#ESCREVER PARA NÃO ESQUECER# GRAÇA FONTIS: FOTO GRAÇA FONTIS/Manoel Ferreira Neto: PROSA POÉTICA




Nada sido, nada sabido do não-ser às nonadas
Parece que esquecidas estão a intuição, percepção, inspiração,
Sem coração, sem alma, piratas do nada,
Perfeitamente vazio o presente de ideais, projectos,
Vazio de esperanças,
Demorou para sentir este instante-limite,
Agora as águas querem levar-me tão longe,
Onde nem sei estarei, o que pensarei acerca
À mercê dos côncavos orvalhos a imagem do sinistro,
Mistério da alma, os olhos veem com nitidez,
A língua nada diz, pronuncia de seus verbos e ventos,
Jogo os silêncios nos recantos em que a alma repousa
Tristezas e melancolias, escrevendo para não esquecer
As convicções são piores que as mentiras,
Se não dão chances à verdade tão altas e cintilantes
Quanto as estrelas à sombra das asas da esperança
Quem num átimo vem à tona sorridentes aos tolos,
E eu perscruto as ondas siderais e seus boreais profetizadores
Coloridos, enigmáticos,
Viajantes do tempo,
Anunciadores das palavras que pesam nas vias contraditórias
Do consenso às adversidades a serem conjugadas
Sistemática e qualitativamente quanto às medidas,
Pesos e valoridades nas contingências
Que rasgam a regência pátria do próprio "eu",
Inda subjugado ao passado testamentado e amarelecido,
Mas disposto à rendição e reedição no futuro
Pacificado e uniforme dos pensares,
Aquando se despreendem
Os aguilhoamentos cavernosos do medo.
Regências pátrias do eu eterizadas no imperfeito pretérito do subjuntivo, tempo desembocado no silêncio a ascender as chamas calientes da verdade no particípio do espírito, sagas originárias das intemperanças e inquietudes das marcas e passos nas orlas das coisas, quando o coração ouve todos os cânticos e lamentos evidenciados nas manchas a turvarem os olhos da desilução.
Recíprocas falácias de in-versos e re-versos
Grunhem de artifícios vazios incongruentes,
Formas inexpressíveis de uma existência voltada
À imensidão das incoerências, farsas, hipocrisias...
Admito silêncios de expressão e fala, solícito não, coragem de ficar na marola do vento, nas ondas do mar, sentindo a presença de outra existência, de outras utopias e liberdade...


#RIODEJANEIRO#, 11 DE FEVEREIRO DE 2019#

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