#AFORISMO 95/OPÚSCULO DO SONETO DE VIVER# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
"Colóquios. Monólogos. Falácias. Verdades" (Manoel Ferreira
Neto)
E se nalgum momento da caminhada, bifurcação de caminhos, tomar outro
rumo de excelência diferente, é que a vida consolidou a solidão, mister se faz
con-sentir a id-ent-idade, a individualidade, o coração pulsando por si só,
pulsadas de próprios ideais, pulsadas de idéias particulares, pulsadas de
utopias singulares, tornando o simples o mais complexo, e isto não significa
qualquer orgulho, sim a verdade que habita os recônditos da alma. É na
"solidão" que as mãos se entre-laçam, as consciências se pres-ent-ificam.
O mais sábio dos sábios conhece os segredos da solidão.
E se me ouvir con-versando no vento, precisa compreender temos de
aprender-lhe as sabedorias adquiridas no tempo, na sua jornada do espaço. São
sábias experiências para o entendimento dos horizontes longínquos onde habita o
que trans-cende sonhos e fantasias, a compreensão e compreensibilidade das
arribas ad-jacentes aos confins onde reside o que legitima volos e utopias do
belo estético.
Cronias de palavras. Tonias de vernáculas metáforas de cujos
interstícios abissais re-colheram e a-colheram sêmens do verbo, no tempo,
continuidade de esperanças, sonhos, ideais da perfeição e verdade, movendo
desejos, vontade, volúpias, re-fazem os idílios e fantasias, realizam o eidos
da vida, ultrapassam os pretéritos sentidos da morte, infantilices do nada no
além, a vida é eterna e efêmera, a vida são verbos perfeitos e defectivos, a
morte é nada, a morte é imbecilidade, lei do menor esforço para não mergulhar
nas prefundas do ser, nos recônditos do tempo-verbo. Se se olhasse com os
linces dos olhos a morte, o que nela nos incomoda, irrita, angústia,
entristece, ter-se-ia muitas dimensões da vida para tecer a vida em toda a sua
plen-itude. Olha-se a morte através do prisma do nada, ressurreição.
Se me presenciar contestando dizerem as linhas das páginas de livros
aceitam tudo, mister saber não levam elas palavras, mas os mais abissais
desejos, mais abismáticas querências do belo e verdade, mais percucientes
desejâncias da plen-itude do verbo, eivar-se dele para se inspirar, quando o
efêmero se torna nada, o vir-a-ser se torna imperfeito do subjuntivo, e
prosseguir a viagem da vida que são sempre buscas no aqui-e-agora, amanhã, se
em verdade existe, serão meras sorrelfas de um instante-limite, de um ab-surdo
a-temporal.
E se me vir re-fletindo sobre o vento levar as coisas do presente e
pret-érito para bem distante do que pode ser visto, sentido, idealizado,
intuído, até um favor faz, pois as coisas no seu alforje não serviriam para
nada na vida, seriam estorvos para a continuidade dos idílios da perfeição e
absoluto, é que conforme o que penso e sinto, não é o vento que distancia tudo
isto de mim, sim eu próprio quem não tem cor-agem de con-sentir com as fugas
das vacuidades da con-tingência.
A noite pervaga na cintilância da lua e estrela, os verbos do ser
vagabundeiam nos terrenos baldios, nos becos e alamedas, nos becos sem saídas,
idealizando um boêmio dedilhando as cordas do violão, mimo para a amada de quem
as saudades são inomináveis, imensuráveis, solsticiando sons de silêncios
ad-vindos de alhures, perfeitos sudários que velam as carências, angústias e
náuseas, e no amanhecer os raios de sol abrindo as venezianas, concebendo
outras sendas e veredas para a imagem, ainda que embaciada de momento,
reflita-se no espelho po-emático dos horizontes e uni-versos, o além
des-velando os capuzes do desconhecido e misterioso, re-velando a face límpida
e trans-parente do inner e thelos do eterno depois de quaisquer perpétuos da
eternidade contingente. A contingência do eterno de luzes e sombras, de
alvorecer e crepúsculo, de encontros e des-encontros no porto do que há-de
verbalizar as dimensões do pretérito protelado ao indicativo do perene.
E se me vir rindo, sorrindo de orelha a orelha, quando ouço se ventar a
chuva é levada para outro lugar, sine qua non perceber e entender o projeto da
chuva era cair noutro solo, o vento estendeu suas mãos para isto realizar com
perfeição, ele é o verbo que esplende o tempo em suas dimensões, assim o desejo
da tranquilidade, serenidade que a chuva lenta, a leveza do espírito, a
intimidade do amor realizada com mais carinho, ternura, afeto, afeição, após o
sono dos anjos, é lançado a outro lugar, a outro sítio, a outros alhures, onde
o real da vida é o presente do imperfeito, a sorrelfa idílica da ec-sistência
são os in-fin-itivos do mais-que-perfeito. No outro lugar, para onde a chuva
fora levada, por haver ventado, o finíssimo dos pingos constantes por segundos
e minutos regou a vida de outras sensibilidades e espiritualidades da semântica
de estar-no-mundo, efêmero à busca da etern-idade do nada, perpetuidade do
vazio, peren-itude das ipseidades.
A alma refestela-se na solidão do uni-verso de noctívagas inspirações e
volúpias voláteis e volúveis aspirando o cheiro pequeno do orvalho que cobre a
natureza com o espírito do sensível, quem sabe até não teça um soneto
in-trans-itivo de verbos perfeitos jubilando e re-veren
ciando as tessituras da estesia em pleno conúbio com a verdade do
mais-que-perfeito do prazer seduzindo a felicidade com os brilhos ofuscantes,
tremeluzidos de desejos e prazer, vontades e êxtases, no Hotel Safo de
peregrinos em direção ao que trans-cende, supera, suprassume o deserto de oásis
voltado ao arco-íris, de confins às arribas, de nonadas aos perpétuos efêmeros
que esplenderão e in-lumiarão os interditos da sensibilidade, o theos da
espiritualidade...
E se ad-mitir, permitir que a resposta ao questionamento, sempre
presente dentro dos alforjes e algibeiras, quando o verbo do ser e o ser do
verbo, em síntese, irão iluminar a alma para suprassumir o destino da mente
habitar em seus eidos, ser o vento estar levando para os longínquos uni-versos
distantes horizontes, e, lá, se alimentarão da fé do nada tecendo o vir-a-ser
do perpétuo re-vestido de silêncios e solidão, síntese que re-vela o sublime do
ser-no-mundo, sublime que eiva e seiva a luz da verdade à mercê da sede de
conhecimento, fome de saber, carência de idéias e pensamentos, manque-d´être do
espírito e sonho de divin-ização, falta de visão do além da vida à vida que
consuma os tempos, o tempo sempre letras e imperfeições para o Opúsculo do
Soneto de Viver.
(**RIO DE JANEIRO**, 12 DE AGOSTO DE 2017)
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