#AFORISMO 138/CORCOVADO DE ILUSÕES CRISTALINAS - TRIBUTO AOS CARIOCAS# - GRAÇA FONTIS: ESCULTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
Ilusões cristalinas perfazendo dimensões con-tingentes do que há-de
trans-cender angústias e náuseas perpétuas do absoluto, trans-elevar tristezas
e fracassos gerundiais do infinitivo que sarapalha sombras e luzes ao longo do
deserto sem ad-jacências e oásis, sem peregrinos, sendeiros a atravessá-lo à
mercê de bússola na corcova de um camelo.
Corcovado de ilusões cristalinas
Tranquilidade de espírito,
segredo
De verbos, o sudário a agasalhar as carências
Viver e existir
agora significam as coisas
Acontecerem livremente,
cuidar
Dos sonhos,
esperanças
Tudo atrás ficou lendário:
sem lenço, sem documento.
Fica mal com Deus quem não alça vôo nas asas do condor de esperanças,
real-izando os clímaces voláteis do gozo da estirpe. Fica mal comigo quem não
trans-eleva a fé no divino eterno aos auspícios da liberdade que exala suas
nuanças de desejos de compl-etude com os termos acessórios do nada e efêmero,
termos essenciais das nonadas e travessias, enovelados ambos às utopias verbais
e in-verbais de sonhos serem o destino e o póstero, como o pássaro de fogo que
choca os ovos das chamas perenes a aquecerem o inverno das espécies
susceptíveis às caliências do "nunca antes de quais jamais",
carências do "sempre antes de quaisquer pretéritos" perfeitos ou
imperfeitos.
Corcovado de angústias e náuseas perpétuas,
paraclímaces da liberdade in-finitiva
enovelada de utopias verbais
e in-verbais sonhos de sonos im-perfeitos
Corcovado de luzes e sons,
Ao longo do deserto sem
ad-jacências e oásis,
Às margens sinuosas do
cócito in-audito de vozes,
A Phoenix dos verbos gnósticos choca os ovos
Do sublime e da beleza,
E re-nasce das cinzas dos dogmas e preceitos,
Vozes que permeiam a noite de lua cheia
E centenas de estrelas cadentes.
Fica mal com a vida na sua vocação de ser o absoluto perfeito, inda que,
este, tardio, inda que, in-ec-sistentes, as ruminâncias de ouro e risos a
satirizarem com veemência e re-verência o surrealismo das laias côncavas e
convexas das viperinidades da natureza humana, quando o perfeito desde a
eternidade encontra-se refestelando-se às margens sinuosas do cócito inaudito
de vozes que permeiam a noite de lua cheia e centenas de estrelas cadentes.
Fica mal com as linguísticas e semânticas não levar as sendas da floresta ao
fim do arco-íris, por não vislumbrar o pote de ouro sob a cintilância dos
numinosos raios do sol, e não poderá a-lumbrar as luzes do alvorecer.
Calientes, cadentes,
Caliências, cadências
Cadências calientes,
Caliências cadentes.
Pelo meu caminho vou, vou como quem pisa com toda delicadeza e acuidade
os ovos da "garnisé", grávidos de réquiens para as ipseidades do
pretérito iluminando as trevas e sombras da terra do bem-virá. Vou como quem
saltita nas brasas de lenhas da lareira, incandescendo a sola dos pés para
sentir o prazer e volúpia das estradas na jornada sem limites, fronteiras,
obstáculos, enfim sem o instante-limite do zero a prenunciar o "um"
dos solilóquios e colóquios da aritmética dos "noves fora um".
A linguagem é condenada pelos princípios, o estilo é indecente pelas
lógicas, mas antes sendo do que dar com as mulas no mata-burro, com os jegues
no abismo.
(**RIO DE JANEIRO**, 31 DE AGOSTO DE 2017
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