#AFORISMO 336/NO FUNDO DO RIO TEM PEDRINHAS, TEM PEDRINHAS DO RIO NO FUNDO# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto/Ana Júlia Machado: Aforismo
Pos-Scriptum:
É ido no ritmo do tempo, tempo que fizera a Amiga Ana Júlia Machado uma
crítica ao poema ALVORECER DO OÁSIS DO SOL, 13 de novembro de 2014, que
delineio e burilo compondo crítica e poema, no fundo do rio tem pedrinhas, tem
pedrinhas do rio no fundo.
O vazio, o efêmero, as nonadas frescas e viçosas, as non-éresis
espalhadas por todas as ruas, avenidas, becos e alamedas, cárceres, por todas
as alcovas, aqui, lá, em qualquer lugar, você deveria ouvir esta balada, ritmo
e melodia, “O efêmero é a origem do novo eterno, a origem do novo eterno é o
efêmero, outros efêmeros dentro do eterno, outros eternos dentro do efêmero, na
roda-viva dos sonhos e esperanças, truques, tramóias, tripúdios, construímos a
nossa obra...” O que deixaremos de nós no mundo...
A vida é a vida….
A vida existe como uma chance. Usufruamos
A vida é uma pulcritude. Que a extasiemos.
A vida é uma quimera. Que emprenhemos com que se converta veracidade.
A vida é um repto pertinaz. Que detenhamos energia para a arrostar.
A vida é uma incumbência. Que conquistemos acatar
A vida é valiosa. Que jamais a negligenciemos, mesmo que as robustezes
fracassem.
Manhã... além, no espelho de luzes, refletida a imagem de novos campos,
passear os sentimentos, emoções na grama
respingada do orvalho da noite, piquenique debaixo das galhas frondosas
de uma árvore, brincar aos pensamentos livres, emoções serenas, brincar ao
silêncio de palavras, brincar-lhes as metáforas, signos, símbolos, linguagem e
estilo, a-presentação e re-presentação, brincar-lhes os advérbios, ad-vérbios,
que precedem os verbos, inda entre vírgulas para a devida ênfase, sem querer ir
à escola aprender a ler e a escrever, as tramóias, estratégias, mentiras da
arte de viver a arte, enquanto compondo de cores o arco-íris da imaginação, o
amor que somos - encontramo-lo um dia, vivenciamo-lo, vivemo-lo se aceitamos,
admitimos, estamos dispostos a entregá-lo verdadeiramente...
A vida é divícia. Que a preservemos.
A vida é uma esfinge. Não sustenhamos de pesquisar, mesmo que a réplica
jamais se vá descobrir.
A vida é promissão. Que a expectativa não se desbarate
A vida é melancolia. Que se supere estes instantes.
A vida é uma trova. Melodiemos.
A vida é uma peleja. Que se domine os estorvos.
A vida é um risco. Que se induza orientá-lo sem mais riscos
A vida é céu-aberto. Que o façamos por granjear.
A vida é vida. Há que a proteger.
Com aguilhões ou rosas, é passageira.
Sêmen de outras luzes refletidas no espelho de além, princípio de busca,
de querência de outras coisas na vida, ideais, glórias, a obra na sua
continuidade, húmus de outras cores no arco-íris, outras íris nas cores,
miríades spaniels da esperança da balada do efêmero e do eterno. Além, nas íris,
no longínquo da estrada que leva a todos os horizontes e universos, confins e
arribas, as chamas da lareira aquecendo no inverno, sentimentos de ternura,
carinho, afeição, “Dreams are on the phone to happiness/Happiness is on the
phone to other horizons” Pretéritos nas perspectivas hão-de vir, carentes de
luzes, sombras e mistérios, brumas e enigmas.
Segundo Rogério Thaddeu, estimámos as rosas pela sua beldade e
fragrância e não pelos seus acúleos. Muitos pretendem capturar as rosas
deslumbrados pelo seu odor e pela sua pigmentação e desconsideram os acúleos.
Ao gotejar, analisam somente o sofrimento e menosprezam o que antes prezaram.
Assim acontece com a vida. Enquanto tudo corre bem, veneramos, quando surgem os
aguilhões, encetamos a desalentar. É-se humano, e como tal a dor agonia…
Ninguém toma banho nas mesmas águas de um rio, no que há de sua
profundidade, pedrinhas redondas, contempladas, no fundo do rio tem pedrinhas,
tem pedrinhas do rio no fundo,
Diferente de: “No meio do caminho tem uma pedra/Tem uma pedra no meio do
caminho”, a pedrinha não é minha, mas coloco-a onde eu intencionar fazê-lo, por
haver me banhado nas suas águas, as pedrinhas não serão as mesmas, há outros
rios, sem margens, sem pressa, há outras pedrinhas no fundo, confins de outras
luzes incidindo no asfalto de alamedas, becos, avenidas, ruas...
(**RIO DE JANEIRO**, 30 DE OUTUBRO DE 2017)
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