#AFORISMO 273/VERBO QUE HABITA O SER# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Re-vexas etern-itudes em aclives de versos
di-versos solicitam a participação re-fletida e con-templadas nas anexas
distâncias do inconsciente à luz do espírito trans-parente, trans-elevado,
trans-cendente, límpido, nítido, à luz e cintilância do
presente-verbo-de-não-ser, subjuntivo de além-trevas, con-jugando
"Silva", em temas e temáticas de silvestres sendeiros do absoluto.
Quiçá sentindo a maresia, à orla do mar contemplando gaivotas voam, pousadas
nos barcos, o mar à distância unindo-se às nuvens, nestes instantes não visite
o Olimpo, não me eive e seive de sentimentos singelos, puros?
Con-templa o horizonte que, agora, se ergue
imperceptivelmente num movimento cansado, e sacia as duas sedes que ninguém
pode enganar por muito tempo, sem que o ser se estiole - a sede de amar e a de
con-templar o verbo amar.
Os olhos sentem os instantes de tristeza:
servem-lhe de modo profundo na atitude de vislumbramento e entre-visão. O
sensual greta-se com o suave como para dar melhor acolhida à nobreza dos
sentimentos. Na esteira da face, chega o tempo em que uma deliciosa quantidade
de pitoresco afirma uma dis-fonia de re-toques. Encontro o sentido do amor e da
amizade. Nenhuma forma de vida detém a totalidade mais tempo do que lhe é
necessário para se dizer. Numa re-fração de ouro claro, surge o momento em que
palpitam as asas de uma águia recolhendo a sin-fonia de águas re-vestidas de
silêncio.
Desejo e esperança de Amor puro e verdadeiro... O
verbo que habita o Ser, de Sonho real e absoluto. A alegria e felicidade que
perpassam a alma.
Utopias e quimeras da Liberdade que liberta o
verbo-de ser livre, voa tempos distantes re-colhendo e a-colhendo miríades de
outros verbos da liberdade livre
que se esplende no mundo e na terra.
Desejo e esperança de a Vida real-izar o ser do
Amar no Uno e Verso do tempo, a volúpia e êxtase da querência de encontro, da
união dos corpos na estesia do instante, na beleza das carícias e toques, no clímax
uno da carne e do espírito, no gozo uníssono da alma e dos instintos, prazer e
alegria, Felicidade e contentamento, desejo e esperança do silvestre do campo
ser de entrelaçadas mãos, do rio sem margens, sem pressa seguir aos passos
lentos desse amor em direção ao infinito, de as estações serem de raios
numinosos do sol, serem de brilhos luminosos da lua, serem de cintilâncias
esplendentes das estrelas, a primavera seja de sonhos e utopias à luz das
flores silvestres, o verão seja de fantasias e ilusões à mercê dos crepúsculos
resplandecentes, o outono seja de quimeras e fé na comunhão da aurora e do
entardecer, na síntese do verbo e da carne do amor, do amar, o inverno seja de
proteção e aconchego, seja de dedicação e entrega ao espírito da Vida, desejo e
esperança da vontade de encontro, do toque e da carícia, apesar da dor e do
sofrimento, sejam a estrela guia a indicar os caminhos da felicidade, sejam a
pedra de toque que abre todos os horizontes, uni-versos para o In-finito
Espírito do Eterno, para a Etern-itude Finita do Para-Sempre desejo e esperança
de os corações em uníssono recitarem o cântico da plen-itude do Verbo Amar, do
Verbo Sonhar a Vida Uno-Verso do Sentimento-{de}-Amor, de os corações em
uníssono declamarem os versos da felicidade em sintonia com o prazer, em
sincronia com a alegria, em comunhão com o clímax e o sonho da eternidade,
desejo e esperança de o vivenciário do amor em uníssono no tempo, vivifique o
vivencial do verbo dos corpos, que eternize o "eu" e o "outro"
do "nós", do amor nosso.
