#EXPERIÊNCIA REAL# GRAÇA FONTIS: FOTO Manoel Ferreira Neto: PROSA
Desde
quarta-feira, 30 de janeiro, a polícia invadiu a Ilha de Itaoca a menos de
duzentos metros de minha residência. Chuvarada de balas. Ontem, 31 de janeiro,
houve trégua, o resultado foram três bandidos mortos.
Hoje, 01 de
fevereiro, pela manhã, houve momentos esparsos de tiros. Felizmente, há vários
lugares em minha residência onde estar sem correr riscos de bala perdida. Por
volta de onze e meia da manhã, fomos ao Shopping da Rodovia Para Niterói saldar
dívidas, fazer compras no supermercado, voltamos por volta das quatro horas da
tarde. Não havia polícia em nosso trajeto. Chegamos a casa, colocamos as
compras dentro de casa. Saí para comprar vinho, quando começou um tiroteio, a
polícia havia saído do esconderijo, a igreja, atirando. Putz... Estava no meio
da rua. Só me vi na margem, encolhido no muro, empurrando o portão da casa,
entrei, escondi-me atrás do portão num canto. Saiu um jovem de dentro da casa,
chamando para entrar, entrasse depressa. Tiros para todos os lados, não
chegariam balas perdidas lá. Houve uma trégua, o rapaz que me acolheu me chamou
para ir embora, não havia mais perigo. A polícia havia matado três bandidos, e
já haviam levado os corpos. E se não achasse o portão aberto? Em lugar algum em
que vivi, morei, São Paulo, Belo Horizonte, Juiz de Fora, Guarulhos,
Diamantina, São Roque, jamais passei um momento assim. Ali, numa situação
desta, nada importa senão a vida, o amor pela vida e com quem vive, a quem ama,
são os verdadeiros tesouros e são únicos.
Em nome da
Paz, em nome da Vida, por que não lutarmos em favor da Paz, da Solidariedade,
da Compaixão entre os homens, não levantarmos a nossa bandeira de Justiça, de
Leis reais quanto à criminalidade. Não é sair matando bandidos, policiais sendo
mortos a questão primordial, ela se chama o Cidadão, o Indivíduo, o Homem quem
está pagando por esta guerra sem fim, milhares de vidas inocentes ceifadas. O
que está faltando mesmo é o diálogo entre a Lei e a Violência, ouvir o que tem
a dizer ambas as partes sem portes de armas não é um caminho para um outro
destino da humanidade? Não falo em nome apenas de meu país, mas em nome da
humanidade, Violência gera violência - isto é mais velho que a cidade de Braga,
e até hoje não se aprendeu a dialogar.
Voltei para
casa em segurança, está tudo correndo bem. Estive a refletir, aqui está a
reflexão.
#RIODEJANEIRO#,
01 DE FEVEREIRO DE 2019#
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