#AFORISMO 88/DAS ÁGUAS LÍMPIDAS DO ETERNO-RIO# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
"Tempo
de vento.
O
vento não pode ser preso. Só uma pedra." (Manoel Ferreira)
Epígrafe:
"É
no plenário atemporal silente, solitário e reduto da multiplicidade planteada
dos sonhos que o Ser colhe e notabiliza sua reconciliação linguística
poeticamente verbalizada" (Graça Fontis)
Tempo
de ódio. Tempo de amor. Tempo de nada, abrindo as venezianas para a
con-templação do in-finito.Tempo de esperanças do in-finito onde habita a
plen-itude. Tempo dos efêmeros se esvaindo no nada. Tempo de verbos de
espírito. Tempo de espíritos da vida, quando as plen-itudes amalgamam as
divin-idades.
Tempo
do vazio do nada, porque é na ausência que os sonhos chegam à perfeição. Tempo
da náusea das nonadas, porque é na imperfeição que a alma sobrevoa o inaudito.
Tempo do paradoxo do nada do vazio, porque na ausência de horizontes e
uni-versos adquire-se o sentido da semântica do in-finito para o verbo do ser,
da estilística do eterno para a uni-versal-idade do sensível. Tempo da graça
que atinge mais profundamente ainda que o inconsciente descanse no sono dos
mistérios. Tempo de atravessar a alma e o corpo. Tempo de demolição e
reconstrução, ferir e sarar. A graça constrói sobre a natureza, e pode
elevá-la.
Tempo
de enumerar, elencar as obras que podemos fazer para nos estruturar com a
presença do vazio do nada, com a presentificação do nada do vazio, para nos
estruturar e nos preparar para a Arte Espíritual do Ser do Verbo. Tempo de
conviver com os erros e fracassos, cacos da vida, de outro modo. Os sibilos do
vento forçam-nos a voltar atrás de nossos projetos idealistas e descermos à
realidade. Assim podemos descobrir quais são os bloqueios, mas também todas as
energias que existem no nada.
Sou
alegre por olvidar a hora.
Afigura-se-me
ser a egocentricidade,
A
susceptibilidade clemente.
Todas
as veredas acarretam-me a ela.
Requesto
em mim a cadência de modinhas antigas.
Só
me rememora o jeito nímio deficiente.
O
fecho de que não me escureça, suspendo-me.
Intenciono-me
ser, excluir-me de mim,
Aportar,
estacar no meu íntimo,
Ser
ele,
Outorgando-me
inteiriço.
Nulo
aprazimento
Ajuízo-me
impender a mim análogo.
Sendo
o exclusivo a frui-la,
Componho-o
tão-somente por ufania e embuste,
Teço-o
tão somente por picardia e compulsividade.
A
fome de querença penetra mutuamente à retentiva do dédalo
Sujeito
esquisito e comovente, zoada abeira entre o arrebatamento,
As
locuções, estilos, posturas,
Clamor
afável e terno,
O
físico são nostalgias absolutas e plenas
Da
tonteira do espertar.
Apreendo
agora o que anda sendo de mim,
Porque
flúmens e abismos encontro-me a marear.
Paralelismo
primeiro e interno,
Retentivas
e anamneses de ocorrências.
Prezo
mais os cimélios das planícies.
Apreendo
ou me exorto
De
que amadurecido estou,
Enfim,
Para
talhe novel.
Para
além de minha elementar tenção resido.
Tem-se
medo do nada porque nele os efêmeros se esvaecem, mas se esquece de que nesse
esvaecimento dos efêmeros se a-nuncia o in-finito, o verbo da esperança. Tem-se
medo do vazio porque os segredos e mistérios da verdade se revelam, verdade que
outra não é senão a morte das ilusões, quimeras, idílios e sorrelfas, a alma
vendo-se diante do deserto que tem de atravessar para se ajoelhar aos pés do
vir-a-ser, verbo do espírito, sempre a caminhada para o Tempo-do ser.
Tempo
da Arte da Espiritualidade. Mas em quem reside no regaço da alma a hipocrisia,
trá-la em si dentro como resposta ao verso do a-poema da con-ting-ência que
eleva seu eidos aos desejos e vontade da plen-itude, jamais o nada será a
veneziana do In-finito. E nesse tempo , aqui e agora, nas letras e nos versos
não há a presença do Vazio do Nada, do Nada do Vazio, somente os idílios da
glória e poder, as letras são para a fuga das con-ting-ências, mauvaise-foi dos
princípios da Arte serem a busca da Verdade.
Ópera
do absoluto
Em
cânticos da con-tingência.
Etern-idade
Sin-tese:
sonho e utopia
Soneto
da solidariedade
Em
versos do verbo,
Tornado
carne da cáritas,
Em
estrofes do espírito,
Tornado
sensibilidade da alma.
Espiritual-idade,
Sublim-idade,
Etern-idade
In-finitos
do amor,
Verdades
do ser,
Ser
de "nós"
Entre-laçando
querências e desejos,
Ser
para o há-de vir do divino
Comungando
vontades e êxtases
Do
bem, do belo, da estesia
Ser
em buscas e encontros
Harmonizando,
Sin-tonizando,
Sin-cronizando
Uni-versos
poi-éticos
Inter-ditando
a Vida
Presente
na passagem
Das
águas límpidas do Eterno-Rio...
(**RIO
DE JANEIRO**, 10 DE AGOSTO DE 2017)
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