#DESDE O B + A = BA# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: PROSA
Epígrafes:
"Quiçá
vento louco alude grito de inteira alegria
A conteúdos
puros e inteiramente espirituais,
Na imensidão
das grandes expectativas,
Visões que
multiplicam as compreensões distintas
De olhares
propagados no tempo numa ótica perfeita..."(Graça Fontis)
"A
escuridão de um universo em plena desova das trevas.
Sem
quaisquer quês e porquês
Perdido nas
recíprocas falácias..."(Manoel Ferreira Neto)
Se há algo
que me não entra no cérebro, a menos que seja acéfalo e não sabia, mesmo que me
abra a cabeça a machadada, é a "Retórica". Sinto mui abismático a
presença do "espírito malígno" nela. Não adianta qualquer meio de
consegui-lo, tudo será em vão, mesmo sendo um gênio a ensinar-me as lições,
desde o b+a=ba, com toda a paciência e finesse, alfim a minha inteligência é
poucochito abaixo da para a sobrevivência, já acreditam piamente ser mínima,
aprendo as coisas quase a machadadas na cuca, não aprendi nem a fechar garrafa
térmica pós o uso. Sei lá se se trata de minha natureza ou se alguma
resistência latente que tenho, medo de as dimensões sensíveis escafederem-se,
tornar-me um poste de cimento armado, um endeusado "em-si", um racionalóide
de paletó e gravata.
Diante de
tudo o que é perfeito, frente de todas as perfeições dos homens, estamos
acostumados - juro por Deus que eu mais que todos os homens de todos os tempos
- a omitir a questão do vir a ser e desfrutar sua presença como se aquilo
houvesse desabrochado, tivesse brotado magicamente do chão, divinamente das
nuvens claras e escuras, nos temporais e chuvinhas finas.
Acredito
estejamos os homens sob o efeito de um sentimento mitológico arcaico, sob o
{en}-cantamento de uma sensação lendária erudita. Por um triz sentimos que
certa manhã um deus, por brincadeira ingênua ou por sarcasmo deliberado, Zeus,
era mestre nesta brincadeira, construir morada em blocos imensos, sentimos que
somos os seres mais imbecilóides e cretinos do mundo, dignos de risos, sentimos
que Zeus ri de nossas imbeciloidias, ou que "subitamente uma alma se
encontrou por en-[canto] numa pedra, e agora deseja falar por seu
inter-médio", sussurrando-nos ao pé do ouvido e picamos a mula todos
eufóricos à cata da sabedoria da pedra.
Escrevendo
sobre os autores da atualidade, buscando re-conhecer-lhes os valores com
sinceridade, dignidade e honra, posso dizer que são difíceis os caminhos das
letras, sente-se com facilidade as angústias, tensões, medos que todos sentem
bem profundo, aquela dor profunda que é isto o desejo da imortalidade e as
situações não serem nada fáceis. Sinto isto todas as vezes que tomo da pena
para escrever crítica sobre obras e autores.
Dentre todas
as experiências que já vivi retratando-lhes e às suas obras, pude sentir mais
de perto, presente e forte o que é isto divulgar o homem e a obra, o que isto
significa para ele. Deve-se ser o mais digno, o mais honrado, o mais virtuoso,
para não cair no lago das piranhas, ser boi(vaca) de piranhas, servir aos
ideais do outro, a felicidade é que ele mesmo se sirva de seus ideais, faça
deles o Pórtico para o Impossível.
Muitíssimo
delicado retratar obras alheias, o reconhecer e o confiar carecem sérias
in-vestigações. Não o faço aleatoriamente, aprendi a não enfiar a mão em
cumbucas neste métier. Fazer das obras e da vida Pórtico para o Impossível
requer entrega por inteira, e mesmo assim o imperfeito, a imperfeição residirão
neles até a consumação dos tempos.
Outra senda
no silvestre do bosque... o sol incide os raios no uno verso do infinito, no
ser e não-ser das estrofes do poema de con-templar as nuanças do horizonte, as
perspectivas do universo nas pers dos desejos e sonhos da plen-itude da vida,
nas pectivas da sensibilidade, do espírito de viver em comunhão com o
"vento louco alude grito de inteira alegria/A conteúdos puros e
inteiramente espirituais,/Na imensidão das grandes expectativas,/Visões que
multiplicam as compreensões distintas/De olhares propagados no tempo numa ótica
perfeita..."
Fácil é
pensar que o mundo se abre aos meus olhos, quando trato das coisas graves,
quando me entrego por inteiro ao mergulho nelas em busca da felicidade,
riqueza, a inconcebível grandeza da vida; é quando me sinto perdido, tudo se me
afigura criação, tudo se me afigura representação, são elas coisas efêmeras,
criei-as unicamente para justificar ou explicar alguma dor ou sofrimento que
pululam em mim dentro, nem mesmo indisposto a papagaiar o alfabeto de A a Z,
inda assim elenco detalhes que possam dar uma idéia disto de ser nada fácil
pensar que o mundo se abre aos meus olhos, as coisas graves corroem-me,
deixam-me confuso, sem saber como é que se dará um encontro sério e digno com
elas, talvez nunca.
Em verdade,
a felicidade, riqueza, a inconcebível grandeza da vida, sinto-as presentes e
fortes em mim, quando me entrego às ironias e deboches. Acredito,
desacreditando, desacredito, acreditando que são de minhas origens, correm em
minhas veias até mais que o próprio sangue. Vivo neles um momento, aprendo neles
o que me parece digno de ser aprendido, assimilado, ajudam-me a olhar as coisas
do mundo com maior amplitude, com maior vivacidade, é quando entendo e
compreendo mais a vida, sinto-lhe o verbo e o espírito, mas antes de tudo é
amor que sinto pelo deboche, pela ironia, amor sem cancela e fronteiras.
Este amor
ser-me-á retribuído milhares de vezes, se me disponho a ler as suas linhas e
entrelinhas, pois que a finura e delicadeza do humor me tocam bem fundo,
deixam-me em estado de êxtase e as volúpias todas me tomam, e, como quer que se
torne a minha vida, eles passaram a fazer parte, estou não apenas convencido ou
persuadido disto, estou em verdade certo, do tecido de meu ser, como uma das
fibras mais importantes, no meio das experiências, vivências, no meio das
desilusões e alegrias, das incertezas e contentamentos, das dúvidas e
felicidades.
Em pensando
nestas questões de primordial importância, ainda que de modo sarcástico e
irônico, o modo melhor encontrado, não me é dado saber se para não haver-de
espremer os miolos, não é tão simples explicar ou res-ponder, artificiar a
retórica do B + A = BA simplesmente balela, impossível isto, não tornar
complexo a quem deseja compartilhar o questionamento, decido trilhar com
esmerada finesse outra senda no silvestre desse bosque íngreme, os seus
segredos atraem, contudo, cuidando de con-templar as nuanças do horizonte, as
perspectivas do universo em comunhão com o sol que incide os seus raios em
todas as coisas, perquirindo os sinistros mistérios e enigmas, mister fazê-lo,
deixando sombras em todos os lugares, desde o amanhecer até ao entardecer...
#RIODEJANEIRO#,
28 DE FEVEREIRO DE 2019#
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