ANA JÚLIA MACHADO ESCRITORA POETISA E CRÍTICA LITERÁRIA ANALISA E INTERPRETA O POEMA #DIALECTO ZAGAIO#
No texto do
escritor Manoel Ferreira Neto” Dialecto Zagaio”, tive e tenho dificuldade em
interpretar o texto. Parece-me uma crítica à escrita do hoje em detrimento da
de outrora. Diria que poderia verbalizar que fez-me recordar um pouco que
conheço de Carlos Drummond de Andrade - repudiou o preceito tão-somente
cronológico e eleger identificar certas particularidades, inquietações e
propensões em sua obra, dividindo-a em nove seções, que abrangem o sujeito, a
terra natal, a linhagem, os amigos, a política, a querença, a poesia, o lúdico
e a meditação sobre o ser, e que igualmente tinha muita ironia nos seus textos.
Que no fundo
é o que por outras palavras profere o escritor…o abandonar o tempo passado, mas
que não é possível, dado que para ter saberes é preciso recorrer ao passado,
para tentar conhecer a existência e que o nada é que nos faz caminhar e dar
asas à liberdade….
O nada tem
razão de ser, porque na vida NADA É POR ACASO…
Se os factos
fossem exemplares
Não
existiria ensinamento de existência
Não existiria
remorsos
E nem
invenções...
Se tudo
fosse irrepreensível
Garras não
se agregariam
E quimeras
não seriam enaltecidas.
Se tudo
fosse irrepreensível
Observares
não se perfaria
E sinais
passavam inobservados.
Se tudo
fosse irrepreensível
Os aljôfares
não permaneceriam
Os verbos
seriam exemplares.
Se tudo
fosse irrepreensível
Eu galgaria
no precipício
Sem temor do
fenecimento
Pois ansas
eu alcançaria...
Se tudo
fosse irrepreensível
Eu
transitaria o mar
Sem receio
de ser transportada pelas vagas
Sem medos de
me desperdiçar em suas funduras.
Se tudo
fosse irrepreensível
Sofrimentos
não permaneceriam
E o
tratamento não seria diligenciado...
Se tudo
fosse irrepreensível
Não
existiria a pesquisa pela mestria...
Nada é por
casualidade
Pois nem o
desígnio
É Exemplar.
Tão-somente
com conhecimento e sem descurar o passado é que podemos aperfeiçoar o ser……..
Colorir as coisas com novas pigmentações,
Perdurar
colorindo-as
O que
podemos fazer com a grandiosidade
de
pigmentações que os verbos anunciam,
os verbos proferem,
as
governações segredam,
Alvoroço
vividos, previstos,
compreendidos,
sucedem e
brotam
nos dédalos
da relação.
O coração
sem vínculo
algum,
Vagamente,
Entre de
todas as realidades,
absorver-se...
E assim,
fica tanto por saber e perceber….mas sabemos que tudo tem uma razão de ser….Até
o “nada”…o que nos faz com certeza indagar procurar as respostas….afinal o que
é o nada…? É não existir coisa alguma…um vazio…Mas o porquê de tal situação….?
Continuemos a indagar para que a vida não seja” nada.”
Ana Júlia
Machado
Efetivamente
se trata de crítica à escrita de hoje - o que aliás nem se pode dizer
"escrita", mas "garatuja", e o que intencionei foi escrever
a passagem do "Zagaio", a escrita de outrora, denominada e
conceituada pelos "garatujadores" de "erudita", à escrita
que deve ser a de hoje: reflexão e busca do que foi perdido da Literatura e
Poesia através dos tempos. Em tudo na vida necessita-se do passado, mas cumpre
encontrar estilo e linguagem para conservar o passado e criar outras luzes que
o edifique, enobreça e engrandeça, seja sempre raios de reflexão e busca do
Ser. E você, Aninha Júlia(Ana Júlia Machado) soube patentear isto com
perfeição, até citando Carlos Drummond de Andrade. A minha obra reunida não é
um "DIALECTO ZAGAIO"? Com efeito que sim.
Beijos
nossos, querida!
#DIALECTO
ZAGAIO#
GRAÇA
FONTIS: PINTURA
Manoel
Ferreira Neto: POEMA
Um apelo
levado
pela
memória...
Não
sou real.
As
antípodas da
moral
Tem
direito
à
EXISTÊNCIA!...
Abaixo o
passado!... Abaixo as linguagens e estilo do pretérito que intendem-se ser
sementes, o des-velar dos mistérios e enigmas do vir-a-ser... o des-enovelar
dos destinos e sinistras tragédias... o des-elencar de psicodelias e lácias
trevas de sons metalinguísticas. Hurray ao Nada, eidos do presente, senda e
vereda para o In-finito!... O que seriam das esperanças, sonhos, utopias, não
fosse o Nada? O efêmero são con-ting-ências, o Vazio são luzes da
trans-cend-ência, o Nada são penas e asas da Águia da Liberdade.
