#AFORISMO 113/FONTES DE VINHO NO MEIO DE BALDES VAZIOS# - GRAÇA FONTIS: PINTURA/Manoel Ferreira Neto: AFORISMO
À eterna amiga Ana Júlia Machado com todo carinho e amizade.
Afaste de mim verbos que regenciam os pretéritos de melancolias à
soleira do nada concebendo sendas para outras utopias do devir!
Afaste de mim versos que conjugam in-fin-itivos à luz de nonadas e
travessias para os idílios da verdade sublime, para os devaneios do ser, para
os desvarios do espírito!
Afaste de mim o cálice de vinho que inspira o silêncio a revelar os
interditos das ausências da perfeição, a solidão a mostrar a sublimidade do
inconsciente divino!
Afaste de mim a erudição das con-tingências que salmodia as angústias,
náuseas, desesperos à soleira do nada eterno, os medos, tremores e temores das
chamas infernais, a decepção, desgosto, desconsolo de viver!
Afaste de mim a liberdade que justifica a fonte de vinho no meio de
baldes vazios, que explica o verbo da carne sedento de conjugar as decisões e
prazeres destituídos de consequências, desnudos de princípios e condutas, que
con-sente a fuga da escravidão por orgulho da estirpe e raça!
Afaste de mim a verdade absoluta que rege o fim dos questionamentos,
indagações, perguntas sobre o ser, a ec-sistência, as falhas e faltas, os medos
do desconhecido, as imperfeições e limites do conhecimento, alfim tudo
"magiclick" no mundo!
Afaste de mim a estultície dos compassivos!
Afaste de mim a cruz, simbolo, signo, metáfora da salvação, da
ressurreição, da remissão dos pecados, da luz do bem!
Afaste de mim as mãos cheias de sementes de dogmas e preceitos!
Afaste de mim os Evangelhos da alienação, da escravidão, da cegueira da
visão!
Afaste de mim as deificações do sucesso, da glória!
Afaste de mim o pastor que conduz sua ovelha para o pasto mais verde:
isto é o bom sono!
Afaste de mim as crenças, as crendices do além povoado de seren-itudes,
magn-itudes do bem!
Afaste de mim a metafísica da razão pura, a psicanálise do complexo de
Édipo e Elektra!
(**RIO DE JANEIRO**, 22 DE AGOSTO DE 2017)
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