando ao
longo das idéias, ideais e ideologias, o nada saltita de êxtase e gozo, quem
sabe o prenúncio de suas facticidades serem re-colhidas e a-colhidas,
tornando-lhes poiésis que versificam e versejam as pers do sublime encontro com
a verdade, abstraindo-se de si as in-verdades, solstícios de pretéritos
crepúsculos que en-velavam a visão límpida do vir-a-ser, o que suprassume a
con-ting-ência e mostra a face lúdica e trans-versal das essências florais,
esplendendo o perfume semântico do verbo tornado poiética das sublim-itudes do
ser e tempo, do tempo e vento, do efêmero e in-cognoscível.
A fé trans-cende a solidão do ser
E o ser trans-cende a solidão da fé.
A solidão trans-cende o ser da fé.
O efêmero con-ting-encia o nada
E o nada trans-eleva o efêmero
Aos auspícios do In-finito.
In-finito de imagens.
In-finito de paisagens.
In-finito de panoramas.
In-fin-itudes à sombra da Palmeira.
(**RIO DE JANEIRO**, 25 DE OUTUBRO DE 2017)
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