PSICANÁLISE DO RELÓGIO E AMPULHETA# GRAÇA FONTIS: PINTURA Manoel Ferreira Neto: POEMA
Credes vós,
Não sabido
é-me
Se ímpia ou
voluptuosamente,
A partir do
instante
Em que se
quer provar valores
Tempo é de
ir-se embora,
Acredito,
porém,
Não se prova
valores,
Demonstra-se-lhes
no de-curso
Do tempo e
circunstâncias,
Ir-se embora
antes de patenteá-los
É sinal de
que não havia valores
A serem
de-monstrados.
O que mais
dizer,
Se nada
disse,
Digo nada,
Nada mais
direi,
Mas como
dizer senão
Ser quase
impossível versar o pensamento, as idéias,
Vers-ificar
as intenções,
Alguma coisa
como um impulso para o conhecimento,
Vers-ejar a
consciência,
Alguma
pequena peça independente de relojoaria que,
Quando dou
corda, trabalha bravamente,
Embora questionável
seja
Re-versar as
idéias, in-versar o pensamento,
Interessante
serem sendas de só curvas,
A troca de
dedos de prosa torna-se indescritível,
Pensamento
torna-se sentimento,
Vice-versa,
Os dedos de
prosa tornam-se reflexões,
Vis-à-vis,
Os
"causos", quando e se os houverem,
Tornam-se
projectos, utopias...
As glórias
da vida, encontro do amor, realização da esperança do outro que metamorfoseia
os sentimentos; o ser do tempo, primavera de lírios, esplende de miríades dos
desejos a a-nunciação do prazer de recitar versos da alma enamorada do sol.
Iluminadas as bordas do sonho perspectivas do pleno abrem os horizontes por
onde a água solitária movimenta as asas, itinerário do eterno.
Se ainda não
possais entender
- embora
acredito com-preender possais -
O que é isto
de dedos de prosa
Re-versados,
Fazei a
psicanálise do inferno
Para atingir
a metafísica do in-audito,
Compreendereis,
Sem
re-versar os dedos de prosa,
Sem
in-versar a prosa de dedos,
A poesia da
psicanálise do inferno
Não se revelará,
Sonhos e
esperanças são esvaecidos.
Por vezes,
no crepúsculo, con-templando o longínquo celeste, sou a quimera do absoluto
efêmero do verbo, perscrutando os vestígios do pretérito, e sinto nas prefundas
do indizível a a-nunciação do perfeito gerúndio das contingências das
querências das estrofes do belo. Sinto-me o prosador de versos da poesia, sou o
poeta dos parágrafos da prosa.
Palavras não
irão vos convencer, persuadir
A
entregar-vos aos dedos de prosa,
Muito menos
à prosa de dedos,
À
psicanálise do inferno,
A bem da
verdade, não tenho esta intenção,
Só vos
de-monstrar
Que me
submeti a esta psicanálise do inferno,
É nos dedos
de prosa que encontro o reduto da alma,
É na prosa
de dedos que substancio manque-d´êtres e volos,
Embora saber
haverá o tempo
Em que ao
reduto da alma será acrescentado
O espírito
deste reduto,
Haverei de
recorrer à poesia...
O efêmero se
torna eterno no instante da inspiração do sentimento de sentir a nonada da
travessia do tao-ser para as veredas do krishna, templo do ser-sol; o eterno se
torna efêmero no momento da iluminação trans-cendente de com-templar os ocasos
do crepúsculo sob a miríade das luzes que templ-oram o tabernáculo da
espiritualidade pouco a pouco, passo a passo a vida se evangeliza de semente em
semente, a oliveira diviniza o céu de nuvens cristalinas.
#RIODEJANEIRO#,
20 DE FEVEREIRO DE 2019#
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