A superfície
da obra-prima
emula o
sentido,
o vivo,
mesmo que
ec-sistam o engenho e a arte
de encontro,
mesmo que
ec-sistam o dom e a inspiração
das utopias
e quimeras,
mesmo que
existam o talento e a agilidade
dos
projectos e interesses,
tese,
antítese, síntese,
longínquos
sítios da verdade
distantes
lugares do não-ser,
invisíveis
cantos da ipseidade,
cânticos da
facticidade,
boleros da
“falta do ser”,
balalaikas
dos "lapsos psíquicos",
lapsos
neurastênicos,
lapsos
esquizóides...
os pequenos
enigmas
são um
perigo
para as
felicidades alvissareiras.
Afigura-se-me
ser suficiente
a
afetividade.
Esplendendo-se
as palavras
Às metáforas
dos sentidos e sensações,
Das
con-tingências do não-ser,
Abrem-se de
verbos as regências do sensível
Escancaram-se
de linguagens de estilo
As dimensões
da falta e falha da criação,
À luz
fosforescente e diáfana
As
sin-estesias do poema ec-sistencial
Ser e
não-ser,
Liberdade...
Pintar as
coisas com novas cores,
Continuar
pintando-as
O que
podemos fazer com a imponência
de cores que
as palavras enunciam,
os verbos
pronunciam,
as regências
confidenciam,
De onde
pegar a solução mágica?
O que
podemos fazer com erupção
de sentidos
e gnoses
que a
pintura subjetivada
produz e
desagua na alma
Por onde
vislumbrá-la, deslumbrá-la
visionalizá-la?
Em que
dimensão íntima
Captar-lhe o
pulsar
Vulcânico?
Re-versar o
futuro às ad-versidades das coisas inéditas, para que ter de procurar a nobreza
ali onde ela
vive a vilania,
e minhas
ambições não encontrarem quaisquer
satisfações,
se eu quisesse re-prosar
num dialecto
zagaio? Será que as metafísicas voltarão ao momento em que as coisas longínquas
ergueram o olhar para mim e sentiram desprezo,
indiferença?
O ser-livre
Estar em
questão....
Produzindo
A floração e
a maturação
De todas as
idéias e volos
Sem permitir
o surgimento
Das ervas
daninhas da força
Do poder,
Do pesar e
da chateação.
Não aprecio
virtudes
cuja
essência
São a
própria negação,
Privação das
náuseas
Existenciais.
O encontro
das percepções
escapa a
qualquer fantasia,
A conquista
das intuições
Foge a
qualquer inspiração,
A realização
das intenções
Carecem do
conhecimento,
Emoção,
Sensação
Da verdade e
singularidade
Da liberdade
em questão
Da
consciência volando
As utopias
do Ser.
Virar o
presente às avessas, re-versas, in-versas, sentir-lhe nos re-cônditos da
inspiração,
mergulhar em
sua sensibilidade,
nele outras
categorias estão inscritas, outras palavras com sentidos inda mais profundos se
re-velam, in-ovam-se os conceitos, re-novam-se as definições, des-ovam-se as
exegeses do nada vazio de luzes e perspectivas; de letras apagadas e ciências
ocultas, que são os vernáculos do passado, viveram os séculos e milênios,
outros tempos, outro pincenez por onde ler a vida com mais trans-parência,
visão-[de]-mundo sob outras miríades de com-preensão.
Ser o viver
do
bem-estar,
da paz.
As
numinâncias do sol de ontem esvaeceram-se.
Os raios
que, ilusão de óptica, fizeram o asfalto
tremer,
apagaram-se.
Raios e
numinâncias de hoje são outros,
não há nem
similaridade mais.
Dever-me-ia
sentir angustiado,
mas a
angústia significa
ora uma
ideia destilada,
ora
desenvolvida...
que
melancólica faz-me esperar
a náusea, o
vômito das premissas e lógicas,
ora um
pensamento defasado,
ora para
além do abismo e das cavernas,
que seivado
de euforia e tesões da magia
enobrece os
devaneios do esplendor
das saudades
do eterno.
Emoções
vividas, pensadas,
entendidas,
acontecem e
fluem
nos
labirintos da interação.
O coração
sem vínculo
algum,
indistintamente,
através de
todas as coisas,
abstrai-se...
#RIODEJANEIRO#,
06 DE FEVEREIRO DE 2019#
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