SONIA GONÇALVES ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA COMENTA A PROSA POÉTICA #SENHORA FONTIS DA GRAÇA#
Texto
espetacular, Manu. Nada efêmero com toda certeza, imortal em cada suspiro, puro
escrito, genuíno do poeta autor, escritora das miríades de estrelas, valendo
cada centelha do pensamento Manoel Ferreira Neto, pintura esplêndida.Parabéns
menino...Bjos
Sonia
Gonçalves
Simplesmente
isto, Soninha Son: GRAÇA É A "FONTE" DO AMOR, DA AMIZADE, DA GNOSE.
Nossas vidas juntos não são efêmeras, são eternas. Nesta obra, procurei revelar
a fenomenologia do Amor, da Amizade, da Gnose.
Manoel
Ferreira Neto
SENHORA
FONTIS DA GRAÇA#
GRAÇA
FONTIS: PINTURA
Manoel
Ferreira Neto: PROSA POÉTICA
Para que o
silêncio ressurja, o olhar suspenso, a aflição dos espaços, a surdez absoluta
da montanha, o intocável da noite se revelem, o in-audito da alma se mostre
envelado no lúdico dos desejos, é necessário transpor o limiar do imediato e
ascender às origens de mim, aí onde a consistência se dissolve e a eternidade
se desprende da sucessão do tempo, e o meu olhar se descola da apreensão do
ontem e do amanhã, das situações e circunstâncias que me algemaram ontem, que
me libertarão amanhã. Suspensos os meus olhos, o meu ser, um arroubo
alevanta-me, vertiginoso ergue-me e o espaço abre-se da comunidade de mim com o
espaço sideral, o alarme e o augúrio, o sufocante mistério, a profundidade da
noite.
Na mesma
concha das mãos,
Con-templamos,
Vislumbramos,
Des-lumbramos,
A-lumbramos
as cores
vivas da natureza, e do ar o invisível,
inspirar
nelas para construir
outras
realidades,
considerar
dádiva de viver.
A verdade é
imagem
Nua,
Crua,
A imagem de
pouca razão
Rota,
Baça,
Às vezes
enganação
Sufoca,
Condensa.
A imagem é
pers-pectiva
Do olhar
percuciente
Do que
habita a intuição
Da verdade,
Do que
reside na busca
Do ser
De sonhos e
utopias,
Do que há
nos recônditos
Da alma,
Do íntimo,
Delineada no
desejo
De sua
perfeição,
Liberta o
coração
De suas
algemas e correntes
De
sentimentos de não.
O abismo,
onde tudo a pó se reduz,
Tão fundo
que nem o eco aí segue a sua lei,
Ante meus
olhos serenos...
A voragem,
Que não tem
cimo e que nem sequer tem margem,
Ali está,
sombria, imensa; nada nela mexe.
Perdido no
mundo infinito eu me sinto.
A verdade é
eco sombrio
Triste, sem
razão,
Alegre brio
do viver,
Do viver
passageiro,
Da morte
eterna.
A vertigem
Que não tem
essência e tampouco possui centro
Quiçá no
limite das forças e dos poderes
Haja-se
aboletado
Surpreso no
mundo das contingências encontro-me
Indagando e
perquirindo,
Se em
verdade superei as agilidades e habilidades
De ver-me,
con-templar-me
Sob
di-versos e ad-versos prismas,
Ou se
suprassumi a vida,
Ora, se me
dá...
Quero-me
vida, quero-me efêmero...
Do
antiqüíssimo de mim, onde têm raiz todas as rosas de maravilha, todos os lírios
de magia no branco de suas pétalas, todas as samambaias de puro verde,
balançando à mercê do vento que passa, após o sibilo dele entre as montanhas,
cujos odores são esperanças que amo, porque as sei fora de relação com o que há
na vida, uma vontade estranha, oculta, e deliberada de verter lágrimas quentes
e fáceis, talvez porque a alma é infinita e a vida, finita, talvez porque a fé
é horizontal e a vontade dela, vertical, na uni-versalidade dos ponteiros do
relógio que se movimentam lentamente, a-nunciando o porvir de outros amores e
sonhos nas bordas do tempo, o vir-a-ser de outros projetos e objetivos a serem
cumpridos para a continuidade da vida e a feitura do ser, no canto da coruja em
madrugada alta, no voo do condor no pálido crepúsculo de uma apaixonante
sexta-feira de quaresma, a querência dos verbos nos sonhos de fin-itude, nas
utopias de eternidade, na cont-ingência da morte e do esquecimento.
Rompe, em
claridade, o madrugar, dissolve na bruma o raio fugitivo e a natureza chora
gotas de sereno cristalizadas, observo eu da sala de estar, olhos ensimesmados
e questionadores, o tempo ensimesmado, e ainda penso como será o amanhã no
aceno da memória; no picadeiro do sonho, raio de luz passeia nas ruas e
avenidas, solto, brinca no jardim ensaiando cânticos na primavera noturna da
ilusão, quiçá no outono do dia da verdade e do absoluto, em vigília a essência
do olhar, o ser dos sentimentos que perpassam a vida em busca de evangelhos do
amor e paz, em busca da EFEMERIDADE.
A compaixão
surge na existência contínua, cíclica, com grandes fontes de alegria como a misericórdia,
o que desejo é que ilumine a todos como tem iluminado a mim, e deito tranqüilo
e sereno, sonho paraísos, sonho florestas silvestres, sonho sendas perdidas,
sabendo que vós, Senhora FONTIS DA GRAÇA, estais junto a mim em todo instante.
#RIODEJANEIRO#,
03 DE FEVEREIRO DE 2019#
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