A face dos ventos arrasta e dispersa as nuvens, e
faz sair um brilho nos olhos, que experimenta a vereda, que evoca com as asas
ensopadas, com o rosto terrível coberto de uma barba pesada com a chuva, a água
escorre de meus cabelos brancos, a névoa me cobre a fronte, desprendem umidade
minhas asas e meu peito. Apresenta-se-me a olhos nus. Como o sensível vai ao
encontro da intimidade do outro, como a intuição exterioriza-se no outro, como
o emotivo penetra no outro. Tenho a sensação, muitas vezes, de estar a andar, a
tal ponto o ar luminoso e quente me cobre e lentamente me ergue. Mostrar-me a
todos, inteirar-lhes de minha individualidade, manifestar-me inteiro,
reconhecer as virtudes e valores. Perco-me numa des-organizada perseguição a
coisas fugidias. Letras rugem a estranheza que faz desse corpo um corpo, de
dentro dessa cela sem grades que encarnam a ênfase escondida sob sete chaves,
quando descem das idéias até o ventre e que se apagam quando tornam a subir do
ventre para as idéias. Estivesse numa situação em que disse a mim, na
superficialidade, a trapaça de encantos opostos, entender-me-iam,
compreender-me-iam, justificar-me-iam, mas, na profundidade, a paz vem de
cruzar fronteiras, tudo é tão in-eficaz e in-essencial. A intimidade, desde que
se fixe, não mais vive.
Serpentes devoram mortais expulsos desta terra
maculada de deuses. Por limites, as águas apartam da morte olhos perspicazes
não perturbados pela embriaguez. Muitas vezes. Muitas vezes quando a luz se
apaga sobre minha insônia, pergunto-me – fazia-o mais assiduamente – com os
ossos entre(dedos): de onde vem esta indiferença? De onde me vem este mal-estar
que não me permite estar em lugar algum?
Música pura desenvolvendo-se numa terra sem homens,
sonho eu. Movimentos sem adjetivos. Inconscientes como a vida primitiva que
pulsa nas árvores cegas e surdas, nos pequenos insetos que nascem, voam, morrem
e renascem sem testemunhas, sem álibis. Enquanto a música volteia e se
desenvolve, vivo a madrugada, o dia forte, a noite, nota constante na sinfonia,
a da transformação. É a música sem apoio em coisas, em espaço ou tempo, da
mesma cor que a vida e a morte. Vida e morte em idéia, isoladas do prazer, dor,
angústia, desesperança. Tão distantes das qualidades humanas que poderiam se
confirmar com o silêncio. O silêncio, porque essa música seria a necessária, a
única possível, projeção vibrando da matéria.
Divido palavras para que se tornem lirismos,
destinados a mascarar as frases lançadas ao ocaso do acaso. São significados
omissos na fisionomia, nos olhos, nos esgares faciais, motivos e razões
escondidos no in-cons-ci-ente. Em sentenças soltas, capto vozes que ignoram as
efêmeras interrogações da verdade. A salvação do mais espantoso se dá pelo fato
de que alguns se fizeram a caminho na sua direção, quer dizer, do risível amor.
Estou atrás do ser. Estão em marcha os primórdios do tagarelar, e também agora
e para sempre e para o qual sempre de novo não encontram acesso (e que é por
isso indagado): o que é a leveza?
Con-vexos espelhos, anexos ao imaginário de
distâncias indizíveis, des-conexas imagens con-templadas em miríades côncavas
de nadas, vazios, nonadas, com-plexos sentimentos dis-persos, mergulhados em
amplexos des-contínuos, engrenagens de sofrimentos, dores, herméticas angústias
e nostalgias, per-plexos olhos deambulando no in-finito, entre sinuosos espaços
e ofuscantes luzes, in-vexas ilusões do perfeito em concha mais-que-perfeita de
sorrelfas, re-versas pers-pectivas des-conexas, emolduradas na aparência
etérea, efêmera, fugaz, volátil, des-contínuas de superfície lisa, em cujos
atrás con-vexos re-fletem os sinais que compõem os ângulos in-flexos do
subterrâneo do espírito, sarjeta des-lavada da alma.
(**RIO DE JANEIRO**, 15 DE OUTUBRO DE 2017)
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